Capítulo III - Emprego

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Jeon Jungkook

Os raios de sol e a brisa fria que percorria aquele pequeno quarto bagunçado me acordaram de maneira brusca. Levantei-me e fui diretamente para o banheiro. Como o meu rosto estava acabado! As olheiras fundas e roxas instaladas em meus olhos, meu cabelo completamente bagunçado e uma dor de cabeça acompanhada de lábios descoloridos me deixavam com ar doente. Entrei debaixo do chuveiro, tomando uma demorada ducha quente, na esperança de melhorar meu semblante, o que não adiantou muito. Então apenas sequei um pouco meu cabelo, deixando minha franja molhada caída sobre meus olhos, meu cabelo estava grande, mas eu não me importava. Vesti uma roupa qualquer e desci as escadas indo para a sala onde Hoseok se encontrava, jogado no sofá.

Jung Hoseok é o filho da minha tia, vulgo meu primo. Ele é um ano e seis meses mais velho que eu, mas nem sempre me obriga a chama-lo de hyung, só quando está na frente dos outros. Por ele ser de Seul e eu de Busan, não tivemos muito contato em nossa infância, mas duas ou três vezes ao ano minha tia nos visitava e o levava junto, e era ótimo quando juntávamos eu, ele e o Tae para brincarmos no parquinho próximo a minha casa. Bem, esses momentos não voltarão mais.

— Bom dia primo. — Disse ele ao me ver, se ajeitando no sofá e me dando espaço para sentar ao seu lado.

— Bom dia. — Sorrio amarelo e sento.

— A mãe já foi para o trabalho, mas ela saiu atrasada e não deixou nada pronto para o almoço, o que vamos fazer? — Falou manhoso puxando a manga de minha camisa.

— A gente pode comprar lámen na lojinha de conveniência aqui perto.

— Mas eu estou com preguiça. — Disse bufando e contorcendo-se no sofá, me fazendo rir leve.

— Okay... Eu compro, apenas me dê o dinheiro. — Respondi revirando os olhos.

— Ae! Obrigado oppa. — Disse forçando uma voz feminina.

— Aish, não me chame de oppa. — Exclamei com cara brava, e o mesmo riu, tirando de sua carteira o dinheiro e me entregando.

Fui caminhando a passos lentos, observando os detalhes insignificantes daquela rua, nem sei se posso dizer que isso é uma qualidade minha ou um defeito. Existem inúmeras coisas para atrair a atenção de uma pessoa normal, mas eu sempre me atraí pelas coisas que ninguém repara. A pedra azulada ao lado da árvore de flores rosas, os detalhes das caixas de correio, a cor dos sapatos das pessoas que passavam por mim, as marcas de pneu na rua... E outras coisas que tiravam minha atenção de todo resto a minha volta, fazendo com que o tempo passasse mais rápido, e quando eu dava conta, já estava na lojinha.

— Bom dia. — Cumprimento a senhora mais velha, dona e caixa do lugar ao adentrar o mesmo, indo em direção a comida que desejava. Após escolher, volto para o caixa.

— Quantos anos tem rapaz? — Falou a ajumma enquanto contava as moedas que eu havia lhe dado para pagar o que estava levando.

— Tenho 18, senhora. — Respondo.

— Você trabalha?

— Ainda não senhora, mas pretendo encontrar um emprego de meio expediente logo.

— Que maravilha. — Disse a mesma, rindo largo e batendo palminhas que não emitiam som algum. — Estou à procura de alguém para ajudar com a loja, já não tenho saúde para passar tanto tempo atrás de um balcão, estaria interessado?

Já faziam duas semanas que eu estava em Seul, voltaria a estudar em dois dias, mas eu queria ter um dinheiro, e não queria preocupar minha tia com isso, então eu queria um trabalho de meio expediente. Essa vaga não poderia vir em melhor hora.

Peculiares | JiKookOnde histórias criam vida. Descubra agora