(Concluída)
"O que tem de ser, tem muita força. Ninguém precisa se assustar com a distância e com os afastamentos que acontecem. Tudo volta! E voltam mais bonitos, mais maduros, voltam quando tem de voltar, voltam quando é pra ser."
Segunda tempora...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Tenho plena certeza de que quem passasse por perto daqui acreditaria estar assistindo alguns dos programas do Animal Planet, um daqueles em que a onça feroz acua a pobre capivara.
E, claramente, eu sou a capivara nesse momento.
– Às vezes eu me pergunto o que que deu tão errado na hora da sua fabricação. – Escuto a voz brava, bem perto do meu ouvido.
– Me solta, pra que eu possa chamar o médico e avisar que você está completamente normal e que já pode voltar pra casa. – Tento me afastar dos dedos pressionando minha orelha, mas isso só faz com que ela intensifique o apertão.
– Eu é que vou chamar ele, vou pedir uma dose extra de calmante. Você só me faz passar raiva, garota. – Mamãe continua dizendo e aproveita para me puxar mais pra perto, pela orelha.
Sem nenhuma alternativa, faço o que posso pra conter a dor e me sento ao seu lado na cama, dando um tapinha inútil em sua mão.
Seria cômico se não fosse trágico, pra mim.
– Você pode me soltar agora, eu prometo que escuto a bronca calada. – Reviro os olhos e chacoalho a cabeça pro lado, finalmente conseguindo me livrar do aperto. – Não precisava disso, a Haysla já me bateu o suficiente.
– A Haysla te bateu? – Ela me questiona com os olhos arregalados.
– Me atacou com algumas almofadas.
– Bem feito. – Mamãe diz com os olhos brilhando, me causando revolta.
Com um bico enorme nos lábios, saio do lado dela e me sento aos seus pés, me cobrindo com o lençol branco com o logo do hospital. Antes de começar a abrir o jogo, dou uma olhada na porta, pra conferir se Shawn e meu pai não estão voltando, mas tudo indica que não.
– Não precisa ficar me dando bronca, mãe. Não é bom pro seu estado de saúde e também não é necessário. – Digo pegando a mão dela sobre a coberta. – Durante esses dias eu tive muito tempo pra pensar e já sei que fiz burrada, outra vez.
– E o que você vai fazer agora? – Ela pergunta e me olha de maneira cautelosa.
– Como você mesma diz, vou colocar meu rabo por entre as pernas e me abrir com ele. E não vai ser tão fácil quanto parece, mãe. – Suspiro e bebo um gole de água da garrafinha em minhas mãos. – Eu quero muito ficar com ele, de verdade. Mas eu também quero ficar mais um tempinho por aqui, com vocês.
– Alicia.. você não precisa fazer isso. – Vejo minha mãe se levantar devagarinho e apoiar as costas, antes de respirar fundo e olhar pra mim. – Olha, eu sei que se você ficar aqui ele não vai achar ruim. Dá pra ver que ele valoriza muito a família dele também, então com certeza vai te apoiar nisso. Mas pensa nesse tempinho precioso que você poderia estar gastando com ele e ao invés disso, escolheu ficar cuidando de mim.
