CAPÍTULO XXX

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Boa leitura!

Park sempre tivera um orgulho inquebrável e uma força rebelde que o dominavam. Foram justo essas qualidades que o impulsionaram durante os momentos mais terríveis de sua existência, fazendo-o sobreviver com decência às inúmeras tragédias que o destino colocara em seu caminho. Passara pelas perdas e pelas tristezas e continuaria a sobreviver, apesar do coração partido, era teimoso demais para morrer. Estava convencido de que, ao dizer a Jungkook que ele estava morto para si, isso era verdade. No entanto, não ficara imune ao que Ossos lhe contara sobre os anos de agonia que Jeon suportara na prisão. E entendera o quanto Jungkook se desesperara ao descobrir, da pior forma possível, que ele se casara com Jeremiah.

O destino fora muito malvado para com Jeon Jungkook, mas o fora para com ele também, e agora não conseguia esquecer, nem perdoar o fato de que Jungkook resolvera voltar a Mobile com o único propósito de feri-lo e humilhá-lo.

Jimin não contara a ninguém que o homem que se fazia passar por Sutton Vane era, na verdade, Jeon Jungkook. Tudo o que falara, quando muito pressionado, era que Sutton Vane e ele tinham decidido, em comum acordo, não se verem mais. As gêmeas, parecendo pouco convencidas com a explicação, imploraram por maiores detalhes da história, mas Park mantivera-se calado, discreto. Preferira deixar claro a elas que não queria sequer ouvir o nome de Sutton Vane mencionado em sua frente dali em diante.

Pelo visto, Jeon também não revelara sua verdadeira identidade a ninguém, porque Jimin ouvia rumores sobre a atual reclusão de Sutton Vane. Dizia-se que ele só deixava sua mansão para se retirar ainda mais na ilha, que era seu refúgio constante. Todos se mostravam pasmos diante de seu comportamento tão diferente. Algumas pessoas, mais ousadas, perguntavam a Park o motivo da reclusão de seu antigo amor, mas ele lhes assegurava nada saber a respeito.

A aproximação do Natal o animou um pouco, e Jimin comprou alguns presentes para os amigos mais chegados, dedicando boa parte de seu tempo livre a fazer belos pacotes decorados com fitas vermelhas. Queria esquecer os problemas, envolver-se com tradições, usufruir da atmosfera natalina que inundava Mobile. Todavia, não comprou uma árvore de Natal para enfeitar sua mansão. Era o primeiro ano de sua vida que não o fazia, lembrou, com certa tristeza. Sempre houvera um belo pinheiro junto à lareira, para enfeitar e dar um perfume todo especial àquela época do ano. Deixaria os enfeites guardados numa caixa, no sótão. Não havia por que ornamentar uma árvore se ia passar o Natal sozinho.

— Mas por que não tem um pinheiro?! — Exclamou Johanna Parlange, indignada.

— E o que são aquelas caixas no hall? — Juliette acrescentou. — Johanna quase caiu sobre elas.

— São coisas minhas. — Sem maiores explicações, as gêmeas entreolharam-se e decidiram mudar de assunto.

Faltavam seis dias para o Natal, e elas seguiriam, como em todos os anos, para Nova Orleans, para passar os feriados com os familiares que moravam lá. Tinham implorado para que Park fosse a sua companhia, mas ele se negara, agradecendo e dizendo que estaria de plantão no hospital. Os três sabiam, porém, que se quisesse mesmo seguir para Nova Orleans, poderia ter arranjado um esquema de compensação de serviço com algum colega. E, como estariam longe na noite de Natal, as duas vieram para pernoitar com o amigo querido, comemorando o dia santo antecipadamente.

E tentaram fazer de tudo para animá-lo e serem alegres e joviais. Juliette recomendara inúmeras vezes à irmã que não mencionasse o nome de Sutton Vane, e as duas seguiram para a casa de Jimin na intenção de passarem momentos agradáveis, trocarem presentes e conversarem perto do fogo. As gêmeas presentearam o amigo com um belo cachecol que elas mesas tinham tricotado. Adorando o presente, ele o colocou de imediato sobre os ombros, olhando-se, contente. Depois, presenteou Johanna com uma caixa de sabonetes perfumados importados, já que sabia o quanto a amiga apreciava longas horas na banheira, e, para Juliette, comprara um livro, a obra-prima de Henry James, "Retrato de uma Dama", que a amiga adorou. Ficaram conversando durante muito tempo, tomando chocolate quente e comendo rosquinhas, e, mais tarde, Jimin apareceu com uma garrafa de conhaque fino, que as gêmeas aplaudiram, satisfeitas. Beberam à vontade e a conversa começou a ficar mais divertida, com mais risadas e mais calor.

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