Capítulo XXVIII - Presente de Natal

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Levanto-me da cama e vou até o guarda-roupa, procurando roupas quentes, a noite estava congelante até mesmo em meu quarto com aquecedor, imagina do lado de fora da casa. Estranhei o fato de Jimin querer sair àquela hora da noite, eram quase 23:40.

Após nos agasalharmos por completo, me assegurei de não fazer muito barulho ao descer as escadas e ao abrir a porta da casa, saindo e trancando a mesma por fora com a minha chave.

Por mais que ele tivesse convidado, Jimin estava calado, olhava para o chão e chutava algumas pedrinhas.

— Por que saímos agora? — Disse eu, quebrando o silencio.

— Vamos até o parque um pouco, não estava conseguindo dormir. — Respondeu ele, curto e grosso. Me calei e continuei o caminho em silencio.

O parque era perto de casa, então não demorou para que chegássemos ao mesmo. Como era de se esperar, o lugar estava totalmente deserto. Jimin e eu éramos os únicos ali. Não me incomodava em estar sozinho com ele, amava a sua companhia, mas o frio a hora e o mistério no ar estavam me deixando ansioso.

Caminhamos ao redor do parque até que Park Jimin sentou-se em um dos bancos, então apenas me sentei ao seu lado. Ele continuava quieto, então aproveitei para observar a paisagem do local. Ou melhor, nas coisas mais inúteis que ali estavam, como as diferentes marcas de sapato na areia.

Minha concentração foi quebrada quando ouvi um fungado. Olhei assustado para os lados, pensando que havia mais alguém ali além de mim e Jimin, mas para minha surpresa, vi lágrimas grossas caírem dos olhos de Jimin, que olhava para o longe e fungava profundamente.

— Jimin... O que houve? — Perguntei, voltando minha atenção para ele.

— Jeon Jungkook... Em toda a minha vida eu nunca tive uma noite tão maravilhosa quanto esta. Nunca me sentei em roda e conversei sobre minha vida com meus parentes mais velhos, nunca tive o prazer de encontrar um presente com meu nome embaixo de uma árvore de natal, nunca pude sentar-me numa mesa com pessoas que eu realmente gostasse e ter uma ceia feliz... — Ele não parava de soluçar enquanto desabafava, aquilo estava partindo meu coração.

— Ah, Jimin...

— Estou sendo sincero quando falo que você é a pessoa mais especial que eu já tive em minha vida. Você é como um anjo para mim Jungkook. E é por isso que eu te chamei para vir até aqui comigo.

— Por que? — Perguntei, sentindo meu coração acelerar.

— Espere um pouco. — Ele disse, olhando para cima.

Meu corpo passou a tremer e minhas mãos ficaram mais geladas do que já estava devido ao frio daquela noite. Eu olhava para o céu, esperando que algo acontecesse, não sabia o que esperar, mas só queria que ele fizesse o que queria fazer o mais rápido possível, pois eu já não podia esperar mais.

— Jeon Jungkook. — Disse ele, levantando do banco e se pondo defronte a mim. — Feliz natal.

Jimin sorriu e me mostrou seu relógio, que marcava 00:00 horas, era oficialmente dia 25 de dezembro. Ele tirou um pequeno pacote do bolso do seu casaco e o entregou em minhas mãos. Abri a pequena caixinha cuidadosamente e dentro da mesma havia uma pulseira preta com um pequeno pingente: uma asa.

— Park Jimin, o que é isso? — Perguntei assustado, sentindo meus olhos marejarem.

— Como eu falei, você é como um anjo para mim, então tenho o prazer de te dar o que todo anjo tem: asas. — Explicou ele limpando as lágrimas que ressecara em seu rosto.

— Jimin, eu nem sei o que dizer... — Falei, sentindo as lágrimas rolarem em meu rosto. — É tão perfeito.

— E isso não é tudo.

Quando falou isso, ele enfiou a mão novamente em seu bolso, dessa vez, tirando um anel prata, com o mesmo pingente que havia em minha pulseira.

— Eu comprei este anel para mim. Enquanto nós usarmos eles, estaremos interligados. — Disse ele, seu sorriso não podia ser mais lindo.

Pulei em seus braços, o abraçando fortemente e deixando que as lágrimas acumuladas em meus olhos escorressem de vez. Passamos um tempo naquela posição, sem dizer uma só palavra, apenas permanecemos parados.

Tirei meu rosto do pescoço de Jimin e olhei para o céu, e para minha surpresa, pude ver pequenos flocos de neve começarem a cair.

— Jimin, olhe... — Falei, me desfazendo de nosso abraço e olhando para o alto, assim ele o fez também.

— Sinto que alguém lá em cima aprova a nossa amizade. — Disse Jimin sorrindo, então voltou seus olhos para mim.

Naquele momento, tudo ao nosso redor pareceu parar, tudo que eu podia perceber era a luz da lua banhando a linda face daquele garoto vermelho defronte a mim. Seus olhos brilhando e os pequenos flocos de neve se acumularem em seu cabelo.

Jimin se aproximou de mim e então passou suas mãos pela minha cintura me puxando mais para si, onde ficamos de rostos colados. Nossa respiração quente e ofegante quebrava todo o clima congelante dali. Eu sentia minha alma incendiar-se dentro de mim, tanto que não sentia mais frio.

— Jeon Jungkook.... Você é o meu anjo. — Foi a última coisa que Jimin disse, antes de que nossos lábios selassem.

Fechei meus olhos e deixei que sua língua invadisse minha boca. Eu já não sentia minha alma queimar, agora meu corpo parecia estar em chamas, assim como o de Jimin. Era como se nós iluminássemos aquela madrugada escura.

Depois de tanto tempo negando os meus sentimentos por esse garoto de cabelo vermelho, em respeito as minhas memórias, o beijo de Jimin explodiu o baú onde eu havia trancafiado esse sentimento tão lindo: o amor. Sim, eu estou apaixonado por Park Jimin, e isso nunca foi tão claro.

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Acho que todos que leram a história cuja qual conto desde o início, deve saber que eu amo lendas e profecias antigas. E há uma que diz que um casal é abençoado quando dá o seu primeiro beijo em uma noite especial. Park Jimin e Jeon Jungkook deram seu beijo em um dia de lua cheia, no dia de natal e no primeiro dia de neve em sua cidade. Essa noite não poderia ser mais especial.

Mas sinto informa-lhes, nem todas as lendas são verdadeiras.

Peculiares | JiKookOnde histórias criam vida. Descubra agora