NÃO QUERO ME AFASTAR

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Helena

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Helena... Ela era aquela mesma mulher que vi beijando o Adam na rua. Como ela pôde...?!

Eu passei a vida sofrendo nas mãos dos meus pais, sejam eles os biológicos ou adotivos, ou até mesmo no orfanato. Tanto faz, me tratavam da mesma forma. E quando cheguei aqui, na Itália, Adam me notou. Dentre todos, ele soube que eu tinha problemas sérios e que ninguém estava interessado em se preocupar. E eu não queria que se preocupassem. Mas Adam de preocupou da mesma forma.

Desde daquele dia, ele não saiu do meu lado. Ele cuidou de mim, me aconselhou, tentou me fazer ri, mesmo falhando muitas vezes, mas ele nunca deixou de tentar. Eu me acostumei com sua presença. Eu tinha medo de todos, mas não tinha medo dele. Era uma confiança mútua e que eu sentia nitidamente que aquele homem não me faria mal.

Adam esteve comigo em todos os momentos. Exatamente em todos os momentos. Quando Marinna morreu, ele dormiu em meu quarto por uma semana, porque eu não queria mais viver. Meus irmãos estavam recebendo os demais familiares da realeza, portanto, esqueceram de mim.

Mas Adam não esqueceu.

Ele nem dormiu direito nas três primeiras noites, já que eu estava determinado a tirar minha vida e só estava esperando ele adormecer. Mas Adam não dormia. Ele ficava cuidando de mim. Às vezes eu fingia dormir para ver se ele me deixava sozinho, mas ao invés disso, ele me cobria com o lençol, ajustava o ar-condicionado, e até checava para ver se eu não estava com febre ou coisa parecida.

Ele fez por mim o que ninguém fez.

Se eu um dia puder me entregar a alguém... Adam certamente seria o único homem por quem eu teria extrema segurança. Porque eu confio completamente nele.

Dessa vez, eu não dormi direito. Fiquei observando Adam enquanto ele dormia. Devia está exausto, pois ele sempre quis garantir que eu dormisse primeiro. Era uma mania boba, mas ele sempre agiu assim. Eu achava fofo, e fiquei até contente de saber que ele dormiu primeiro agora. Sinal de que sabia que eu não ia deixá-lo, e não iria fazer nenhuma loucura.

Ao menos... não em mim mesmo.

Depois que soube do que Helena fez, eu fiquei furioso por dentro. Eu sei o quanto dói ser violentado dessa forma. Até pior do que isso, mas Adam... não estava esperando algo assim e ficou recluso depois disso. É normal, eu entendo.

Mas não aceito que ela saia ilesa.

Eu realmente não me importo mais com os outros. Apenas me importo com Adam, e até mesmo Harry, que sempre esteve comigo quando algo não andava bem. Mas, hoje, eu faria qualquer coisa por Adam.

Eu mataria por ele.

Sem dúvida nenhuma.

Harry já treinava há um bom tempo na máfia, junto com o marido. Mas eu não queria isso para mim. Eu não quero todo dia levantar peso ou atirar em alvos. Não preciso dessa burocracia.

É só usar a cabeça...

Por terem me silenciado por anos e ter convivido com pessoas violentas, me tornei muito observador. E não é difícil atingir uma pessoa onde mais dói. Na hora da raiva, ela solta sua maior fraqueza sem nem perceber.

E qualquer estrupador, na minha nítida opinião, merece sofrer da pior forma. Pagando com o próprio veneno.

Adam se remexe na cama, o que me assustou, já que ele acabou se aproximando ainda mais de mim. Seu braço estava envolta da minha cintura, me mantendo junto ao seu corpo e seu rosto quase grudado ao meu.

Estremeci, tendo flashes dolorosos do meu passado, o que acabou me deixando inquieto.

Minha respiração estava cada vez mais pesada. Olho para Adam. Meu corpo doía e a falta de ar parece que ia me matar. Ele estava muito perto. Perto demais...

Aperto meu peito, que ardia como brasa. As palavras, os toques, aqueles homens... tudo voltou à minha mente como balas atravessando meu corpo, me lembrando do quão podre eu era. Do quanto meu corpo era sujo pelos toques daqueles desgraçados e das risadas de quem assistia.

Respiro fundo, tentando me acalmar o máximo que conseguia.

É o Adam que está aqui, não eles... Não preciso temer...

Meu corpo continuava doendo, como se fossem gritos, ordenando que eu me afastasse dele, que ficasse o mais longe possível.

Não... eu não quero me afastar... Arfo, tomando forças e abraçando Adam, grudando de vez os nossos corpos. Fechos meus olhos, respirando fundo e tentando conter os meus próprios demônios. Adam precisava de mim agora, eu não podia agir daquela forma de novo. Eu não queria.

— Lux...? — Adam murmurou, sonolento. Eu sorri em meio ao choro. Parece que sempre adivinha quando estou precisando ouvir sua voz. — Você está bem?

— Estarei se me abraçar. Me abraça. Me abraça apertado, por favor... — Peço, em meio ao choro. Adam não disse mais nada, apenas me abraçou fortemente, mantendo uma mão envolta da minha cintura e a outra em minha cabeça, me mantendo completamente junto de si, como se pudesse me proteger de qualquer mal.

Respiro fundo, sentindo seu cheiro amadeirado, graças ao banho e ao seu perfume. Seu cheiro era único. Senti meu corpo relaxar. Minhas pernas não tremiam mais e as dores haviam sumido. A respiração aos poucos se normalizou, permitindo minha tranquilidade, ao menos por um tempo.

— Vai ficar tudo bem... — Adam sussurou, depositando um beijo no topo da minha cabeça e me apertando mais forte contra seu corpo. Assenti, passando meu braço por seu pescoço e descansando minha cabeça em seu peito.

Só então eu pude finalmente descansar. Dormir e me sentir seguro durante a noite toda.

BOYS DON'T CRY - Adam Berryann Onde histórias criam vida. Descubra agora