•Stella.
Chegando na porta de casa durante a tarde, quase noite... eu abri lentamente mas logo Luna correu até mim e antes que eu pudesse dizer algo ela tampou meus olhos. Tentei perguntar o que estava acontecendo mas fui tomada pelo medo e deixei que Luna me guiasse. Eu ouvi uma porta se fechar, foi quando tirou as mãos de meus olhos.
Luna: Você não merece passar por isso de novo Estrelinha.- Pôs a mão na testa.- Onde esteve a tarde inteira?
Stella: Na árvore torta... lendo.
Luna: Ah... coisas estranhas aconteceram quando esteve fora. A Sunset está pior do que antes, ela e Lilith estão brigando feio na sala.
Stella: Não ouço nada.- Olhei em volta.- Mas... que lugar é esse?
Luna: Aqui é minha casa do lago. Você é a primeira a vir aqui, preciso do meu espaço também.
Stella: Todas nós precisamos.- Sorri e coloquei minha mão em seu ombro.
Luna: Me desculpe ter fechado seus olhos, não queria que visse Sunset do jeito que ela estava.
Stella: Ela está machucada?
Luna: Sim... mas por dentro.- Suspirou.- Lilith e Sunset têm muitas coisas que precisam dizer uma para outra.
Stella: Nós deviamos ajudar.- Foi ai que eu lembrei do livro.- Olha isso.- Abri na página em que mostra a Árvore da Vida.
Luna: Onde achou isso?!
Stella: Estava no criado mudo, a Sunset sempre deixa uns livros lá. Pensei que isso pudesse concertar tudo.
Luna: Bem...- Engoliu seco.- Estrelinha essa árvore não existe. É uma lenda antiga que as pessoas contavam para as crianças não chorarem quando perdessem os pais.- Falou rápido. E rindo como se não quisesse chorar e precisava se distrair.
Stella: Como sabe?
Luna: Stella.
Stella: É sério Luna, a gente precisa contar dessa árvore para Sunset e para a Lilith.
Luna: NÃO!- Gritou como desespero.
Stella: Luna você está bem?
Luna: Não podem saber disso, nunca... nunca mesmo Stella, se elas souberem. Isso destruirá a nossa família mais do que já está.- Pôs a mão em meu ombro.- Me prometa que nunca vai contar isso para elas.
Stella: Prometo.- Olhei para meus pés.- Preciso de um banho.
Luna: Ah, aqui só tem água gelada. Vem direto do lago.- Assenti com a cabeça e ela me mostrou o banheiro. Andei até lá com o livro em mãos.- Vai tomar banho com o livro?
Stella: Não.- Sorri tentando pensar em uma desculpa.- Eu gosto de ler antes de tomar banho.
Luna: Tudo bem então.- Deu ombros.- Eu vou arrumar umas coisas ali, e acender a lareira. Está com fome?
Stella: Não.
Novamente dando ombros, Luna se virou e foi para a sala de estar. Quando ouvi ela acender a lareira eu olhei para uma pequena janelinha que havia no banheiro. Se Luna não quer procurar a tal árvore e não quer que eu conte para as minhas irmãs... eu vou fazer isso sozinha, nem que custe tempo e que isso me desgaste. Eu quero minha família, eu quero o que eu tinha de volta. Estou cansada de me manter escondida quando eu saio, e ter medo de voltar para casa onde eu iria receber insultos, e além do mais ficaria trancada naquele quarto empoeirado.
Além que vou poder provar para as meninas que eu sou capaz de me proteger sozinha, e achar essa árvore que muitos anseiam e desejam encontrar. Eu quero mostrar que sou forte e auto suficiente.
Pulei a janela e sem querer escorreguei em algumas pedras próximas ao lago. Quase caí no lago, mas consegui, mesmo caindo sentada no chão, e aquilo doeu mas eu não fiz barulho para que Luna não visse que eu saí. Corri até onde sempre corro, a árvore torta. Mas eu não tinha como sair sem nada, sem comida e água, sem pelo menos uma faca. Eu realmente não quero que Luna se preocupe comigo, e sei que ela não irá cobtar para Lilith e Sunset que eu fui atrás da grande Árvore da Vida... bom pelo menos eu acho.
Negreira é ridiculamente intuitiva... eu à vi próxima a árvore torta, andando lentamente na noite, era possível ver apenas seus olhos amarelos em meio a escuridão. Eu abracei ela como se pedisse por socorro, eu nunca senti esse vazio grande, como se eu estivesse literalmente sozinha agora. Lilith e Sunset estavam brigando e minha única decisão foi abandona-las e mesmo que seja por pouco tempo... eu não me sinto confortável deixando-as assim. Claro que eu estava preocupada se eu conseguiria sobreviver sozinha. Já que passei o dia sem comer, e também meu corpo estava pedindo para deitar, apesar da mente ativa.Stella: Preciso da sua ajuda... me leva até em casa.
Montei em suas costas e, como vento, Negreira correu. Senti arrepios com o vento gelado em meu rosto, me deixando com um pouco de frio.
Está realmente gelado aqui fora, e eu precisava pensar em um jeito de entrar em casa sem que ninguém percebesse... o que é um pouco difícil já que Lilith é sensitiva e sabe exatamente o tipo de ser sobrenatural que entra na casa. Principalmente se formos eu e minhas irmãs... mas dessa vez eu confiava em mim, então, quando Negreira parou na porta da frente, olhei pela janela e vi a lareira acesa e Sunset sentada em frente de joelhos. Olhando mais ao fundo, vi Lilith guardando a louça, provavelmente do jantar.
Foi quando me lembrei de um quarto estranho que fica no corredor próximo da "mini" biblioteca da Lilith, eu fui proibida de entrar lá. Mas sei que tem uns doces que ela usa para meio que controlar a ansiedade... mas isso é raro. Então fui ao outro lado da casa, e vi a janela que não era possível ver onde dava por conta das cortinas vermelhas que às cobriam. Eu sabia que eu estava fazendo errado em pegar coisas que não eram minhas, mas mesmo assim, fitei uma pequena mochila encostada na parede onde estava o abajour, peguei-a e enchi com os doces e até me impressionei com frascos de água que tinham, todos aglomerados em um pequeno armário.
Já que eu estava em uma biblioteca, peguei três livros aleatórios, eu não tinha tempo a perder. Pulei da janela, e encontrei Negreira, deitada me olhando com um olhar sem preocupação ou pressa. O que era totalmente diferente de mim. Eu estava muito receosa de Luna já ter percebido meu sumiço e que as meninas lá dentro vissem que eu estava lá.Stella: Rápido Negreira!- Falei sussurrando.- Preciso que me leve em um lugar onde alguém conhece sobre lendas antigas... você conhece?
Ela olhou para mim acima de suas costas como quem dissesse: "folgada". Sorri. Minha mente estava realmente muito conturbada com pensamentos, mas meu corpo estava cada vez mais cansado, mesmo que eu queira ir embora, eu não estou pronta para tanta adrenalina. Durante anos da minha vida, eu sempre li livros sobre magia natural, magia antiga... mas nunca cheguei a praticar de verdade. Muito menos aprendi a usar uma arma como deve ser usada, acho que essas coisas são o verdadeiro motivo, pelo qual quero tanto trazer mamãe de volta, ela era tão poderosa, que eu me lembro exatamente como era sua expressão ao usar a varinha ou atirar com o arco e flecha.
Como eu havia comentado, meu corpo estava gritando para que eu dormisse.Stella: Não tem problema eu dormir um pouquinho no caminho não é..?- Falei bocejando.- Eu... acho que...
Depois daquelas últimas palavras, eu só sentia o balanço de Negreira correndo, mas eu não tinha mais controle das minhas falas e nem dos meus olhos que já estavam se fechando sozinhos.
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Stella
FantasySer um nada em meio a própria vida pode parecer estranho apesar de normal. Stella, uma garota de poucos anos, descobre em menos de um mês, que tudo pode se resumir em sombras e tristeza, rainhas más, estrelas, uma floresta escura e amigos de raças d...