Capítulo 18

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A feição de Jacob era séria e ele estava tenso enquanto me encarava, fora os braços cruzados que denunciavam sua leve irritação, o seu maxilar estava travado.

Tentei ignorar o quão bonito ele estava, não era hora para aquilo.

– Vocês contaram para ele? – perguntei a Thomas e Leah que estavam atrás de Jake.

– Não Hope, ele já estava aqui quando chegamos – disse Leah o olhando de forma torta – A menina já disse que estava bem Jacob, não sei porque está no pé dela.

– Você também está aqui Clearwater – retrucou.

– Meu caso é diferente – explicou.

– Diferente? – Jacob perguntou mais para mim do que para ela – Como?

– Bom...fui eu que pedi ajuda dela para salvar a Anne – comentei – Pra ela e pro Thomas.

– E por que não me pediu? – vi a decepção passar brevemente pelos seus olhos.

– Porque eu sabia que você ia começar um discurso sobre ser perigoso e todo o blablabla, mas quem precisa mesmo salvar minha irmã sou eu.

– E ela deixou de ser a donzela indefesa – brincou Thomas, revirei os olhos.

– Vai ficar para nos ajudar ou não? – Leah questionou impaciente – Porque se for para atrapalhar, pode ir embora.

– Tá – concordou depois de alguns segundos e me olhou – Qual seu plano?

– Anne disse que minha mãe pode ser uma bruxa e deu algumas instruções que pode salvá-la, mas primeiro preciso abrir o grimório dela.

– Deixe-me ver – estendi o objeto a Thomas que olhou por alguns minutos – É celta a origem disso, Anne nasceu na Escócia certo?

– Sim.

– Pode ser que a mãe dela seja da Irlanda, porque isso é irlandês.

– E o que isso significa? – perguntou Jacob.

– Há muito tempo, a maioria das convenções de bruxas aconteciam naquela região, provavelmente vinham do mundo inteiro então…

– Minha mãe biológica pode ter conhecido a mãe de Anne – constatei.

– Exato, e isso significa que só você pode abrir e ler o que tem aqui dentro – Thomas me devolveu o grimório – Tente.

– Como?

– Sei lá, a abracadabra aqui é você. Tente cantar ou recitar algo, pode ser que dê certo – deu de ombros.

Olhei para o grosso livro que estava em minhas mãos. Se era de origem celta e Anne sabia disso, significava que para abri-lo tinha que ser algo relacionado a isso.

– Havia uma canção que ela adora e cantarolava enquanto pintava numa antiga casa que moramos – murmurei comigo mesma analisando o livro em minhas mãos.

– E você se lembra dela? – Jacob me perguntou.

A memória de Anne quando já tínhamos estacionado nosso crescimento invadiu minha mente. Morávamos no interior da Irlanda, uma vila bastante simples que Edmund atuava como médico local, alguns moradores mais velhos chegavam a usar vestimentas tradicionais.

Minha irmã estava na janela com seu tripé e tela pintando a paisagem do campo, que estava lindo no outono, enquanto cantarolava.

– Música bonita – comentei tirando minha atenção do livro e olhando para ela.

– Ah, eu sonhei com uma mulher que parecia minha mãe e ela cantava.

– Como assim?

– Também não entendi – deu de ombros – Mas ela dizia para nunca esquecer essa música.

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