CAPÍTULO VIII

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Boa leitura!

De repente, todo aquele falatório sobre uma possível guerra entre o Norte e o Sul se tornou a assustadora realidade do confronto, quando um grupo de cadetes abriu fogo sobre um navio do Norte que tentava entregar suprimentos em Forte Sunter.

O primeiro disparo foi efetuado do Forte Johnson às quatro e trinta da madrugada do dia doze de abril de 1861. E depois de trinta e três horas de fogo cerrado, a bandeira em Forte Sunter foi baixada. Charleston foi ao delírio com a vitória. As manchetes, no Norte, já usavam a palavra "guerra". E os jovens, tanto no Norte como no Sul, começavam a querer se alistar.

Na West Point, os cadetes estavam divididos meio a meio entre as forças da União e os Confederados. Bons amigos de antes agora se viam em lados opostos de uma guerra que ninguém compreendia muito bem. E o cadete tenente Jeremiah Tigart, do Kentucky,
preferiu permanecer ao lado da União.

Jungkook, verdadeiro filho do Sul, optou por deixar a academia de imediato e seguir para a Virgínia, para juntar-se às tropas do general Robert E. Lee. Antes, porém, de seguirem seus caminhos agora separados, Jeon procurou por Jeremiah para dar-lhe adeus. E os amigos de infância encontraram-se no pátio onde sempre viam a bandeira ser hasteada, para darem-se um aperto de mãos forte, sob um céu cinzento e carregado de nuvens espessas.

— Serei leal à União — Jeremiah declarou firme.

— Eu entendo. Também devo ser leal aos Confederados. Mas você jamais será um inimigo para mim, Jimmy.

— Sempre amigos, então, Gukk. — Jimmy estendeu-lhe a mão.

Jungkook sorriu, tentando desanuviar a tensão que pairava entre ambos. — Se, por acaso, nos encontrarmos em campo de batalha, prometo não atirar —brincou.

Jeremiah riu e meneou a cabeça. — Eu também. Estou certo de que tornaremos a nos encontrar. Cuide-se, está bem?

— Certo. Vejo-o quando tudo isso terminar.

Jeremiah nada respondeu, e os dois rapazes se abraçaram. Depois, deram meia-volta e se afastaram em direções opostas.

Nenhum dos dois olhou para trás.

Mobile estava armada. Em cada casa da cidade, os homens, fossem jovens ou idosos, despediam-se de suas esposas, namoradas e familiares antes de partirem para a batalha. A Confederação, declaravam, precisava de cada um deles e seria com orgulho que a defenderiam.

Na mansão da rua Dauphin, Park Jiwoon também se preparava para ir, enquanto Marion, com os olhos cheios de lágrimas, ajudava-o a fazer a mala.

— Vou colocar dois de seus pijamas...

— Marion querida não precisará de pijamas de seda no lugar para onde estou seguindo.

— Claro que não... — concordou, num murmúrio. E retirou as peças da bagagem, apertando-as contra o peito e dando vazão ao pranto.

Jiwoon tomou-a nos braços, consolando-a:

— Não me demorarei muito lá, meu amor. Tudo vai acabar logo, você verá. Acabaremos com aqueles ianques num piscar de olhos. — Dando um passo atrás, ele fechou a mala e avisou. — Devo partir agora. Não esqueça que estou fazendo isso para proteger nosso Jimin, não posso permitir que meu único filho vá parar naquela guerra.

Marion assentiu, secou as lágrimas e desceu pela escadaria até o hall, onde Jimin esperava assustado com toda aquela mudança em sua vida. Lá, Jiwoon abraçou-o e disse compreensivo:

— Sei que está preocupado por causa de Jungkook, meu filho. Mas não fique assim. Ele é um rapaz valente, esperto e após um ano na West Point deve ter se transformado num valoroso soldado.

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