Capítulo XXVI - Vergonha

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Estava limpando o balcão enquanto olhava para o lado de fora da loja. O tempo estava tão frio, mas a neve ainda não caíra, o que me deixava muito nervoso para que isso acontecesse o mais rápido possível. A ajumma estava na parte dos fundos da loja, avaliando o estoque que chegara mais cedo.

Abaixo para limpar a parte de baixo do balcão e me assusto com alguém batendo na parte de cima, me levanto rápido e minha cabeça vai de encontro com a quina da superfície dura.

— Ai meu Deus, você está bem Jungkook? — Ouço uma voz familiar, lá estava Jimin me olhando assustado.

— Como você entrou? Nem ouvi o sino da loja tocar... Você quase me mata de susto! — Falei enquanto alisava minha cabeça.

— Eu tive a intenção de te assustar, mas não queria te machucar. Você me perdoa? — Ele falou com uma carinha triste.

— Aish! Limpe as prateleiras que eu lhe perdoo.

— Aproveitador. — Jimin pegou o pano úmido ali e foi limpar as prateleiras, ri de sua cara chateada.

Nem bravo ele conseguia deixar de ser fofo.

Hoseok chegou um pouco atrasado, a ajumma já fechava a loja quando o carro estacionou ali na frente.

— Muito bem querido, tenha um ótimo fim de ano. Até mais. — Disse a ajumma, guardando o molho de chaves em sua bolsinha.

— Feliz fim de ano para a senhora também, ajumma! — Respondi sorrindo e ela retribuiu, se distanciando de nós a passos lentos.

Entramos no carro e Hoseok deu a partida.

— Por que ela já lhe desejou feliz fim de ano? Ainda é dia 23. — Perguntou Jimin.

— Ela vai viajar para a casa de sua irmã mais nova, que mora em Cheonam. Como não tem com quem passar o fim de ano aqui, ela resolveu ir amanhã e só voltar no dia 2 de Janeiro. — Expliquei para ele.

— Você é muito sortudo primo, meu chefe pretende abrir a lanchonete até no natal. — Resmungou Hoseok.

— Meu chefe não abrirá nem amanhã nem depois, mas no dia 26 trabalharei normalmente. — Disse Jimin.

— Não tenho culpa de ter a melhor chefe. — Retruquei sorrindo enquanto os dois me olhavam sérios, o que me fez rir mais.

...

— Onde você vai passar o natal Jimin? — Perguntou tia Jung enquanto comíamos.

— Ainda não sei.... Minha tia ainda não decidiu. — Respondeu ele.

— Por que não passa aqui conosco? Minha irmã virá com suas filhas para cá e meu irmão virá com sua esposa e seu filho, farei um jantar delicioso. — Disse tia Jung sorridente.

— É muita gentileza sua. — Falou Jimin, também sorridente.

— E se a Sra. Song quiser pode vir também. — Falei.

— Não! — Olhei para Jimin, impressionado com sua atitude repentina. — É que, se não me engano ela disse que fará plantão amanhã e só voltará na tarde do dia 25. — Ele disse, acalmando seu tom, mas parecia nervoso.

— Então você vem amanhã e dorme aqui, já que ficará sozinho em casa. Como dessa vez tenho um aviso prévio de que você dormirá aqui, posso pegar um colchão que tenho no meu quarto e colocar no quarto do Jungkook. — Explicou tia Jung.

— Está bem Sra. Jung, mas não quero que se incomode comigo. — Disse Jimin sem jeito.

— Não é incomodo algum, na verdade sou muito feliz de que Jungkook tenha alguém como você ao lado, um amigo tão verdadeiro. É engraçado ouvir ele falando de você o tempo todo. — Olhei espantado para tia Jung, como ela pode dizer isso na frente dele.

— E é? — Perguntou Jimin, me encarando.

— Não é tanto assim, a tia Jung é exagerada. — Falei olhando para a comida.

— "O Jimin também gosta disso", "O Jimin me chamou para ir ao parque", "O Jimin é muito divertido", "O Jimin está doente", "O Jimin..." — Começou Hoseok, que até agora estava calado à mesa, levantou-se e passou a imitar minha voz.

— Aish! Eu não falo desse jeito! — Falei emburrado, rezando para que ele parasse.

Senti minhas bochechas arderem enquanto Jimin olhava para minhas reações e ria de minhas caras e bocas. Que vontade de matar esses dois por falarem esse tipo de coisa para ele.

...

Passamos algum tempo conversando, até que chegou a meia-noite, a hora que o Jimin ia embora todos os dias que ia para minha casa. Acompanhei o mesmo até a porta, tia Jung já dormia em seu quarto, Hoseok cochilava no sofá, como de costume.

— Você virá amanhã? — Perguntei, lhe entregando seu casaco.

— Claro, não poderia negar o convite de sua tia, e a comida dela é deliciosa. — Respondeu ele fechando o zíper do casaco grosso que acabara de vestir.

— Está bem, nos vemos amanhã então. — Sorri para ele.

— Até amanhã. — Ele virou as costas e passou a andar lentamente, ia fechar a porta quando o ouvi chamar meu nome. — Jungkook, vê se fala menos de mim para sua tia e seu primo, eu sei que você me ama, mas é constrangedor deixar esse amor tão evidente.

— Aish! Até você falando esse tipo de coisa, vai embora antes que eu te bata. — Falei, sentindo meu rosto arder de vergonha e de raiva ao mesmo tempo, ele saiu correndo dando gargalhadas.

Fechei a porta com força e subi para meu quarto, indignado. Joguei-me na cama e fiquei encarando o teto por alguns minutos, até perceber minha cara de bravo dar lugar a um pequeno sorriso tímido. Eu amar ele? Ele deve estar louco.

Peculiares | JiKookOnde histórias criam vida. Descubra agora