Park Jimin
Aquele garoto que nem me conhecia, acaba de me presentear com um doce. Sua atitude me deixou um tanto quanto surpreso, tenho certeza que minha expressão facial congelou quando o mesmo me entregou o doce. Por que ele teria feito aquilo?
Saio pelas ruas sem rumo, procurando algum lugar que pudesse servir de abrigo para um jovem sem teto, quanto tempo mais eu viveria dessa forma? Sem trabalho, não teria dinheiro para me sustentar nem pagar algum aluguel, meu destino era as ruas geladas de Seul.
Entro em um dos becos daquela cidade e me acolho por trás de algumas sacolas, provavelmente algum lixo, mas eu não tinha escola, as noites eram frias e eu não tinha nenhuma roupa fora a que vestia, morreria de frio se não encontrasse algum lugar quente para passar a noite. Ao me aconchegar, abro meu làmen e despejo o leite dentro do mesmo, já que não tinha água quente. Quando termino, me encolho dentre as sacolas pretas e oro, pedindo para que o sono chegasse logo.
— Garoto? — Ouço uma voz feminina ao longe e abro os olhos assustado, com medo de que fosse alguma aparição.
— Sim? — Falo rouco.
— O que faz aqui? Está congelando.
Não pude reconhecer seu rosto, aliás, mesmo que eu a visse claramente, com certeza eu não a conhecia, era apenas mais alguma estranha que me oferecia ajuda devido meu estado. Minha vista tornou-se turva e eu apenas adormeci novamente.
...
Sinto um cheiro agradável de comida e abro os olhos lentamente, me assustando ao ver que eu me encontrava num quarto, deitado em uma cama, enquanto a porta do mesmo estava entreaberta. Levanto à passos lentos e olho pela fresta da porta, avistando uma mulher que mexe algo dentro de uma panela.
— Onde estou? — Pergunto abrindo a porta do quarto e a mesma se vira.
— Está em minha casa, e espero que não fuja dessa vez. — Falou a mulher me encarando. Era a mesma mulher que me ajudara há poucos dias atrás.
— Por que eu estou aqui? — Estava pronto para correr daquele lugar, tinha medo do que podia acontecer, não confiava nela, não confiava em ninguém, nem em mim mesmo.
— Tudo bem. — Ela se senta na mesa, abaixando o fogo do fogão. — Meu nome é Song Yu-Jeong. Eu moro em Seul e trabalho durante a noite, volto de madrugada para casa. A primeira vez que lhe encontrei, você estava caído aqui na rua da minha casa, apagado, com um pouco de esforço, consegui trazer você para dentro, você estava completamente congelado, coloquei você naquela cama e o cobri bem. No outro dia, eu acordei e fui até o quarto, você tinha sumido. Ontem, eu estava voltando do trabalho novamente e ao passar por um beco eu escutei um gemido como choro, tive medo que fosse alguém que passara mal e fui ajudar, então vi que era você novamente, então chamei o meu vizinho para que ele me ajudasse a te trazer para minha casa.
— Mas, por que você fez isso? Por que se importa? Por que eu? Quem disse que eu preciso de ajuda?
— Eu lhe vi indefeso e quis lhe ajudar, senti que você não me faria mal e que poderia trazer você para minha casa, no primeiro dia que lhe trouxe, assim como ontem, percebi que você precisava de ajuda e ajudei, não quero nada em troca nem quero lhe fazer mal. Não vou lhe obrigar a ficar, só peço que tome café comigo, e então, se quiser, pode ir embora.
Meu passado traumático deixou marcas profundas em minha alma, todas as pessoas que viveram ao meu redor só me machucavam, externa e internamente. Eu só não conseguia confiar em ninguém. Mas o cheiro da comida me fez ficar, eu não tinha uma refeição descente há 10 anos. Sentei-me e comi, sem me importar com a presença da mulher sentada à frente, eu apenas comi.
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Peculiares | JiKook
FanfictionComo um livro escondido e empoeirado na última prateleira de uma estante, assim é a história aqui contada. Uma lenda, que a séculos esquecida retorna, dessa vez, trazendo consigo, dois protagonistas. Jeon Jungkook, um garoto tímido e de poucos amigo...