CONFUSÕES E DESILUSÕES

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Abraço o travesseiro mais forte, nem mesmo sentindo mais meu rosto após passar a noite chorando, não conseguindo dormir por um segundo

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Abraço o travesseiro mais forte, nem mesmo sentindo mais meu rosto após passar a noite chorando, não conseguindo dormir por um segundo.

Já era um novo dia, e Adam provavelmente estaria saindo do hospital. Eu prometi ficar com ele, mas depois da nossa conversa, seria ilógico eu ficar lá.

— Lux! — Reconheço a voz de Adam, batendo na porta. Permaneço imóvel, não querendo falar com ele. Minha sentença era continuar sozinho. Assim eu deveria ficar desde o início. Eu certamente não estaria passando por isso agora.

Merda... Por que dói tanto?! Eu não quero sentir isso...

— Lux! Abra a porta. Precisamos conversar. Por favor, baixinho... Eu não queria te dizer aquilo. Por favor, ao menos abra a porta. Por favor... — Pediu, com a voz rouca.

Meus olhos doíam ao tentar fechá-los. Eu estava coberto pelos meus antigos moletons. Estava com frio, mesmo que lá fora o tempo estivesse limpo.

— Lux... — Adam destrancou a porta, o que me fez lembrar que ele tinha a cópia da chave do meu quarto. Merda... — Lux, me desculpa. Amor, não faz isso comigo. Eu odeio te ver assim. — Adam deitou na cama, me abraçando fortemente.

— Me solta... — Peço, baixinho, sentindo minha garganta doer. Adam continuou me abraçando, chorando.

— Não. Não vou te soltar. Eu não quero que acabe assim. São coisas diferentes, Lux. Você e eu não tem nada a ver com Helena e o meu filho. É só com a criança que eu me preocupo, mas é você que eu amo, não ela. — Fecho os olhos, me encolhendo ainda mais.

— Saia daqui... — Murmuro, com minha cabeça latejando de dor. Adam suspirou, me soltando aos poucos.

— Lux... não pense que vou desistir assim, por uma bobagem.

— Com ela você pode ter a família perfeita. — Balbucio. — Comigo você só terá do lado um garoto problemático. Saia daqui, Adam. Não estou com cabeça agora. — Falo, cansado. Adam passou a mão em meus cabelos, o que fez meu corpo reagir, mas ignorei a sensação de imediato.

— Tudo que posso garantir, é que eu quero casar com você, não com ela. Entenda. — Ditou, se retirando do quarto.

Suspiro, me cobrindo até o pescoço com o edredom, tremendo de frio e de dor. Dor por fora e por dentro. Eu não aguento mais chorar...

Olho para minha cômoda, vendo a lâmina que eu usava antes para me cortar. A dor física dói menos que a psicológica...

Respiro fundo, fechando meus olhos, tentando ignorar, me encolhendo ainda mais. Eu não queria voltar a ser como antes. Não queria...

. . . . .

Me remexo na cama, abrindo os olhos lentamente, me assustando ao ver Adam sentado na cama, segurando uma compressa úmida em minha testa.

— O que está fazendo...? — Questiono, baixinho. Ele suspirou, me mostrando um termômetro.

— Você está com febre alta. Estou ao menos esperando abaixar, caso contrário, irei te levar ao hospital. — Falou, em um tom sério, porém calmo. Desvio o olhar, envergonhado, não sabendo como agir. Parecia que ele havia se tornado um estranho. — O que está sentindo além da febre?

— Dor... — Murmuro, me remexendo desconfortável. Adam me encarou, preocupado.

— Aonde? — Questionou. Pego sua mão, a levando até meu peito.

— Aqui... — Balbucio, sentindo minha visão embaçar pelas lágrimas. Adam me olhou, em silêncio por alguns segundos, segurando minha mão e a levando até seus lábios, depositando um beijo suave.

— Me diz, como eu faço para parar de doer? — Questionou, em um sussurro.

— Senhor. — Alguém bateu na porta. — A dona Helena está lá embaixo querendo vê-lo. Diz que é importante. — Era um dos soldados. Suspiro, fechando meus olhos, me cobrindo com o edredom e lhe virando às costas.

— Lux, se quiser eu mando ela ir embora. — Nego, secando minhas lágrimas com o lençol.

— Eu sei que você quer vê-la. Vai lá. Deve ser importante para ela ter coragem de vir até aqui... — Balbucio.

— Lux, você não está bem...

— Adam, saia daqui antes que eu fale o que não devo! — Exclamo, impaciente. Adam suspirou, se levantando e guardando o termômetro e a maleta d e primeiros socorros.

— Eu volto já. Prometo. — Ditou, beijando meu rosto, saindo do quarto.

Volta... sei...

Me forço a levantar da cama, cambaleando até o banheiro. Tudo estava girando, mas me forcei a andar até a pia, abrindo a torneira, lavando meu rosto. Me olho no espelho, notando o caos que eu estava, com o rosto vermelho e todo inchado pelo choro e a noite em claro.

Respiro fundo, tentando voltar para a cama, mas a tontura bateu novamente, como um baque forte, me desequilibrando por meio segundo, mas me seguro na porta do banheiro, tentando focar minha mente e minha visão, o que parecia ser impossível naquele momento.

Olho para a cama, não estava tão longe. Eu só precisava chegar até ela e ficaria tudo bem. Mas no primeiro passo que dou, sinto minhas pernas cederem de imediato, e minha mente apagar de vez...

BOYS DON'T CRY - Adam Berryann Onde histórias criam vida. Descubra agora