CAPÍTULO XXV

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Boa leitura!

A casa construída na ilha era uma bela mansão térrea de vários quartos e salas, com imensas janelas, todas voltadas para o mar. Seu pórtico dianteiro era enorme, com uma varanda grandiosa, onde o sol de todo o dia infiltrava-se para dentro, enchendo a residência de claridade e frescor. Havia cadeiras de vime e uma grande rede azul na varanda, convidando ao descanso e ao bem viver. Toda pintada de branco, a moradia podia ser vista de longe, mesmo para quem chegava à ilha de barco, ainda mais por estar localizada em uma parte privilegiada do terreno, alguns metros acima do nível do mar.

No entanto, naquela imensa e belíssima casa de veraneio haveria sempre apenas um hóspede. Sutton não tinha a menor intenção de partilhar seu pedacinho do paraíso com outra pessoa além de Jimin. E, era claro para ele, a presença dele na ilha seria apenas temporária. No fim do verão, não haveria mais nada entre ambos. E Jimin não poderia tornar a colocar os pés naquela propriedade.

Os criados eram trazidos apenas para a limpeza e a preparação da comida, mas não lhes era permitido pernoitar ali. Park ficou animado como uma criança quando Sutton o convidou pela primeira vez para ir à ilha. Ele não permitira que fosse antes, quando o imóvel ainda estava sendo construído. Só o levaria quando tudo estivesse pronto, inclusive a mobília, que mandara buscar em especial para a decoração, feita por um profissional famoso do ramo.

E, naquele belo e quente dia, Sutton não só estava preparado para levar Jimin a sua ilha como também o convencera a passar a noite lá, em sua companhia. A princípio, ele se opusera, alegando que seria escandaloso passarem uma noite inteira juntos, em total privacidade. O que os criados poderiam dizer? O que seus amigos iriam pensar? Argumentou. Mas Sutton soube convencê-lo explicando que não haveria nenhum criado por perto, e nem mesmo no iate, pois este, depois de levá-los, retornaria a Mobile. Estariam, portanto, à sós. Além do mais, ele alegou, todos os amigos mais próximos de Park sabiam que os dois estavam tendo um caso. Ou seja, que diferença faria ficarem uma noite inteira juntos, afastados de todos?

Por fim, ele concordou. E, assim que chegaram à ilha, o iate fez meia-volta e tornou à cidade. E Jimin, solto como um menino num parque de diversões, correu para a casa, com o vento embaraçando seus cabelos, os fazendo pequenas linhas enquanto ele sorria encantado com a maravilha que seus olhos detectavam em toda parte.

Nos fundos ficava a enorme suíte principal. Sutton explicou-lhe que era o único quarto mobiliado da casa, pois apenas os dois estariam vindo até ali para desfrutar dos prazeres daquele lugar paradisíaco. E mais uma vez, Jimin sorriu e seguiu descobrindo mais segredos daquela mansão espetacular. Ao lado do quarto, entrou no pequeno cômodo destinado a acomodar roupas e sapatos e, depois, mais adiante, foi até o banheiro conjugado, onde existia uma imensa banheira de mármore, que logo adivinhou ter sido desenhada sob medida para acomodar duas pessoas com conforto. E, para tornar tudo ainda mais diferente, mais adorável, as enormes janelas e portas-balcão, que faziam com que se tivesse a impressão de que a natureza invadia todos os ambientes, tão clara ela ficava.

Park voltou-se, sorrindo, exultante, e abriu os braços para Sutton. Sem vacilar, ele veio e puxou-o para si, para um beijo apaixonado. Depois, com aquele seu sorriso encantador e meio cínico, indagou:

— Que tal um banho demorado nessa banheira, depois longas horas de amor ardente e, em seguida um jantar maravilhoso?

Como Jimin poderia dizer "não" a tal convite?

...

Estava escuro como breu. Podia ouvir os ratos cavando, roendo, guinchando na escuridão terrível.

Estremeceu.

Detestava ratos. Tentava dormir, mas não conseguia. E permaneceu ali, acordado, os olhos arregalados sem ver quase nada, sobre os restos do que, um dia, fora um cobertor de campanha, lutando contra o pânico, sentindo que estava, aos poucos, perdendo o controle de sua sanidade. Estivera preso naquela solitária úmida e fétida por longos e torturantes anos.

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