Park Jimin
Quando a cirurgia de Jungkook chegou ao fim, um dos médicos participantes veio nos contar as boas novas. Ou pelo menos, o que esperávamos que fosse.
— Acabou doutor? Como foi doutor? Ele está bem doutor? Como está meu sobrinho querido doutor?... — A Sra. Jung foi desesperada até o médico, sedenta por uma resposta positiva. Eu estava ao seu lado, mas não conseguia falar nada.
— Tivemos algumas complicações no processo da cirurgia, mas isso não alterou o status da mesma, que foi um sucesso. Jeon Jungkook está bem e no momento está adormecido, ele deve acordar em um ou dois dias.
Aquela noticia encheu nossos corações de alegria. Não demoraria muito até que Hoseok tivesse seu primo de volta, a Sra. Jung tivesse seu querido sobrinho de volta, a ajumma tivesse seu ajudante e amigo de volta... E eu tivesse o meu grande amor de volta. Naquele dia, voltei para casa sorridente, dançando na chuva.
Porém, os dias se passaram, e os mesmos se tornaram semanas, e por fim meses. Eu visitava ele todos os dias. Seu rosto mantinha sua aparência angelical, mas afetado por um tom pálido, seus lábios levemente roxos e nenhum sinal ele despertaria.
Com as visitas até o hospital, notei que a minha rotina já tinha se tornado fixa. Eu deitava um pouco ao seu lado e alisava o seu belo e liso rosto, dava-lhe beijos em sua bochecha vez ou outra. Eu cantava para ele algumas das nossas músicas favoritas, na esperança tola de que ele acordaria, sorriria para mim e tomaria sua parte na canção. Pensamentos tolos. Por fim, regava as flores que a ajumma colhia em seu jardim semanalmente.
A Sra. Jung o visitava todos os dias também, e não se surpreendia mais ao me ver deitado ao seu lado algumas vezes.
— Como ele está, querido? — Perguntava a mesma, aflita.
— Como sempre, Sra. Jung. — Respondia eu, sem nenhum tom de alegria na voz.
Ela tomava o meu lugar e eu voltava para meu quarto nos fundos da lanchonete em que eu trabalhara.
Quanto mais a minha esperança pela volta de Jungkook se esvaia, mais triste e fraco eu me sentia. Depois de dois meses e meio, desisti de meu trabalho. O chefe ainda tentou entender e me pediu para explicar-lhe o porquê da mudança tão repentina. Mas eu já me sentia tão quebrado por dentro, que falar do assunto só me machucaria mais.
— Senhor? Você não me disse ainda para onde é sua passagem. — Saí de meus pensamentos quando a moça defronte a mim chamou minha atenção.
— O que? — Perguntei, meio atordoado.
— Qual seria o seu destino? — Insistiu a mesma.
— Busan! Busan! — Respondi de uma vez.
Naquele momento, eu já havia entendido que Jungkook jamais acordaria. Eu teria perdido o amor da minha vida, a única pessoa que um dia me amou. Eu perdi tudo, voltei à estaca zero. Aquele era o momento de enfrentar a besta do meu passado.
Já era noite quando cheguei em Busan. Andando pelas ruas, um cartaz velho e meio rasgado voou ao meu encontro. Apanhei o mesmo para ver o que estava escrito. Lá estava a minha imagem.
"Park Jimin. Fugitivo de Manicômio e acusado de tentativa de Homicídio. Louco perigoso."
— Então esse foi o eu que deixei em Busan? Bom saber. — Joguei o papel e deixei que o vento o levasse para longe.
Andei mais um pouco e por fim encontrei o lugar a qual sempre pertenci, a prisão de meu corpo e alma. Aquele maldito hospital. Mas aquele não era o meu destino, e sim a casa de uma das pessoas que trabalhara ali.
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Peculiares | JiKook
FanfictionComo um livro escondido e empoeirado na última prateleira de uma estante, assim é a história aqui contada. Uma lenda, que a séculos esquecida retorna, dessa vez, trazendo consigo, dois protagonistas. Jeon Jungkook, um garoto tímido e de poucos amigo...