Stella

Cap 16- E que haja fogo.

•Stella

Yan ficou aparentemente preocupado, mas eu não imagino que seja por conta do desaparecimento de Negreira, mas sim pelo o que essa tal Hina pode fazer. Isso me assustava também, mas não tanto quanto ele, ela deve ter feito algo muito ruim para ele, e como o caçador disse, ela já tirou muito sangue dele. Talvez quisesse dizer que ela já fez pior do que tentou fazer hoje. Supondo que ela me respeite... por que roubaria a Negreira de mim? Isso não faz o menor sentido, um animal meigo e cuidadoso feito ela não seria um bom alicerce em uma batalha, não contra mim, já que ela é minha melhor amiga.
Foi escurecendo conforme íamos avançando no caminho, inclusive ele e eu não dissemos uma só palavra, e isso me incomodou um tanto... eu odeio o silêncio, ele é como um peso invisível que se espalha conforme o tempo passa. Então eu quis sacrificar o vazio sonoro. Mas na tentativa, sem ao menos dizer uma palavra sequer, ele me interrompeu.

Yan: Nem pense em dizer nada, menos ainda em fazer perguntas.

Stella: Você é um ignorante...- Resmunguei.

Yan: Pirralha estamos no meio da noite dentro da floresta das Sombras. Então se puder, cala a boca e vamos continuar andando em silêncio.

Stella: O problema é que eu estou cansada de andar.- Revirei os olhos e nisso vi um vulto seguido de vários outros.- É... Yan...

Yan: Pega a Imperatriz e se protege, não vou ficar te protegendo o tempo todo.

Estava escuro mas eram visíveis aqueles monstros, eu não imaginei que seriam tantos. E pelo o que eu entendi até agora, não eram apenas os das Sombras, os da Tristeza também estavam lá. E isso me assombrou um pouco, fiquei um tanto quanto travada, mas tomei minha espada em mãos e não tive medo em perfurar alguns, que se transformaram em pó. Yan fez o mesmo usando o arco e flecha, algumas vezes alternando para a espada.
Yan estava sedento, como se não fizesse isso a anos, e isso foi extremamente assustador e impressionante ao mesmo tempo. Será que ele queria fazer isso ou fazia apenas para me proteger? Já que, ao meu ver, ele não morria.
Depois de ferver meu sangue matando alguns dos seres, eu me senti até um pouco mau em fazer isso. Mas algo ainda me impressionou; Um dos seres da Tristeza, me olhou dentro dos olhos e tomou aquela mesma forma, daquela mesma mulher, e ao invés de me atacar, pôs-se a chorar. Os olhos vermelhos dela estavam com lágrimas que desfaziam o seu rímel preto. Escorrendo por seu rosto e me fazendo sentir algo estranho, aquele aperto no peito novamente.
Suspirei de alívio ao ver ela sumindo entre as árvores grandes da floresta densa e escura. Enfim a calmaria voltou. Mas eles continuaram a nos seguir, e isso realmente foi repetitivo até chegarmos na casa pequena e de madeira de Fire.
Meu coração saltou, eu estava um tantinho ansiosa, se ela me dissesse o que eu quero ouvir, seria realmente bom. E quando ameacei bater na porta, Yan segurou minha mão e ele mesmo bateu, sinto cada vez mais que ele quer muito ter controle sob mim, e isso me incomoda um pouco. Um pouco? Quem eu quero enganar? Isso me enche de uma forma imensa, de um jeito que nada consegue me irritar, talvez seja a hora de eu dizer isso a ele, mas eu não quero que isso interrompa o que eu tenho a dizer para Fire.
Mais uma vez, Yan iria bater na porta, mas ela abriu nesse exato momento e nos puxou para dentro. Trancando a porta atrás dela e fechando as cortinas, tecidas em um tom de bege que combinavam com o carpete de sua sala. Parecendo que queria se esconder de algo.

Fire: Como chegaram até aqui nesse horário?- Sussurrou.

Yan: Relaxa "princesa", o perigo foi reduzido para a metade.- Fez aspas com os dedos.- Estamos com a Stella lembra?

Fire: Cala a boca Yan a única princesa aqui é você.- Quando o caçador ameaçou falar mais alguma coisa eu interrompi.

Stella: Fire, eu vim porque preciso da sua ajuda, com aquele seu dom de ver as coisas.