Song Yu-Jeong
Foleando um dos meus novos livros sobre a dinastia Joseon, eu esperava pela chegada do meu trem para Busan enquanto tomava um bom café gelado. Por mais que a leitura me entretece, de certa maneira, Jimin continuava a passar em meus pensamentos e aquilo me deixava assustada. Receava não o encontrar em casa quando voltasse de Busan. Jimin me esconde muito sobre seu passado, o que me deixa mais insegura. Como eu poderia descobrir sobre a vida daquele garoto de cabelo vermelho? Como...
Chegara meu trem, peguei minha mala e bolsa e entrei no mesmo. Demoraria algumas horas para chegar ao meu destino, o que seria ótimo para continuar minha leitura. As dinastias sempre me cativaram e chamam muito minha atenção. É um dos meus temas de leitura preferidos.
Cheguei em Busan na parte da tarde e um motorista me esperava na estação para me levar até o hotel que eu ficaria enquanto trabalhasse voluntariamente ali. Não sabia muito sobre o local, mas sabia que era um manicômio.
...
— Como funciona o hospital? — Perguntei para o diretor do mesmo, seu nome: Lee Han Gook.
— Yujeong-shi. Nós dividimos os nossos pacientes em três áreas: Normal, Média e Máxima. Os pacientes da primeira área são aqueles que, por mais que sejam doentes, não tem surtos ou ataques, seus quartos são no térreo e primeiro andar e eles são os que mais frequentam o jardim e andam pelos corredores. Os pacientes da segunda área não são perigosos, mas por terem alguns surtos, eles têm os devidos dias para visitar o Jardim, que são as sextas e sábados, mas sempre tomamos cuidado para que sejam sempre supervisionados quando estão fora de seus quartos. Eles ficam no terceiro andar.
— E quanto à terceira área?
— A terceira área é restrita e somente os médicos com mais experiencia tem acesso. Nessa área estão os doentes com ataques e surtos recorrentes, além de serem perigosos. Muitos enfermeiros já foram atacados enquanto cuidavam dos pacientes. O último ataque aconteceu há dois meses atrás. Um dos loucos atacou uma de nossas médicas e a empurrou contra a quina de um móvel, fazendo com que a enfermeira tivesse um corte em sua cabeça. Ele conseguiu fugir e a médica foi afastada para tratamento.
— Mas esse paciente foi resgatado?
— Não, e fico muito grato que ele tenha sumido do meu Hospital, com certeza deve ter morrido lá fora.
Era impressionante como ele falava aquilo sem apresentar um pingo de pena em sua voz. Pessoas que trabalham nessa área realmente são tão frias como gelo.
Meu trabalho era acompanhar alguns dos pacientes e fazer sessões com os mesmos. Fiquei com cinco pacientes da ala normal e dois da ala média.
...
Os dias foram cansativos, mas não demorou muito para que eles passassem. Quando me dei conta, era sexta-feira, meu último dia naquele hospital. Por mais que eu tenha ficado pouco tempo, me apeguei aos meus pacientes. Sentia minha alma triste por ouvir as histórias sofridas daquelas pessoas, que nunca fizeram mal a alguém, mas por terem algum distúrbio, são jogadas como algo inutilizável ali dentro.
Era noite quando fui entregar as fichas dos meus pacientes ao diretor do local.
— Diretor Lee? — Falei batendo em sua porta e abrindo a mesma lentamente.
— Entre Dra. Yujeong. — Respondeu ele, então entrei e coloquei minhas fichas em sua mesa.
— Aqui estão as fichas dos meus pacientes.
— Oh, por favor as coloque na primeira gaveta daquele móvel. — Ele me apontou o móvel grande de ferro no canto de sua sala, para onde fui de imediato, organizando minhas fichas na gaveta que o mesmo dissera. — É uma pena ter que dizer adeus para você doutora, a senhora trabalhou muito bem conosco.
— É bom saber isso senhor. — Ao fechar a gaveta, percebi que em cima daquele móvel, havia algumas fichas. — Senhor, que fichas são essas?
— Oh, são fichas cujas quais tenho que jogar fora. Alguns pacientes transferidos e outros que morreram.
Peguei as mesmas e as verifiquei, haviam no total 10 fichas com dez nomes diferentes.
— Jin Eun Ga. — Falei o nome de uma das fichas em voz alta.
— Transferida há algumas semanas, sua família mudou de cidade então tiveram que leva-la para um hospital na cidade para onde iriam.
— Ye Jun Ahn.
— Morreu há duas semanas, ela era da área máxima, tinha muitos surtos. No seu último surto, ela esperou estar sozinha em seu quarto durante a madrugada e bateu sua cabeça repetidas vezes contra a parede e após cair, continuou batendo sua cabeça no chão. Teve um traumatismo.
Me arrepiei por completo e me calei, não falando mais os nomes dos pacientes em voz alta, que outra atrocidade eu poderia ouvir. Continuei passando as pastas em silencio: Ya Uhn Sook, Min Nam Lee, Park So Rin...
— Park Jimin? — Me enchi de pânico e todo meu corpo gelou, meus olhos arregalados e minha garganta pareceu fechar. O médico se levantou num movimento brusco e veio até mim, pegando a ficha.
— Park Jimin? Pensei que tinha me livrado da ficha desse doente no mês passado, uma das enfermeiras deve ter se confundido e colocado a ficha de volta nas gavetas.
— Diretor, quem foi esse Park Jimin?
— Park Jimin foi o rapaz que quase matou a sua médica. Lembra do rapaz que atacou e empurrou uma das médicas contra um objeto, fazendo com que a mesma tivesse um corte em sua cabeça? Então, foi ele. Sua médica alegou que ele tentou estuprá-la naquela noite, e com raiva por não ter conseguido, cometeu tal ato e depois fugiu. Esse maníaco me fez perder uma das melhores médicas do hospital, espero que ele esteja morto ou sofrendo como condenado. Darei fim a essa ficha agora mesmo.
— Não precisa Senhor, eu posso me livrar delas antes de ir embora.
— Obrigado Dra. Yujeong. — Ele me deu a ficha de Jimin e eu a juntei nas outras, antes de sair, ouvi ele chamar-me uma última vez. — Dra., foi um prazer trabalhar com a senhora.
— Igualmente, diretor.
...
Lá estava eu no trem voltando para casa, certamente chegaria em Seul a noite. Verifiquei minha bolsa atrás do meu livro. Ali estava a ficha de Park Jimin. Não sei o que farei.
Ao chegar em casa, percebi que ele não estava e por um minuto achei que o mesmo teria fugido. Preparei uma xicara de chá e sentei-me no meu sofá, apenas com a luz do abajur ligada. Ao ouvir a porta abrir, desliguei o abajur e permaneci quieta.
— Song-na, você me assustou. — Disse Jimin quando ligou a luz da sala.
— Jimin, precisamos conversar.
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Peculiares | JiKook
FanficComo um livro escondido e empoeirado na última prateleira de uma estante, assim é a história aqui contada. Uma lenda, que a séculos esquecida retorna, dessa vez, trazendo consigo, dois protagonistas. Jeon Jungkook, um garoto tímido e de poucos amigo...