NADA VAI MUDAR

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Suspiro profundamente, olhando meu braço esquerdo repleto de cortes, alguns cicatrizados, outros nem tanto

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Suspiro profundamente, olhando meu braço esquerdo repleto de cortes, alguns cicatrizados, outros nem tanto. E ao ouvir a porta do quarto de abrindo, rapidamente puxo a manga do moletom, escondendo aquela sequência de linhas vermelhas em meu braço.

— Que bom que já está pronto. Eu estava pensando em sair um pouco. O que você acha? — Péssima ideia! Adam suspirou, ao notar meu desgosto. Mas ele nunca sequer mudou de ideia. Sempre insistiu em me levar para fora de casa, para perto das pessoas. Se ele queria fazer amigos, tudo bem. Mas eu estou longe de querer isso. Aceitei que ele ficasse comigo porque foi um pedido de Marinna. E pensar nela... ainda me dói profundamente. Porém, uma dor a mais ou a menos não vai fazer diferença em alguém que já está mais que acostumado com isso.

— Certo, eu sei que não gosta, mas é para o seu próprio bem, Lux. Além disso, Conrad e Harry vão também. Um jantar simples com conhecidos. Tudo bem? — Adam insistiu, e eu suspirei, não vendo saída. Ele me levou até a sala, onde Conrad e Harry nos esperavam.

— Oba! Que bom que aceitou ir com a gente! — Harry exclamou, me abraçando de lado, o que me assustou um pouco, mas depois do que Harry fez com aquela maldita mulher, ele ganhou a minha consideração. Tanto ele, como Adam, me livraram de um pesadelo. Mas as lembranças não podem ser mortas. E se houvesse alguma forma de apagar minha memória, eu aceitaria na mesma hora. Talvez só assim parar viver uma vida como eles vivem.

— Vamos, amor. — Conrad falou, chamando Harry, pegando o casaco do marido e o guiando até o carro. Adam sorriu, pousando as mãos em minhas costas e me guiando para fora da mansão. Entramos no carro e Conrad logo deu partida.

. . . .

— Eu amo a comida desse lugar. — Conrad comentou, sorrindo e pegando o cardápio. As mesas do restaurante ficavam a maioria no lado de fora, em um enorme jardim, o que dava vista para a rua e o céu estrelado.

— Você convidou os outros? — Adam questionou, olhando para Conrad.

— Sim. Só que refleti depois e não sei se foi uma boa ideia... — Murmurou, fazendo uma careta.

— Por quê? — Antes que Adam obtivesse sua resposta, Cameron chegou, já gritando para o garçom trazer uma bebida alcoólica e se juntando à mesa. Poucos minutos depois, vejo minha irmã Lady Marina chegando. Ela sorriu ao me ver, e eu também estava mais calmo ao ver minha irmã aqui. Ela me abraçou, beijando meu rosto, e se sentando no meu lado vago, fechando a cara ao ver Cameron. — Aah... agora eu entendi. — Adam comentou, tomando um pouco da sua água, se recostando na mesa.

Os irmãos de Adam foram chegando aos poucos, uns mais atrasados que outros, e cada um com seus companheiros. Estavam todos juntos novamente e precisou de mais mesas e cadeiras para juntar todo mundo.

Conversas aleatórias se iniciavam, enquanto eu observava a avenida, e em cima de um prédio havia um homem. Havia um aglomerado de pessoas em baixo dizendo para ele não pular. Até o corpo de bombeiros e a polícia estava ali. Isso logo chamou a atenção de todos ali da mesa. E poucos minutos depois, o homem pulou, não havendo mais o que fazer. As pessoas estavam desesperadas, umas em choque.

Voltei minha atenção para meu prato já servido à minha frente, comendo um pouco da comida, enquanto todos lamentavam a morte daquele homem. Com o tempo, aprendi a não sentir empatia, já que nunca tiveram comigo.

— Amor, fica calmo... — Conrad murmurou, vendo Harry quase chorando ao presenciar o acontecido.

— Eu não consigo ver esse tipo de coisa, amor. É doloroso...

— Lux, você está bem? — Adam questionou, me olhando com atenção. Assenti, continuando a comer minha comida. Ele continuava me encarando, com certa preocupação e dúvida. Por que eu iria me preocupar com um estranho que nunca vi na vida?

— Céus, por que aquele homem fez aquilo? — Pettra questionou, massageando o peito com a mão.

— Talvez porque viver já estava insuportável... — Murmuro, enchendo minha boca com a carne, enquanto todos se calava e agora tinham a atenção voltada para mim.

— Lux! Não devia falar assim! — Lady Marina repreendeu, me olhando irritada. A olho, indiferente.

— Falei alguma mentira?

— Você está sendo insensível! Todos nós sofremos, você não é o único coitadinho aqui! Depois que Marinna morreu você ficou ainda mais insuportável! — Largo os talheres ao ouvir aquilo, me levantando rapidamente e olhando para Adam.

— Eu quero ir embora. — Falo, prendendo as lágrimas. Adam apenas assentiu, se desculpando com Conrad e se levantando. Ele chamou um táxi e logo retornamos para casa. Eu sabia que sair era sempre uma má ideia.

Mas ninguém me ouve...

BOYS DON'T CRY - Adam Berryann Onde histórias criam vida. Descubra agora