Capítulo XI - Decida-se

318 60 0
                                    

Park Jimin

Era noite quando resolvi voltar para a casa da Sra. Song. Ela não estava em casa, provavelmente estava em seu trabalho. Reparei em um bilhete branco na bancada de sua cozinha, que estava intitulada para mim. Abri a mesma.

"Park Jimin. Se estiver lendo essa carta quero que saiba que estou muito feliz que tenha voltado. Fique à vontade para comer o que quiser, tem comida pronta dentro do forno e também tem ingredientes nos armários, se quiser fazer algo para você. Voltarei por volta de meia noite, peço para que me espere, quero conversar com você. Isso é tudo, até breve."

Eu não confio em um humano há tanto tempo que nem sei mais diferenciar o que é gentileza e o que é interesse. Tenho medo de confiar nela e acontecer o mesmo que aconteceu em meu passado. Meu maior medo não são os mortos, nem as visões que tenho deles, tenho medo dos vivos e do que podem fazer comigo novamente.

...

Estava sentado no sofá quando ouvi a porta abrir e vi a Sra. Song entrar em casa.

— Oh... Jimin! — Ela fala e abre um enorme sorriso.

— Sra. Song. — Falo baixo, curvando-me.

— Não sabe o quanto estou feliz em vê-lo aqui. Comeu algo?

— Sim... Pediu para que a esperasse pois queria conversar, o que quer conversar?

— Bem... — Ela deixa sua bolsa num móvel ali e senta-se na poltrona próxima a mim. — Não sei nada sobre você além de seu nome, queria lhe conhecer um pouco mais.

— O... O que quer saber? — Olho estranho. Meu passado para mim é como um móvel velho que você joga no porão. Meu passado é algo que eu luto para esquecer, e não algo que eu queira compartilhar.

— Apenas me diga mais sobre você. Quem é você? Qual sua idade? De onde vem? Você tem família... — Levanto-me assustado e ela levanta também.

— Por que quer saber de meu passado? O que tem com isso? Por que se importa? — Falo alterado, tentando me afastar.

— Park Jimin, não quero que ache que estou me metendo em sua vida, por favor sente-se. — Seu tom de voz faz com que eu me acalme, então me sento novamente.

— Sra. Song... Eu não tenho nada para falar sobre mim, pelo menos nada bom. — Digo num desabafo, suspirando ao expelir as palavras.

— Fique tranquilo, eu farei primeiro, se isso lhe deixar mais confortável. Meu nome é Song Yu-Jeong, eu tenho 35 anos e nasci em Yongin. Sou de origem pobre, mas meus pais sempre fizeram de tudo para pagar o melhor estudo para mim. Com 20 anos eu ingressei na faculdade de Psicologia. Após me formar, com 26 anos, me mudei para Seul e ingressei numa faculdade de medicina. Atualmente trabalho como Médica e Psicóloga do Hospital Sun Medical Center, faço plantão as noites 3 vezes por semana e pelas manhãs 4 vezes na semana. Bem, essa sou eu Park Jimin, e se percebeu, sou psicóloga, então não se sinta constrangido em contar o que sente para mim, eu quero lhe ajudar.

— Sra. Song... Eu não me sinto confortável para falar sobre mim. Desculpe. — Digo a mesma que suspira.

— Tudo bem... Já está tarde, vá para o seu quarto e durma, amanhã no falamos. — Ela diz, levantando-se da poltrona e indo a passos lentos para o seu quarto.

Me dirijo até o quarto e fecho a porta. Visto um pijama que ela havia me dado e me deito na cama, cobrindo-me completamente devido ao frio. Eis o momento em que aquele garoto vem à minha mente, Jeon Jungkook. Um garoto simples, humilde e que se importa com os outros. Como seria bom ter uma chance de conhecê-lo melhor.

...

Acordo com o cheiro bom da comida da Sra. Song e me levanto da cama, vestindo minha roupa.

— Dormiu bem, Jimin? — Pergunta ela ao ouvir-me bater à porta do quarto.

— Sim, Sra. Song. — Respondo.

— Então. — Ela desgruda do fogão e apoia suas mãos na mesa. — Você vai realmente embora?

— Sim...

— Park Jimin, não vou contestar você se realmente quiser voltar para a vida que estava tendo antes de vir para minha casa. Sei que não conheço você e não sei nada sobre seu passado, mas sei que vive sozinho e que não tem casa para morar. Eu não sei onde estão os seus pais nem sei o porquê de você ser tão sozinho e ter tanto medo de falar do seu passado ou de se relacionar com alguém.

— Sra. Song...

— Eu não sei nada sobre você, e eu não me importo em não saber, mas eu não quero ter que lhe ver na situação em que você se encontrava há duas noites. Por favor, fique. — Sua voz passa a tremer.

— Não entendo, por que se importa tanto comigo?

— Não sei explicar o porquê, só sei que algo me diz que eu devo lhe ajudar e eu quero lhe ajudar, mas não poderei fazer nada se você negar a minha ajuda. Por tanto, Park Jimin, decida o que quer, e eu acatarei a sua decisão. Você aceita minha ajuda ou quer que eu desista e lhe deixe em paz?

Peculiares | JiKookOnde histórias criam vida. Descubra agora