Ali estava aquele garoto de cabelo de fogo, olhando para meu corpo jogado ao chão, e pela primeira vez, ele apresentava uma expressão diferente, ele parecia preocupado. Esperei um pouco para que meu cérebro voltasse para seu lugar, pois pela pancada, eu sentia como se ele estivesse solto dentro de minha cabeça.
— Você está bem? — Perguntou o garoto mostrando preocupação em sua fala.
— Estou... Eu acho. — Falo tranquilizando-o, que me estende sua mão, não pude deixar de reparar no tamanho das mesmas, eram como mãos de crianças. Aceito sua ajuda e me ponho em pé.
— Desculpe, eu estava distraído.
— Não.... Não precisa se preocupar. — Falo e sorrio de canto, ignorando as dores que percorriam meu corpo. — Você está bem?
— Estou, apenas me arranhei um pouco. Nada demais. — Falou ele enquanto olhava para os lados.
— Algum problema? — Pergunto ao ver sua agitação ao olhar para os lados freneticamente.
— Não... Preciso ir.
Ele diz, e sem mais nem menos volta a correr. Pensei em segui-lo, mas qual seria a minha desculpa quando ele me visse? Eu teria alguma desculpa para segui-lo? Aliás, por que eu queria segui-lo?
...
— Vê como é perigoso andar de bicicleta a essas horas? — Falou tia Jung enquanto passava remédio em meus arranhões, me fazendo torcer o rosto em alguns momentos.
— Acho que ambos estávamos distraídos e o pior aconteceu. — Respondi tentando tranquilizar a mesma.
— De uma forma ou de outra, o Hoseok vai passar a pegar você quando sair do trabalho.
— Tia, eu não quero incomodar ele.
— Não incomoda primo. — A voz de Hoseok surge na sala, enquanto o mesmo desce as escadas. — Eu sou o seu primo hyung afinal, tenho que proteger você. Não é, Dongsaeng? — O mesmo fala soando fofo.
— Aish... Não fale assim. — O repreendo e o mesmo rir alto.
— Bem, agora que terminei os curativos, suba e descanse. — Fala a tia com voz serena, passando a mão em meus cabelos.
Subo as escadas com uma leve dificuldade, eu sentia uma leve dor em meu quadril também, e forçando para subir os degraus, doeu um pouco. Ao entrar no quarto me jogo na cama, por alguns instantes, precisei descansar meu corpo dolorido e depois tomar um banho.
Naquele curto período, o garoto avermelhado surgiu em minha mente. Quem seria ele? Qual seria o seu nome? Qual seria o motivo para ele manter sempre aquela expressão assustada?... Diversos questionamentos rondaram o interior do meu cérebro, eu sentia que aquele garoto tinha algo diferente, e eu queria descobrir o que era. Mas, como saberia mais se eu nem sabia o seu nome?
Levanto aos poucos e vou a passos pesados até o banheiro, dessa vez, encho a banheira e afundo na mesma após encher. Com meu corpo todo imerso naquela água levemente morna, encostei minha cabeça e ali fiquei, durante um bom tempo.
Com o corpo relaxado, apenas me seco e deito-me na cama, cubro meu corpo desnudo com meus lençóis brancos e coloco uma boa música lenta da minha playlist.
...
Acordei mais cedo do que de costume e após repetir a minha rotina matinal, tive tempo para sentar na beira da janela e observar um pouco aquela vizinhança silenciosa. Homens agasalhados saiam das portas daquelas casas, dando um breve beijo em suas esposas e dirigindo-se ao carro em seguida, alguns deles iam a pé. Parei para pensar como seriam suas vidas, suas manias estranhas, seus trabalhos diversos, suas vidas amorosas.... Deve ser engraçado assistir alguém como eu, um garoto que se desliga de sua vida para imaginar como deve ser a vida dos outros.
— Não vai para a escola hoje? — Uma voz feminina ecoa em meu quarto, viro-me assustado para a porta de entrada.
— Oh, vou sim tia Jung. — Respondo a mesma.
— Você vai continuar indo de bicicleta?
— Sim. Não precisa se preocupar tia, foi um acidente bobo, não acontecera novamente. — Falo acalmando ela.
— Está bem, se assim quiser... — Ela fala e fecha a porta, ouvindo seus passos ao descer as escadas.
Pego minha mochila e desço até a sala, me despedindo de tia Jung e indo para a garagem, pegando a bicicleta. Não estava com fome alguma, mas compraria algo no caminho.
Por ter saído mais cedo, resolvo fazer um caminho diferente, um caminho mais longo que também levava a escola, mas eu ainda não havia explorado o mesmo. Quantas informações "inúteis" eu encontraria pela rua? Quantas pessoas novas eu veria? Quantas manias eu presenciaria? Isso me deixava animado.
Como já era de se esperar, fiquei fascinado com a quantidade de manias que eu vi naqueles passantes estranhos. Novos homens e novas mulheres com novos trejeitos, novas manias... Me fazia sentir revigorado.
Nesse diferente trajeto, passei por um parque ainda vazio, lamentei por não ver aqueles doces idosos fazendo suas caminhadas matutinas, geralmente lentas. Mas, algo, ou melhor, alguém fez-me parar. Um rapaz adormecido ali perto, por traz de um banco, eu não teria parado, se não tivesse conhecido aquele cabelo tingido.
Descida bicicleta e fui a passos rápidos até ele, por um minuto tive medo de que eleestivesse machucado, mas aparentemente não estava. Meu coração retorceu ao veraquele jovem homem naquele estado. Eu não entendia por que ele faria isso comele, como alguém pode deixar a vida que tinha para viver dessa maneira? Quetipo de vida pode ser tão horrível assim?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Peculiares | JiKook
FanfictionComo um livro escondido e empoeirado na última prateleira de uma estante, assim é a história aqui contada. Uma lenda, que a séculos esquecida retorna, dessa vez, trazendo consigo, dois protagonistas. Jeon Jungkook, um garoto tímido e de poucos amigo...