CAPÍTULO XIII

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Boa leitura!

Certa noite que parecia não ter mais fim, Jungkook estava deitado sem sono, quando ouviu um ruído. Parecia estar vindo da parede diretamente à frente de onde se achava. Prestando atenção, percebeu nítidos arranhões que vinham de fora de sua cela, dentro da terra das fundações do presídio. Sentou-se de um salto ouvindo, ainda imaginando que aquele lugar devia estar infestado de ratos. Tornou a deitar-se, mas, dessa vez, os ruídos viraram leves batidas. Gukk tornou a se sentar e encostou o ouvido na parede. Podia ouvir com mais clareza agora e, animado, bateu também.

Então, houve total silêncio. Nada mais. Nenhum som. Nada.

Jungkook bateu ainda algumas vezes, imaginando que poderia ser outro prisioneiro que parara com o que fazia por temer que algum guarda o tivesse ouvido. Devia ser por isso que o ruído surgira à noite, porque os guardas estavam quase todos dormindo. O velho Jonh, guarda que ficava no último turno, costumava beber e pegar no sono por horas seguidas.

Jeon queria que houvesse algum meio de poder comunicar-se com alguém. Precisava garantir ao outro prisioneiro que não havia nenhum guarda à espreita de seus movimentos, que ele também era uma alma em desespero ali embaixo. Procurou pela pequena cela, em busca do pedaço de osso que sobrara de sua parca refeição e com ele passou a cavar as reentrâncias da pedra que ficava no local de onde ouvira os sons.

Seu coração batia depressa, excitado, e ele continuava cavando como podia, às vezes até com a ponta dos dedos. E continuou cavoucando até que os primeiros raios de sol apareceram fracos, através da janela alta. Queria poder continuar, mas sabia que seria arriscado, então cobriu o buraco que cavava com um pedaço de pano velho e tornou a deitar-se. Acabara de fazê-lo quando o carcereiro lhe trouxe o desjejum. Jungkook comeu o pedaço de pão duro com satisfação, agitado ainda pelo que acontecera durante a noite. Mal podia esperar que o sol se pusesse de novo para poder recomeçar a cavar.

Aquele fora o dia mais longo de sua existência. As horas se arrastavam, ele andava de um lado para o outro na minúscula cela, curvando-se, exercitando os músculos. Cantou, recitou poesias, estalou as juntas, sempre olhando para a pequena janela, até que, pela primeira vez, deu graças pela chegada do anoitecer. Recomeçou a cavoucar assim que percebeu que seria seguro. Foram horas de esforço, suor, ansiedade, até que a primeira pedra foi afastada e, por fim, o osso usado atingiu nada mais do que... Ar.

Gukk sentiu o peito de apertar de alegria.

Um pequeno túnel acabava de ser aberto entre sua cela e a do lado. Cansado, deixou de lado o pedaço de osso e respirou fundo. E, de repente, teve um sobressalto quando uma voz perguntou do outro lado da parede:

— Quem está aí?

— Um prisioneiro, como você — respondeu.

E então riu histérico, quando viu uma cabeça de cabelos grisalhos, aparecer na abertura que havia feito. O homem magro e barbudo que apareceu diante de seus olhos encarou-o por segundos, depois fez uma careta e soltou um palavrão. — Porra! Fiz um mapa tão detalhado em minha mente e acabei errando! Achei que essa parede fosse uma das que davam para fora!

Sorrindo, feliz por ver outro rosto, por pior aparência que tivesse, Jeon explicou: — O lado norte de sua cela é uma parede de fora. Você cavou para o sul. Esta é apenas outra cela.

O homem negou com a cabeça, aborrecido.

— Houve uma época em que eu jamais cometeria um equívoco tão primário. — Mas sorriu, acrescentando — Seja como for, nem tudo está perdido. Afinal, acabo de encontrar um amigo confederado, não?

— Isso mesmo! — Jungkook gargalhou satisfeito, enquanto o outro vinha para sua cela e o abraçava com a saudade de alguém que tivesse reencontrado um filho depois de muitos anos de ausência.

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