Capítulo 02

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O fraco sol invadiu a janela do meu quarto dando luminosidade para o mesmo, não foi o que me despertou mas o que me incentivou a levantar. Tomei um banho colocando uma roupa leve porém quente, não sabia como era o clima daquele lugar, que combinava com uma pequena bota preta de salto. Olhei-me no espelho e arrumei meus cabelos loiros, Anne tinha feito um trabalho tão bom que passava um aspecto quase que natural, se não fossem meus olhos de descendência coreana.

Desci as escadas até a cozinha e vi minha irmã cozinhando algo na frigideira com animação enquanto cantava.

– Panquecas? – perguntou apontando para o prato já cheio delas assim que me viu.

– Ah sim, por favor – falei me sentando na bancada.

– Cinco ou seis?

– Seis – pedi. Ela logo ajeitou as que estavam prontas com a que tinha acabado de fazer, empilhou estrategicamente no prato e despejou um pouco de calda de morango.

– Prontinho.

– Obrigada – agradeci colocando um pouco na boca e soltando um pequeno suspiro, aquilo estava maravilhoso.

– Muito engraçadinhas vocês duas – papai falou aparecendo na cozinha apontando para nós – Me deixaram ontem sozinho na floresta e naquela montanha, felizmente o urso valeu a pena.

– Aposta foi aposta, caçamos primeiro – dei de ombros.

– Certo, vou lavar a louça por um mês como combinado, os Linstons não descumprem uma promessa nunca, mesmo que isso tenha sido uma leve trapaça – sorriu com as panquecas que Anne colocou em seu prato – Obrigado querida.

– Então, o que faremos nesta cidade para disfarçar? – questionei colocando um pedaço da panqueca na boca.

– Acho que já devem estar falando da nossa chegada – comentou Anne servindo a si mesma agora.

– Hm, eu estou como médico voluntário como sempre no hospital da cidade, Anne vai entrar no ensino médio.

– De novo? – perguntou minha irmã incrédula – Fala sério pai! Já vai ser a segunda vez.

– Terceira – corrigi.

– Piorou! Pai, não vou suportar o ensino médio mais uma vez. Fora que é injusto porque eu sei mais coisas que os humanos.

– Infelizmente não tem como eu disfarçar você como faço com sua irmã – se lamentou – Mas não se preocupe, ela vai uma jovem professora recém formada na escola da reserva.

– Vou ser o que? – perguntei involuntariamente em um tom mais alto.

– Precisavam de uma professora, arrumei um emprego para você. Sei que gosta da sua independência financeira pra algumas coisas.

– Vou ter pelo menos um carro ou você espera que eu vá a pé para a reserva? – questionei sabendo que não teria como escapar, era sempre assim quando chegamos a um novo local, eu trabalhava em alguma coisa enquanto Edmund era médico ou qualquer outra profissão que salvasse vidas e Anne sempre era a estudante.

– Já está na garagem mocinha e a chave pendurada perto da porta, vocês duas começam segunda na escola da reserva, Anne como aluna e Hope como professora.

– E ensinarei o que? – perguntei.

– História – meu pai respondeu com um sorriso sarcástico – Conhece tanto sobre o mundo.

– Maravilha – Anne resmungou irônica – Será que eu e minha irmã podemos ir a Port Angeles ou Seattle pelo menos? Fiquei sabendo que tem uns livros interessantes lá.

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