Boa leitura!
O quente verão de 1881 chegou, por fim, a termo, e o outono veio bastante frio. Com a mudança de estação, as folhas começaram a morrer e a cair sobre as calmas ruas de Mobile. O sol parecia estar agora vindo de uma direção diferente e já não era tão forte. As noites ficavam, com certeza, bem mais agradáveis. Muitas vezes, geladas. Quase tanto quanto o coração de Jimin, que permanecia inflexível em sua decisão de tirar Jungkook de sua vida. Recusava-se a vê-lo, a falar-lhe, a ouvi-lo.
Após semanas de tentativas frustradas para conseguir que ele o perdoasse, ele acabou por desistir. Já não tentaria mais consegui-lo de volta. Não adiantaria. Conhecia Jimin muito bem e sabia que continuaria firme, decidido. E, se não pudesse tê-lo, Jeon não queria mais viver no Alabama. Preferia seguir para Nova York, ou, até, para Londres ou Paris. Não fazia grande diferença. Quando comentou com Ossos que pretendia partir, numa gélida tarde de novembro, o ex marinheiro respondeu.
— Não me parece má ideia. Mas dê-me uma semana para encerrar alguns negócios que estou fazendo para você por aqui.
— Está bem. Não tenho pressa.
Após saber da decisão do patrão, Ossos achou que deveria tomar uma atitude. Não poderia permitir que as coisas continuassem daquele jeito. E, depois daquela conversa, começou a sair de casa com mais frequência. Isso não era de seu feitio, e Jungkook, percebendo a atitude do amigo, ficou um tanto curioso, mas não a ponto de perguntar-lhe por onde andava e o que fazia. Afinal, Ossos tinha o direito de ter sua vida particular também. Talvez estivesse vendo alguma mulher, o que não seria muito provável, já que sua amada morrera. Mas, mesmo assim, Gukk achou melhor não se intrometer.
Ossos era muito cuidadoso, visto que não queria despertar a suspeita de Jimin, mas arranjava sempre um modo de se encontrar com ele cada vez mais amiúde. A primeira dessas ocasiões foi no mercado e, como Ossos ofereceu-se para ajudá-lo a levar as inúmeras sacolas até sua casa, não opôs resistência alguma. Lá, ele falou sobre muitos assuntos triviais, como a mudança do clima, o trabalho de Park no hospital, o aumento nos preços dos legumes. Não se referiu uma só vez a Jeon. Dois dias se passaram, e Ossos se viu diante do hospital bem na hora em que Park saía do serviço. Mais uma vez, muito simpático, ofereceu-se para acompanhá-lo até sua residência e, mais uma vez, nem sequer falou em Jungkook. Jimin gostava de Ossos. Gostara dele desde que o conhecera. Considerava-o um homem gentil, bondoso, e, como a temperatura estivesse mudando depressa, os dias ficando cada vez mais curtos, a noite chegando cada vez mais cedo, passou a ver com bons olhos a companhia que ele oferecia até a mansão, sempre que se encontravam.
Numa tarde fria e cinzenta, bem no início de dezembro, Kim o aguardava junto à escadaria externa do hospital, e Park sorriu assim que o viu. E Ossos, educado e protetor, acompanhou-o com sobriedade até a entrada da residência, mas, dessa vez, não se despediu ali. Quando chegaram aos degraus da varanda, pediu apenas:
— Sr. Tigart, poderia permitir que eu entrasse e lhe falasse por alguns minutos?
Jimin encarou-o, surpreso. Sabia sobre o que ele queria falar, e não estava disposto a ouvir. Começou a negar com a cabeça, dizendo:
— Ossos somos amigos, pode me chamar de Jimin, no entanto sinto muito, mas... não, não o deixarei entrar. Sei quais são suas intenções, e as considero as melhores do mundo. No entanto, nada que diga ou faça irá abalar minha decisão em relação à Jeon.
— O senhor é quem sabe. Mas há tantos detalhes que desconhece! Tanta coisa que deveria saber e que Jun jamais lhe diria... Ou a ninguém mais. — Park ficou intrigado. Mas Ossos já ia descendo o primeiro degrau, na intenção de ir embora. Jimin vacilava, o que o fez parar e encará-lo mais uma vez. Uma sombra de sorriso passou por seus lábios, então, e ele murmurou. — Só alguns minutos?
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Scandalous!
FanficAquele homem poderoso, ameaçador e irresistivelmente sensual Poderia fazê-lo perder a cabeça... O rapaz que partira para servir no Exército vinte anos atrás fora tolo e ingênuo. Acreditara no garoto que prometera esperar por ele. Confiara no amigo q...