Capítulo 28

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— É aqui?

— É.

— Certeza?

— Absoluta.

— Mas…

— Anne, é aqui sim — murmurei vendo a casa na beira do lago brilhando majestosamente — Eu sinto uma energia ancestral.

— Lógico que sente.

Me virei para trás em um pulo, assim como Edmund e Anne, deparando-me com uma mulher, que deveria estar na faixa dos cinquenta anos, com chapéu, avental e luvas de jardinagem ostentando um sorriso bastante gentil.

— Perdoe-nos chegar assim sem avisar que… — Edmund parou de falar ao ver a mulher erguer a mão em um sinal de pare.

— Eu sabia que viriam cedo ou tarde.

— Sabia? — perguntei.

Ela assentiu e focou sua atenção em mim.

— Finalmente voltou para casa da forma certa, Hope — ela se aproximou de mim e colocou uma mão em minha bochecha, sua temperatura era de um ser humano embora o brilho dourado dançando em seus olhos mostrasse que ela era como eu — Acho melhor entrarmos, logo vai chover e ninguém merece ficar molhado.

— Hã...qual o seu nome? — perguntei quando ela passou por nós e começava a andar para a casa.

— Pode me chamar de Sorim.

☁︎⛭☁︎

O interior da casa era aconchegante e cheirava levemente a lavanda, algo suave que poderia me fazer ficar ali por horas sem me cansar.

— Podem se sentar — ela apontou para o sofá branco que tinha várias almofadas verdes escuras — A casa é simples, mas posso recebê-los bem em nome de todas as bruxas.

— Então ainda estão vivas? — perguntou Anne.

— Oh sim, algumas vivem muito bem escondidas em ilhas remotas que não tem como saberem. Somos mais discretas hoje em dia, eu por exemplo sou dona de uma rede de produtos orgânicos que fazem bem à saúde.

— Muito discreta — Edmund murmurou ao meu lado me fazendo cutucá-lo nas costelas — Ai garota!

— Parece que você me conhece — comentei — Posso saber como?

— Senti quando você entrou no "ramo da família" — Sorim fez aspas no ar — Como se saiu no ritual?

— Bem.

— Fico feliz em saber disso, mas acho que não me procurou exatamente para aperfeiçoar seus poderes ou estou errada?

— Não. Eu queria saber sobre meu pai biológico.

— Seu pai biológico? Ora, e para o quê querida?

— Bem — Edmund respondeu por mim — Hope está sendo perseguida, pra não dizer atacada, por Caius Volturi que alega ser o pai dela.

— Caius Volturi? — a mulher fez uma careta — Não mesmo, por Merlin! Você não é filha de um Volturi, sua mãe teria que estar muito doida para chegar perto deles.

— Os Volturis não gostavam das bruxas? — Anne perguntou.

— Até hoje não gostam, por que acha que nos escondemos? Aro e aquela corja nojenta dele denunciou muitas bruxas quando os humanos suspeitavam deles, vários clãs da magia acabaram por causa daqueles italianos.

Notei que os vasos de plantas no canto começaram a tremer e rachar, as mãos de Sorim começaram a emitir alguns brilhos levemente dourados.

Um estrondo veio da cozinha, e quando olhei, era o vaso em cima da bancada próximo da pia que havia caído no chão.

— Me desculpe, só de lembrar deles eu fico muito irritada.

— Está tudo bem — sorri fechado — Mas você conheceu meu pai então?

— Oh sim! Dongwook era um bom vampiro, meio solitário até conhecer a sua mãe, a doce e bela humana Sooji. Ele até chegou a mudar a dieta para sangue animal por ela, era algo bonito de se admirar quando estavam juntos. Uma pena que tudo acabou tão rápido, Sooji não merecia um final como aquele e Dongwook… ah, pobre rapaz.

A expressão de Sorim me deixou com um nó na garganta, eu conhecia bem aquele tom de voz.

— E onde ele está agora? — Anne perguntou vendo que eu não faria aquela pergunta.

— Infelizmente morto. Tentou proteger sua mãe de um ataque de vampiros nômades quando ela estava no fim da gravidez, mas não resistiu.

Meu pai biológico estava morto e minha mãe também, ambos tentaram me proteger mas morreram.

— Você — falei baixinho tentando driblar o nó em minha garganta — Tem alguma foto deles? Alguma coisa?

— Sinto muito querida mas não tenho nada, tudo o que me lembro está apenas na minha memória.

Assenti e foquei em minhas mãos deixando às lágrimas caírem livremente ainda tentando digerir que meus pais morreram tentando me proteger, e eu não sabia ao menos como eles eram.

Eu não notei quando fomos embora, ou o que exatamente Sorim me falou enquanto me abraçava. Eu estava sem chão e sem controle dos meus sentimentos, só queria chorar.

E chorar.

E chorar.

— Hope — Edmund me chamou. Levantei minimamente a cabeça vendo que estava no sofá de casa e que Anne me olhava estendendo um copo de suco.

— Eu…

— Não precisa dizer nada — minha irmã me consolou — Te entendemos e estamos aqui para você sempre.

— Sempre — garantiu Edmund.

— Eu amo vocês — sussurrei, com a garganta doendo pelo choro, sabendo que eles ouviriam e apenas fechei ao sentir os braços deles em torno do meu corpo, era acolhedor e podia me sentir minimamente em casa.

Eu não tinha mais uma família biológica, mas Edmund e Anne eram minha família do coração que eu sempre protegeria e amaria.

☁︎⛭☁︎

Notas da autora: Hey pessoal, como estão?

O capítulo foi curtinho para explicar o que houve com os pais biológicos da Hope, e agora que já sabemos, o confronto final contra Caius vem.

O que estão achando? Me contem tudo e muito obrigado pelos 50K, vocês são demais 💕💕💕💕

Até o próximo!

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