Capítulo II - Está tudo bem

718 91 13
                                    

Jeon Jungkook

Com o volume no máximo ouvindo Goodbye for a Moment – MC The Max, olhava concentrado para os pingos da chuva que escorriam pela janela do carro, apostando mentalmente em qual gota chegaria embaixo primeiro. Minha tia se mantinha atenta ao trânsito, e meu primo não veio me buscar em casa. Nesse momento, estou de mudança para Seul, deixando Busan, minha cidade natal, para trás. Prefiro pensar que o destino decidiu mudar a minha história sem me consultar, por isso estou me mudando para Seul agora. Acredite, qualquer coisa é melhor do que aceitar o motivo pelo qual essa mudança está acontecendo. Deixe-me falar um pouco sobre mim.

Meu nome é Jeon Jungkook, completei 18 anos há poucas semanas, nasci e cresci em Busan, no mesmo bairro e na mesma casa, morando com meu pai e minha mãe. Mesmo tendo poucos amigos, na verdade apenas um, posso afirmar que tive uma infância feliz. Eu e meu melhor amigo, Kim Taehyung éramos como irmãos. Nos conhecemos numa tarde de inverno, quando eu estava sentado em um balanço brincando com os botões de meu casaco azul velho e ele se achegou, empurrando o balanço em que eu estava sentado, ambos tínhamos 7 anos na época. Nossas famílias se deram bem, e nossa amizade que não passava dos muros da escola, estendeu-se para nossas casas, além de passeios especiais, como cinema, parques e clubes de piscina.

Posso afirmar que minha vida mudou completamente em um dia que parecia como todos os outros. Estava na festa de aniversário de 10 anos do Tae, fomos até o seu quarto e ele me convidou para ajudar a abrir os seus presentes, ficou completamente animado ao ver que ganhara um patins, e não hesitou em largar todos os outros pacotes de diferentes tamanhos e embalagens e sair correndo para fora da casa, vestindo seus patins de maneira afobada, levantou do chão e começou a andar. Ele não tinha nenhum equilíbrio, era engraçado o ver cair de bunda ou de joelhos a cada dois metros. Mas o Tae sempre foi uma criança sem medos, então, enquanto estava distraído, ele desceu a ladeira em seus patins vermelhos, e sem equilíbrio, fui de frente com a arvore que havia no fim da ladeira. Eu corri até ele quando ele começou a chorar e o abracei, não queria ver o meu amigo machucado. Foi naquele momento que algo aconteceu, senti meus olhos esquentarem e minhas mãos congelarem, uma sensação estranha fez meu corpo arrepiar, então fechei os olhos com força, tentando dar um fim naquele mal-estar. Ao reabrir meus olhos, percebi que o choro de Tae sessara, e o mesmo, afirmou não ter mais dor alguma.

Demorei para acreditar que eu era o responsável pela cura instantânea de Taehyung, foi quando juntei os pontos. Eu não me machuquei quando caí do berço quando era mais novo, eu não me machuquei ao cair da minha bicicleta quando estava aprendendo a andar, nunca fui pego por dores musculares... Todas essas coisas contribuam para um simples resposta, eu, de alguma forma, tinha o poder de curar.

Tae foi o primeiro e único a saber de minha habilidade estranha, e o garoto que já não tinha medo de se atirar em tarefas perigosas, comigo ao seu lado, sentiu-se ainda mais confiante em suas loucuras aventureiras. Perdi a conta de quantas vezes ele me chamou no hospital, depois de fazer algo estupido e se machucar no processo, eu ia até ele e o curava, que me respondia dizendo que jamais se arriscaria de forma tola novamente, e uma semana depois, a história se repetia.

Os anos se passaram e logo eu e Tae tínhamos 15 anos. Tae se tornara mais responsável por seus atos e meus poderes já não eram tão necessários quanto em nossa infância. Eu e Tae vivíamos grudados na escola, e mesmo fora dela, ele estava sempre em minha casa, ou eu na dele. Nós não tínhamos pudor quando estávamos a sós, fazíamos todo tipo de coisa juntos.

O tempo voou e chegamos aos 16. As perguntas sobre namoros e paqueras se tornaram mais frequentes, mas eu sempre respondia que não tinha nenhuma garota que me interessasse, e usava de qualquer artimanha para burlar esses assuntos constrangedores. Eu não entendia o fato de não gostar de nenhuma garota, o que me deixava feliz era estar com o Tae, e eu via isso com olhos amigos, jurando a mim mesmo que o fato de eu não ter paixões com garotas era medo de que isso me afastasse do meu melhor amigo. Mas isso provou-se errado, quando o Tae arrumou a sua primeira namorada.

Peculiares | JiKookOnde histórias criam vida. Descubra agora