UM PASSO A MAIS

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Lux foi cabisbaixo por todo o caminho

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Lux foi cabisbaixo por todo o caminho. Eu sabia que ele queria chorar. Estava nítido. Mas ele estava se segurando o máximo para que isso não acontecesse.

Por ele ainda carregar esses traumas, os demais não conseguem entender o lado dele. Apenas Marinna fazia isso. Porque ela viu tudo acontecendo. Só ela entendia as dores de Lux. Mas os demais acham que é drama. E isso me irrita profundamente.

Assim que chegamos em casa, Lux me esperou sair do carro, o que era estranho, já que ele sempre corria para se trancar no quarto. Me aproximo, o olhando atenciosamente.

— Você está bem? — Lux me olhou. A resposta em seus olhos marejados estava clara. Suspirei, sorrindo levemente e secando uma lágrima solitária que escapava do seu olho esquerdo. Lux segurou a ponta da minha camisa, e eu já sabia que ele queria entrar. Então tratei de fazê-lo.

O acompanho até o quarto, vendo ele parar na porta, me olhando tristemente. Eu estava com tanto medo que ele se machucasse de propósito...

— Lux... qualquer coisa... qualquer coisa mesmo, eu estou no quarto ao lado. Pode ir até lá ou gritar, não sei...

— Eu não quero ficar sozinho... — Murmurou, começando a derramar suas lágrimas. Ouvir aquilo me deu um aperto no peito. Lux sempre me dizia isso quando estava à beira de cometer uma loucura consigo mesmo, e me pedia para ficar com ele, para que isso não acontecesse.

Entro no quarto, fechando a porta e vendo ele seguir até o banheiro, deixando a porta aberta e tirando a roupa. Eu não podia negar que Lux me atraía, mas na cabeça dele, todo mundo o odeia e tem nojo dele. Ah, Lux... se você soubesse...

Me deito na cama, esperando ele terminar de tomar banho e ligo a televisão, colocando um filme qualquer de comédia. Lux logo saiu do banheiro, usando um moletom enorme e que parecia um vestido para ele. Dei espaço na cama, achando que ele ficaria receoso se eu estivesse muito perto, mas para a minha completa surpresa, Lux se deitou em meu peito, pousando a mão em minha barriga e fechando os olhos lentamente.

Eu não sabia o que fazer. Ele sempre deitou o mais longe possível de mim, e meio que eu já estava acostumado a somente observá-lo a noite inteira, mas não estava esperando essa atitude dele. Eu deveria abraçá-lo também? Ou ele podia ficar assustado com isso?

— Marinna sempre dormia comigo quando eu ficava mais triste... Pode me abraçar? — Pediu, choroso. Oh, Lux... Como eu iria negar esse seu pedido, garoto?

Sorri, o abraçando, juntando mais ainda o seu corpo junto ao meu. Ele se aninhou em meus braços, suspirando profundamente, mantendo seus olhos fechados.

— Você faria qualquer coisa por mim? — Lux questionou, um tempo depois, me deixando confuso.

— Claro que faria, Lux. — Confirmo, vendo ele se levantar o suficiente para me olhar nos olhos.

— Se eu te dissesse que eu não estou feliz... que meu desejo é morrer, você me mataria? — Fui pego de surpresa com aquela pergunta e rapidamente me sentei.

— Lux, que tipo de pergunta é essa? Eu jamais machucaria você! — Digo, vendo ele suspirar, abaixando o olhar.

— E por que eu tenho que continuar vivo?! Eu sou um fardo para todos, incluindo você. Marinna morreu por minha causa, e você pode ser o próximo. Eu que devia ter sido atingido por aquela bala, não a Marinna! — Exclamou, agora aos prantos. Eu estava assustado com as coisas que Lux dizia, e rapidamente o puxei para um abraço, não me importando se iria assustá-lo ou não. Eu só queria tentar tirar aquele pensamento da cabeça dele.

— Mas você está aqui, Lux. Você não é um fardo para mim. Eu estou cuidando de você porque eu quero. — Falo, sincero, ainda o abraçando. Lux suspirou lentamente, com o queixo apoiado em meu ombro.

— Você está cansado, Adam... — Murmurou, em um tom baixinho. — Pode até está fazendo por querer... mas eu estou te cansando. Eu também já estou farto disso. Não aguento mais. Eu não quero viver e todos deviam entender isso! — Exclamou, entre soluços.

Apenas o aperto mais forte em meus braços, não sabendo o que dizer. Realmente, não era fácil cuidar de uma pessoa que sofreu um trauma tão grande como Lux sofreu. Tinha dias que eram realmente impossíveis de sequer respirar. Mas eu não me importava. Eu só queria garantir que ele estivesse bem e seguro. Queria que ele superasse tudo que passou.

— Lux, não diga essas coisas. Eu quero cuidar de você. Eu quero te ajudar. Por favor... eu não quero que desista. Não vou conseguir sozinho... — Desabafo, vendo ele chorar baixinho, passando seus braços em volta do meu pescoço.

Ficamos ali por um longo tempo, até Lux acabar adormecendo em meus braços. Seu rosto estava vermelho de tanto chorar. Enxugo suas lágrimas recentes, me deitando com cuidado na cama, o mantendo acomodado em meus braços e em meu peito.

Puxo o edredom para nos cobrir e tiro alguns acessórios de cabelo que Lux usava, o deixando sobre a pequena cômoda ao lado. Aperto o pequeno controle ao meu lado, desligando todas as luzes, deixando o quarto parcialmente iluminado com a luz da lua que invadia o ambiente pela varanda.

Encosto minha cabeça na de Lux, fechando meus olhos e adormecendo em poucos segundos. Eu realmente precisava descansar um pouco...

BOYS DON'T CRY - Adam Berryann Onde histórias criam vida. Descubra agora