CAPÍTULO XXVI

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Boa leitura!

A casa na ilha tornou-se o local preferido de Jimin. A beleza e privacidade que ela oferecia faziam-no sentir-se mais jovem e livre do que fora até então. Lá não havia dores, mágoas ou inibições. E tanto ele quanto Sutton viviam num estado quase que permanente de semi-nudez.

Com a chegada de junho, o calor úmido e abafado era quase insuportável em Mobile, mas na ilha, com a brisa e amplidão do lugar, tornava-se bem melhor. Sutton vivia com calças leves, brancas, sempre arregaçadas até a altura dos joelhos e, quando estava de camisa, mantinha-a aberta no peito. E gostava de andar pela praia, sempre acompanhado de Jimin. Das muitas vezes em que caminhavam, o leve exercício tornava-se uma corrida, numa brincadeira quase infantil, despreocupada. Voltavam para casa correndo, apressados, rolavam pelos tapetes de palha do chão, abraçados, exultantes, esquecendo-se do mundo, e acabavam por fazer amor. Sua paixão era sempre urgente, imperiosa.

Na ilha, comportavam-se como perfeitos hedonistas, vivendo pela satisfação do momento, deixando de pensar em qualquer outra coisa a não ser neles mesmos. E seus momentos ali eram como o desfrutar constante de um paraíso na terra. Park chegava a preocupar-se, quando voltavam para a cidade, imaginando que o sonho que viviam poderia acabar a qualquer momento. Afinal, nada durava para sempre. Mas preferia deixar tais conjecturas de lado e apenas sentir. O presente era mais importante do que tudo o mais, e não queria deixá-lo passar. Sabia o que era sofrimento e também que podia deixar dias piores para o futuro. "Agora, não", repetia-se sempre.

"Agora, não".

O calor era intenso naquele final de tarde de julho. O sol, transformado numa imensa bola de fogo, mergulhava muito devagar, por trás das águas do golfo, e Jimin, tendo acabado de tomar um longo banho, entrou no quarto. Usava apenas uma camisa de seda, que, no entanto, ainda era quente devido ao calor reinante. Seguiu até as portas de vidro e ficou admirando o pôr-do-sol, respirando fundo, sentindo o cheiro de natureza que penetrava suas narinas. Sentiu quando Sutton apareceu, vindo de dentro da mansão. Ele trazia um balde de gelo com um champanhe numa das mãos e duas taças na outra. Ao vê-lo, parou e sorriu. Nada poderia ser mais belo do que seu Jimin assim, parado, esplêndido como uma estátua grega. Seu. Só seu.

Engoliu em seco, enquanto, muito fugaz, passava-lhe pela mente a ideia de que toda aquela felicidade iria acabar. Que logo teria de dispensar a companhia dele, mandá-lo embora, tirá-lo de seu caminho para sempre. Outra vez.

Afastou tais ideias, porém, deixando-as para a hora certa de tê-las. Não naquele momento. Deixou as taças e o balde sobre uma mesa próxima e, por trás, abraçou Park com força:

— Feliz, meu querido? — Inquiriu, com voz rouca, dando-lhe densos beijos no pescoço e nos ombros.

Arrepiado, Jimin cerrou os olhos para responder:

— Não poderia estar mais... Oh, Sutton, como é possível vivermos assim, neste... Neste paraíso absoluto? Às vezes, tenho medo, sabe?

Sutton o fez voltar-se. Em seus olhos, cheios de desejo, havia, de novo, um brilho que Jimin já vira antes, que reconhecia, mas que não compreendia. Era como se Sutton tivesse uma satisfação íntima, total, por saber eu ele o amava demais, sem freios, sem restrições. Uma satisfação que ia além do normal.

Deixou-se beijar, perdendo-se em mais um dos carinhos intensos que os beijos de Sutton eram na verdade. Ele sabia, sim, como agradar alguém. Quando queria era doce, suave, e, ainda assim, poderoso, forte, dominador. Devagar, levou Park consigo para a cama. Ambos entendiam que passariam mais algumas horas de adorável idílio amoroso, mas estavam trêmulos de antecipação. Como sempre. Como se fosse sempre a primeira, intensa e ardente vez.

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