Capítulo XLI - Busca pela vida

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Jeon Jungkook

— Mas você não pode sair, querido. — Insistiu tia Jung.

— Eu não posso deixar o Jimin morrer... — Falei afobado, enquanto arrancava as dezenas de fios ligados ao meu corpo.

— Querido, me explique o que está acontecendo.

— Tia Jung eu amo o Jimin. — Ela me encarou, em choque. — Depois que o Taehyung morreu, eu pensei que nunca mais amaria uma pessoa na vida, mas então o Jimin surgiu na loja de conveniência, com seu casaco escuro e com o capuz, seu cabelo avermelhado e expressão amedrontada. Eu sabia que aquele garoto era especial e eu queria encontra-lo novamente, só que eu não sabia o porquê daquilo. Hoje eu sei, eu me apaixonei por Park Jimin assim que eu o vi. E eu sinto que ele precisa de mim nesse momento, e eu não jamais vou me perdoar se algo acontecer a ele.

Tia Jung ainda me olhava assustada, tentando absorver aquela confissão que eu acabara de contar. Ela olhou para os lados, desnorteada e então foi até a pequena cômoda naquele quarto, tirando da mesma uma camisa branca, uma calça escura e um sapato amarronzado.

— Desde que você entrou em coma, eu trago um novo par de roupas para você a cada três dias. Na esperança de que você acordasse para vesti-los, então tome elas. — Ela estendeu-me as mãos, de onde peguei as roupas e passei a vestir-me. — Espero que você encontre o Jimin, seja lá onde ele estiver e que ele esteja bem.

— Obrigado, tia Jung. — Sorri para ela, que retribuiu. — Tenho que ir agora.

Passei por ela rapidamente, mas fui interrompido por sua mão gelada, segurando meu pulso.

— Para onde vai? Os médicos jamais deixariam você sair daqui, nenhum deles sabe que você acordou, mas se souberem não deixarão você ir embora sem ao menos um checape. Saia pela janela, estamos no térreo.

— Está bem.

Fui até a janela e forcei a mesma, que logo abriu, trazendo a chuva e a ventania para dentro do quarto. Pulei a mesma e comecei a correr sem parar. Os pingos grossos da água logo me encharcaram e os trovões e relâmpagos me deixavam um tanto desnorteado.

Depois de algum tempo correndo, tropecei em algo e fui ao chão. Olhava para os lados, tentando recuperar o fôlego o mais rápido que eu pudesse. Não sabia como, mas sabia que eu tinha que encontrar Jimin o quanto antes.

— Por favor, me diga onde ele está! — Gritei olhando para os céus, na esperança de que alguém, de algum modo, me desse um sinal.

Fechei os olhos por um instante, me concentrando em meus pensamentos, fazendo com que tudo ao meu redor perdesse a relevância. Os estrondos de trovões sessaram, o som da chuva ao tocar o solo também e eu já não sentia os pingos molharem meu corpo. Foi então que um forte relâmpago iluminou todo o céu, abrindo meus olhos.

— Minha casa! — Levantei-me rapidamente e voltei a correr, agora, com um lugar certo para ir.

Poucos minutos depois, cheguei em casa e entrei correndo, fechei a porta e tudo se tornou preto.

— Jimin! — Gritei da sala, na esperança de obter uma resposta.

O silencio instaurou-se novamente.

— Jimin! — Gritei mais alto, sem resultado.

Subi as escadas lentamente, para não escorregar, devido a estar completamente encharcado pela chuva. Então entrei em meu quarto. Acendi a luz do mesmo e percebi uma folha dobrada em cima de minha cama. A peguei rapidamente e abri. Era a letra de Jimin.

"Para Lee Jung Min e Jung Hoseok

Se você estiver lendo esta carta, já é tarde demais para mim. Mas antes de dar o adeus permanente, gostaria de contar-lhes tudo sobre mim. Literalmente tudo.

Eu fui criado por meu pai e minha mãe, que embora não tivessem um casamento perfeito, sempre fizeram o possível para me fazer sentir amado por ambos. Eu era uma criança solitária, sem muitos amigos, mas eu era feliz. Contudo, fui diagnosticado como louco aos meus 8 anos, e meus pais, achando que seria o melhor para mim, me colocaram em um Hospital Psiquiátrico, onde cuidariam de mim para que eu voltasse a ser "são". O lugar não era muito bonito, mas os médicos que lá trabalhavam eram muito atenciosos. Até que algum tempo depois, uma grande reforma no hospital resultou na troca de vários médicos no local. O médico que cuidava de mim foi um dos demitidos e uma médica assumiu seu lugar, seu nome era Seon Min Ah. Ela parecia ser uma boa pessoa no início, mas chegou o dia em que a mesma deu-me um remédio a mais, aplicado na veia. Minha visão tornou-se turva e meus membros ficaram dormentes, eu não conseguia me mover. Olhei para aquela mulher, que fechou a pequena cortina na porta e então passou a despir-se. Já nua, ele veio até mim e sussurrou em meu ouvido: 'Seja um bom menino, Park Jimin.' Fui estuprado todos os dias desde então, até que não aguentei mais e consegui fugir daquele lugar terrível. Vim parar em Seul, foi então que encontrei a minha salvação, a pessoa que me apresentou algo diferente de chantagem, ódio e discriminação. Essa pessoa me mostrou o amor. Essa pessoa foi Jeon Jungkook. Jungkook foi o grande amor da minha vida, e mesmo assim não pude proteger ele, não pude fazer com que ele não se machucasse por minha causa. Todos serão mais felizes sem mim. Então agora eu me despeço, e se por algum acaso, Jungkook estiver lendo essa carta, saiba que você foi o meu primeiro amor e será para sempre o único.

Adeus."

A carta caiu de minhas mãos e ouvi um barulho vir do banheiro, fui até o mesmo rapidamente e então me deparei com aquela cena. As lágrimas rolaram em meus olhos e minhas pernas tornaram-se fracas, fazendo com que eu caísse de joelhos na poça d'água ali no chão. Busquei pelo corpo de Jimin, submerso naquela banheira. Retirei-o de lá.

Sua pele estava mais branca que o normal, gelada e um tanto enrugada. Ele não respirava e não sentia seu coração bater.

— Jimin... Jiminnie... Não faz isso comigo por favor... Eu voltei para você, você devia estar me esperando vivo e com seu lindo sorriso estampado no rosto... Sorria para mim Jiminnie... Abra seus olhos e sorria para mim... Eu te amo.

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Se você um dia perguntar para um grupo de pessoas qual seria a magia mais poderosa do mundo, até mesmo alguns incrédulos teriam uma resposta. O amor. O amor é o sentimento mais forte e poderoso que existe entre os humanos até então, e dizem que quando esse sentimento é recíproco, ele pode superar qualquer barreira.

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Abracei o corpo de Jimin com toda minha força e fechei meus olhos. Quando abri os mesmos novamente, encontrei-me na sala branca. A ajumma estava sentada em sua cadeira enquanto tricotava algo.

— Jeon Jungkook... — Disse ela, sorridente.

Peculiares | JiKookOnde histórias criam vida. Descubra agora