Peculiares | JiKook

Capítulo XVII - Impressões

Jeon Jungkook

Chegando em casa, subimos para meu quarto e conversamos sobre o projeto do trabalho e tudo que planejávamos fazer. Não falamos sobre outras coisas, não tive a coragem de entrar em conversas pessoais. Afinal, nós mal nos conhecemos, não poderia ser tão evasivo com ele, não queria assustá-lo. O que mais me intrigava, era as sensações que eu tinha ao estar perto dele. Sentia meu corpo vibrar e formigar, meus lábios sempre querendo escapar um sorriso bobo, cujos quais segurei o mais forte que pude. Eu não sabia o que Park Jimin tinha para me deixar daquela maneira. Era tão... Novo para mim.

Já era meia noite quando ele resolveu ir embora. Hoseok dormia no sofá, tive pena de acordá-lo, mas não podia deixar que Jimin voltasse para casa sozinho.

— Não se preocupe, eu sei o caminho. — Disse Jimin.

— Mas não acha que está muito tarde para que vá sozinho? — Falo, tentando disfarçar minha preocupação.

— Já andei nas ruas bem mais tarde que isso. — Ele faz uma ligeira pausa, me deixando em dúvida. — Bem, eu estou indo.

— Tudo bem. Nos vemos amanhã.

— Claro, até amanhã. — Ele solta um sorriso de lado e vai a passos rápidos pela rua deserta e gelada daquela noite. Fecho a porta.

— Hoseok! — Falo cutucando-o.

— Uhm?... — Resmunga o mesmo.

— Não acha melhor ir para a cama?

— Ahn... Claro, estou indo.

Dou um leve sorriso e subo as escadas lentamente. Ao chegar em meu quarto, tomo um longo banho quente e visto meu pijama, me cobrindo ao deitar na cama. Antes de adormecer, Jimin ainda tomou conta dos meus pensamentos... Eu preciso descobrir o que é isso.

...

Chegara a noite da terça-feira, estávamos a ajumma e eu limpando a loja já fechada quando a mesma me olha de modo suspeito, ela estava agindo estranhamente desde a noite passada.

— Ajumma, algum problema? — Pergunto na esperança de dar fim aquele clima tenso.

— Jungkook, aquele garoto seu amigo, seria o mesmo bêbado que invadiu a loja a um mês atrás? — Disse ela em tom sério, me fazendo engolir o seco.

— É ele... Ele entrou na escola semana passada. — Falo tentando mudar de assunto.

— E vocês se tornaram amigos logo, não?

— Não somos bem amigos... A professora nos mandou fazer o trabalho juntos.

— Algo me diz que você não deve confiar nesse garoto, afinal já sabemos o que ele gosta de fazer de verdade.

— Não acho que ele seja uma pessoa má... Talvez, tenhamos interpretado ele de forma errada.

— Tome cuidado com ele. Como minha mãe dizia: Nesse mundo, há muitos lobos vestidos como cordeiros, que só querem atrair presas fáceis.

Naquele momento, o sino tocou e a porta abriu-se, dando espaço para que Jimin entrasse no estabelecimento, ele nos cumprimentou e voltou para o lado de fora da loja. Tive medo de que ele tivesse ouvido algo da nossa conversa.

...

— Podemos colocar algumas imagens ilustrativas para que a apresentação fique mais colorida e visual, não acha? — Falo olhando para o cartaz.

— Jungkook... — Começa Jimin.

— Uhm?

— A dona daquela loja, ela não gosta de mim não é?

— ... De onde tirou isso? — Sorrio nervoso.

— "Nesse mundo, há muitos lobos vestidos como cordeiros, que só querem atrair presas fáceis." — Ele diz.

— Oh, você ouviu. — Abaixo minha vista. — Bem, acho que ela ainda está muito ligada a primeira impressão que teve de você.

— Qual a primeira impressão que ela teve de mim?

— Vamos deixar isso pra lá. — Sinto ele segurar meu pulso.

— Aish, você me deixou curioso, apenas diga agora. — Ele diz sorrindo, sua mão em meu pulso me deixou um pouco desconfortável.

— Bem... Ela achou que você fosse apenas um bêbado que entrou na loja para roubar. — Falo, encarando os livros.

— Foi a mesma impressão que você teve de mim. — O olho assustado. — Jungkook, eu percebi que você estava o tempo todo com o dedo no botão de pânico abaixo do balcão.

— Desculpe. Eu não sou de julgar as pessoas dessa maneira, eu o interpretei muito mal. — Falo me curvando.

— Tudo bem, isso é passado. Sei que agora você me vê de maneira diferente. Não é?

— Claro!

— E como você me vê agora, Jeon Jungkook? — Ele aproxima o seu rosto do meu, me deixando ainda mais vermelho.

— Acredito que seja uma pessoa sincera e que seja do bem. — Falo gaguejando um pouco.

— Só isso? Bom, já é um começo. Espero que suas impressões sobre mim continuem melhorando. Ei, não tem por que ficar vermelho, foi só uma simples pergunta.

Me levanto da cadeira e vou até a janela, olhar um pouco para a rua silenciosa. Por que ele fez tal coisa comigo? E por que sua atitude me deixou tão desconfortável? Esse garoto só está me fazendo ficar mais confuso, o que há de errado comigo?