— Mesmo sabendo de tudo isso, eu ainda prefiro ficar. — Falo olhando para eles, tentando parecer o mais claro possível.
— Mas eu não entendo... — Falou a ajumma.
— Nem eu Kookie. — Continuou Tae.
— Eu sei que me apaixonei por Park Jimin, mas agora vejo que isso nunca foi realmente recíproco.
— Por que diz isso Jungkook? — Perguntou a ajumma.
— Por que o Jimin mentiu para mim todo esse tempo... Jimin nunca foi um garoto comum que veio viver sozinho em Seul. Park Jimin é fugitivo de um manicômio em Busan. Ele fugiu depois de tentar estuprar uma das médicas do local, como ela resistiu, ele a empurrou contra um objeto pontiagudo que a fez sofrer um corte enorme na cabeça e depois disso ele pegou suas chaves e fugiu dali. — Não consegui conter minhas lágrimas, doía ter que confessar aquelas coisas. — Jimin mentiu para mim todo esse tempo, enquanto eu sempre fui verdadeiro. Não posso voltar a vida para viver um amor mentiroso, para me magoar por não poder ficar com ele.... Isso é dor demais.
— Jungkook... Quem lhe disse isso? Como soube dessa história? — Continuou a ajumma.
— A própria mulher que quase sofreu o abuso. Eu a encontrei enquanto passeava em Busan quando fui ao velório do meu pai. Ela me mostrou um cartaz de procurado do Park Jimin. Depois disso não houve mais dúvidas. E quando o perguntei, ele não disse que era mentira, só disse que podia explicar. Era verdade. — Desabafei olhando para o alto, tentando fazer com que as lágrimas parassem de cair.
Um silencio reinou no local, a única coisa audível ali eram meus soluços, mesmo que baixos. Taehyung parecia não ter o que dizer, estava confuso, a ajumma permanecia parada, olhando para o chão, imóvel. Mas seus olhos rodavam para todo lado em suas órbitas, parecia que ela procurava por algo em seu subconsciente.
— E se eu lhe disser que essa história pode ter outra versão? Você estaria disposto a ouvi-la? — Disse a ajumma, quebrando o silencio que dominara naquele lugar.
— Como assim? — Olhei para ela, com olhar de dúvida.
— Não quero explicar tudo, então vou direto ao ponto. Minha peculiaridade transcende o meu corpo. Quando estou em espírito, posso viajar para muitos lugares, o que quer dizer que não estou presa nesse mundo. Posso ir ao mundo dos humanos em espírito sempre que eu quiser.
— Ajumma, eu já falei que nada... — Sou interrompido por Taehyung.
— Escute! — Fala o mesmo, calando meus lábios.
— Então, alguns espíritos vêm a mim quando precisam saber sobre alguém vivo na terra. E assim eu os ajudo. Mas, tenho a condição de que só posso lembrar das coisas que vi no lado dos vivos em espírito quando estou em espírito, ou seja, não lembro de nada quando estou em minha forma viva. Por isso, quase nunca faço isso.
— Continue... — Falei confuso.
— Mas certa vez, uma mãe desesperada veio até mim e me implorou para que eu fosse até sua filha, apenas para saber se a mesma continuava bem. Sua filha era uma garota com problemas psiquiátricos, e foi mandada para um manicômio quando sua mãe morreu. Eu fiz isso por aquela senhora. Fui para o lado dos vivos em espírito e encontrei a filha dessa mulher. Ela estava bem, então meu trabalho já estava feito. Mas, por algum motivo eu quis permanecer naquele lugar, por pelo menos mais algum tempo.
Estava tão confuso em saber onde isso chegaria, que não poderia interrompê-la.
— Foi aí que uma certa mulher me chamou atenção. Seus cabelos longos e negros, unhas grandes e sempre pintadas com o mesmo preto fosco, pele totalmente alva. Mas uma coisa chamava mais atenção nela, seus olhos.
— O que tinha seus olhos? — Perguntei.
— Eles tinham cores diferentes. O direito era um preto comum, mas em seu esquerdo, reinava um vermelho vivo como sangue.
Minhas memórias me levaram até aquela mulher na praça de Busan. Algo que eu não reparara na hora, mas pude notar agora. Ela tinha essa peculiaridade. Era a mesma mulher.
— Não sei o que me chamou atenção naquela mulher, mas senti algo ruim vindo dela. Então eu a segui. Era uma noite chuvosa, e a mesma estava fazendo a checagem de seus pacientes na ala de alta periculosidade. Então ela foi para o seu último paciente. O último quarto daquele enorme corredor mal iluminado. Continuei a observá-la. Ela entrou no quarto e trancou a porta. Fiquei do lado de fora, por mais que eu pudesse atravessá-la. Afinal, eu podia ver tudo pela parte transparente da porta. Mas, em um único movimento, ela fechou a cortina.
Segurei na mão de Taehyung, que entrelaçou seus dedos na mesma. Suspirei profundamente enquanto a Ajumma parou, ela se esforçava para lembrar sobre aquilo.
— Eu atravessei a porta, pois tive curiosidade para saber por que ela tinha medo de que alguém a visse naquele quarto. Quando passei, percebi o motivo para o qual ela não queria que ninguém a visse ali dentro.
— Qual motivo, ajumma? — Perguntei.
A ajumma olhou para os lados, então tombou para os lados. Tae a segurou rapidamente, e a guiou até sua cadeira. Ela estava pálida e seu rosto deu lugar a uma expressão de dor e desconforto. Tinha medo do que ela falaria a seguir.
— Ela.... Ela estava se despindo... Ela falava coisas para o jovem rapaz atado a cama. O menino não conseguia se mexer. Eu pude ver o quanto o garoto estava assustado, o quanto ele queria que aquilo não estivesse acontecendo. Após se despir completamente, ela pegou dentro de seu jaleco uma seringa com um liquido com um leve tom de azul, era alguma droga. Eu já estava chorando quando ela enfiou a seringa no braço do menino e disse...
— O que ela disse ajumma?
— Seja um bom garoto, Park Jimin.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Peculiares | JiKook
Fiksi PenggemarComo um livro escondido e empoeirado na última prateleira de uma estante, assim é a história aqui contada. Uma lenda, que a séculos esquecida retorna, dessa vez, trazendo consigo, dois protagonistas. Jeon Jungkook, um garoto tímido e de poucos amigo...