Capítulo XXXIX - Retorno

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Jeon Jungkook

Quando a água passou de meus joelhos, comecei a andar com dificuldade, mas não demorou muito até que eu chegasse na parte mais funda daquele rio. Mais para frente, os anciões, a ajumma e o Taetae me observavam, esperando que eu mergulhasse. E assim o fiz.

Ao mergulhar tudo tornou-se escuro e silencioso. Por mais que eu estivesse dentro da água, minha respiração continuava normal. Esperei um pouco naquele mesmo local, esperando a luz aparecer. Foi então que no fundo, um pequeno feixe branco surgiu, passei a nadar para o mesmo. Minhas mãos e pernas começaram a formigar, na medida que eu chegava mais perto da luz branca. Sem hesitar, ultrapassei a mesma.

Senti um forte impacto em meu corpo e tudo que acontecera na noite do acidente voltou em minha mente.

...

De longe passei a ouvir uma orquestra de "bips", provavelmente vindos dos aparelhos ligados a mim. O som foi crescendo até que tornou-se normal aos meus ouvidos. Em seguida o cheiro hospitalar tomou conta de minhas narinas, dando sinal de que além de minha audição, meu olfato também voltara.

Por fim, meus olhos começaram a abrir. A primeira coisa que vi foi a lâmpada de luz levemente amarelada que iluminava o meu quarto. Olhei para a janela, notando que já era noite e que pingos finos de chuva caíam. Então passei a olhar para o quarto. Haviam um vaso de flores no móvel ali perto que guardava um lindo buquê de esporinhas coloridas. Provavelmente trazidas pela ajumma, uma amante de flores que me ensinara muito sobre o assunto.

Voltei a olhar para o quarto e então percebi uma figura, que dormia de maneira desengonçada na poltrona ali na frente. Era Hoseok.

— Hoseok? — Chamei-o, falando o mais alto que consegui no momento.

Ele de mexeu algumas vezes e então abriu os olhos levemente, fazendo uma cara de sono, com certeza estava cansado. Sua expressão mudou quando seus olhos encontraram os meus.

— Jungkook? — Disse ele, levantando-se bruscamente da poltrona.

— Sim... Sou eu. — Falei, esboçando um leve sorriso.

Hoseok veio até mim e me abraçou fortemente, como se me visse depois de anos. Sorri de sua reação.

— Tenho que ligar para a mãe. — Disse ele sorridente.

Pegando seu celular no bolso esquerdo de sua calça jeans, ele procurou o número da tia Jung e ligou imediatamente. Não demorou trinta segundos até que ele desligasse o celular e voltasse sua atenção para mim.

— A mãe já está vindo. — Falou ele, pondo-se ao meu lado.

— Você está muito afobado. — Falei rindo.

Ele apenas sorriu de volta e saiu do quarto. Posicionei minha cama para que eu ficasse sentado. Fiquei prestando atenção nos barulhos dos equipamentos ao meu redor. Hoseok estava agindo de maneira estranha.

Passados vinte minutos, ouvi a voz de tia Jung e Hoseok no corredor, em seguida a porta se abriu e tia Jung veio até mim, me abraçando tão forte quando seu filho fizera algum tempo atrás.

— Olá tia Jung. — Falei sorridente.

— Olá meu querido, que bom que você está bem. — Percebi as lágrimas brotarem em seus olhos.

— Tia Jung, por que está assim? Não foi nada demais, eu sofri um simples acidente. Parece até que passaram meses sem me ver.

— Como assim Jungkook? — Falou Hoseok, com cara de dúvida.

— Eu lembro. Eu estava correndo na rua quando fui atropelado, me trouxeram para cá e me deixaram de repouso até que eu acordasse do meu desmaio. Certo?

— Querido... Você não dormiu durante um dia apenas. — Falou tia Jung, limpando seu rosto encharcado.

— Como? — Perguntei sem entender.

— Seu acidente foi algo muito grave e isso fez com que você tivesse muitas escoriações internas. Você passou por longas 24 horas de cirurgia. Mas houveram muitas complicações durante o processo e isso fez com que você... Com que você entrasse em coma. — Tia Jung tentou ficar sem chorar.

— Coma?

— Sim... Quando sua cirurgia acabou você foi transferido para essa ala do hospital e ficou aqui até agora. — Concluiu Hoseok.

— E quanto tempo eu fiquei em coma?

— Três meses querido. — Respondeu tia Jung, com dor em suas palavras.

Senti meu coração acelerar e parar de uma vez, minha vista tornou-se turva e milhares de pensamentos e visões tomaram minha mente.

— Onde está o Jimin? — Perguntei atordoado, sentindo meus olhos lacrimejarem.

— Ele não vem a uma semana, e não conseguimos contatá-lo.

As lágrimas desceram e lá fora a chuva aumentou, trazendo consigo agora trovões e raios. Eu sabia que aquilo não era bom sinal. Park Jimin corria perigo.

Peculiares | JiKookOnde histórias criam vida. Descubra agora