CAPÍTULO IX

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Boa leitura!

Gilbert Lakid, o oficial que causara tantos problemas a Jungkook na West Point, era capitão dos guardas no Castelo do Demônio.

Lakid perdera um dos olhos, mas ganhara mais peso durante a guerra e, forte e valentão, encorajava seus soldados a infligirem todo tipo de sofrimento aos prisioneiros, mostrando muito bem seu desprezo por eles. Em especial por Jeon Jungkook. O rosto de Lakid, em especial quando sorria com maldade, era o de um mostro. E esse sorriso aparecia sempre que deparava com Jeon.

Os prisioneiros só eram punidos quando insultavam algum oficial, se tentassem subornar os guardas, se lutassem entre si ou roubassem uns aos outros, ou ainda, se tentassem escapar. Jungkook nunca fora acusado de nada disso, mas era punido com frequência como se fosse o mais problemático dos encarcerados, no Castelo do Demônio.

Todas as vezes que Lakid vinha até a porta do cômodo em que Gukk e seus companheiros se encontravam, o rapaz se enchia de pavor. Ainda fraco e abatido, costumava sentar-se no chão, ladeado por Scott e Cain, abraçando os próprios joelhos, tentando manter-se invisível ao único olho de seu carrasco.

Mas isso nunca funcionava.

Lakid sempre o via. E, quando o fazia, vinha caminhando por entre a massa humana, pisando muitos homens, chutando-os às vezes, o sorriso tornando-se maior, mais apavorante. E, quando o homenzarrão chegava diante de Jeon, ele se endireitava de propósito.

Seu ferimento se curava aos poucos, e procurava manter-se firme para poder suportar qualquer castigo que aquele brutamontes lhe impusesse. Não queria mais que o capitão da guarda o quebrasse. Era alguém que se recuperava dia após dia, que se tornava mais e mais duro, sobretudo após dois anos e meio a campos de batalha. Enfrentaria qualquer coisa que Lakid lhe fizesse agora.

E, numa dessas ocasiões, numa terrível tarde gelada de dezembro, próxima ao Natal de 1863, o guarda veio direto em direção a Jungkook e, quando seus enormes pés enfiados nas botas pararam perto dele, Jeon ergueu a cabeça e encarou aquele único olho maligno. Cheio de desprezo, Lakid perguntou:

— Como nosso pobre menininho do Alabama está se sentindo hoje?

— É muita gentileza sua perguntar — Jungkook respondeu sarcástico, apagando o sorriso dos lábios do outro. — Enquanto muitos dos outros hóspedes deste magnífico hotel parecem estar morrendo, eu me sinto muito bem, obrigado.

A audácia e a zombaria de Jungkook fizeram com que os prisioneiros mais próximos se
voltassem para ver a cena, felizes com a coragem que ele tinha ao enfrentar o gigante.

— Levante-se, seu sulista de merda! — rosnou o capitão da guarda.

— Como queira... — Jeon colocou-se em pé com agilidade. — Algo mais?

O olho de Lakid cerrou-se um pouco.

— Chegou a meu conhecimento que ridicularizou um dos guardas ontem à noite. Não toleramos esse tipo de comportamento aqui. Será punido.

Jeon pouco se importou em protestar. Não insultara ninguém e todos ali, inclusive Lakid, sabiam disso.

Seguiu seu algoz para fora da sala, enquanto seus dois amigos meneavam a cabeça, sabendo que algo terrível iria lhe acontecer de novo. Estavam pasmos diante da atitude dele, bem como de alguns outros encarcerados, que eram sistematicamente retirados dali para serem castigados sem motivo aparente. Todos sabiam, porém, os oficiais e homens do regimento que os guardava eram verdadeiros demônios, que nada havia de terrível demais que pudessem fazer. E os pobres prisioneiros estavam cercados por baionetas e armas, guardados por soldados que se davam o direito de tomar-lhes as vidas nas mãos, sem temer um castigo superior por isso. Dizia-se que existiam calabouços terríveis, com bolas e cadeias de ferro, que aqueles afiliados do capeta utilizavam quando bem lhes aprouvesse.

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