Narrador:
O sol acabava de nascer, os fracos raios solares cruzavam as cortinas entreabertas do quarto luxuoso e frio.
Ohana acordou e por alguns minutos observou a morena dormir, descobriu em si mesma que aquilo era seu desejo favorito.
A morena não imaginava o poder que tinha sobre a loira, que a cada sorriso escapado de seus lábios, era um mérito da morena de olhos escuros. Percebeu o quanto a mulher a tinha nas mãos, de como tinha tornado-se somente dela, e não sabia explicar como tudo aquilo virou um vício, de como a morena tinha roubado sua paz, seus pensamentos, seus desejos, seus sentimentos e a vontade de querer percorrer cada curva existente em seu corpo.
Ao decorrer de longos minutos, com os carinhos em seus cabelos e rosto a morena foi acordando vagarosamente. E o desejo novamente tomou aquele quarto, o vício e a insaciável vontade. Beijos, sexo, paixão, desejo, ânsia... era tudo que existia ali.
Os toques excitantes em seus corpos lhes enlouqueciam, os beijos quentes e selvagens, cada mordida, cada gemido ou gritinho de prazer, tornava aquilo tudo mais intenso...
(...)
Já era quase hora de deixar o escritório, quando a mãe de Ohana chegou a sala privada de Larissa. A morena percebeu assim que o perfume forte, caro e importado utilizado apenas por ela exalou o ambiente...
Virada de costas enquanto servia-se de um vinho Château Mouton Rothschild, observando calmamente a visão ilustre de sua sala, onde lhe dava visão de boa parte da cidade de Miami.
A voz imponente de Larissa ecoou na sala, assim que a enorme porta fechou-se.
-Larissa: Qual motivo atraiu você até aqui? (Disse virando-se e entregando uma taça)
A mulher resumiu em um único nome.
-Ivana: Ohana Lefundes.
Ivana sentou-se em uma poltrona, com as pernas cruzadas enquanto provava o delicioso vinho seco.
-Ivana: O que quer com ela?
-Larissa: Sério isso? (Sorriu sarcástica)
-Ivana: Nós duas sabemos como você é em um "relacionamento"
-Larissa: Acredite ou não, eu não farei isso com ela. (Encarou a Ivana com aptidão)
-Ivana: Não mesmo, eu não vou deixar que faça.
-Ivana: Ela não será somente um brinquedo em suas mãos, que manipula e manuseia como quer. Não a terá somente por desejo sexual Larissa.
-Larissa: Mesmo que eu seja manipuladora, fria, provavelmente chantagista. Eu sempre protegi Ohana, não vou fazer mal a quem amo.
-Ivana: Não faça, caso contrário sabe do que sou capaz.
-Ivana: Ohana já teve o coração quebrado, não quero que ela descubra que a melhor amiga que sempre teve, na qual provavelmente está apaixonada costuma iludir...
-Larissa: O meu profissional não se relaciona ao meu pessoal, não é porquê sou uma megera aqui, que serei com ela. Tens a minha palavra...
-Ivana: Apesar de terem a mesma idade, ela te tem como inspiração lari, sempre viu o melhor em você, com responsabilidade, imponência e independência.
-Larissa: E é exatamente por isso, que me sinto feliz, bem e segura ao lado de sua filha. Permita-me fazê-la feliz?
-Ivana: Eu permito filha...
Larissa abraçou a mulher que se debruçou em seus braços...
-Ivana: Cuide e a faça feliz, quando eu não estiver mais aqui... (uma lágrima desceu, enquanto a mulher acariciou o rosto de Larissa)
Larissa sorriu, e beijou sua testa em sinal de carinho.
-Larissa: Precisa contar a ela...
-Ivana: Eu não posso, não consigo. Todas as vezes que vejo aquele sorriso, ouço aquela voz, eu me sinto destruída.
-Larissa: Você tem que ser forte, assim como sempre me ensinou a ser.
-Ivana: Preciso que esteja comigo, na hora de falar...
-Larissa: Eu estarei. Quando decidir que é a hora, basta ligar, e eu irei aonde me chamar... (Larissa aproximou-se do ouvido de Ivana e sussurrou) Sempre!
Larissa confortou a mulher que desde a infância considerou como segunda mãe. Ivana tinha recebido a notícia do médico de que tinha câncer, em estágio 4, ele já se espalhava consumindo todo seu corpo. Nem mesmo a mais forte quimioterapia poderia lhe salvar, nem mesmo os melhores médicos de Miami ou de qualquer outra região do mundo. A perda de peso era constante, os dias pareciam mais curtos e as lágrimas tomavam conta de seus últimos meses...
Apenas 4 meses, era isso que lhe restava.
O que faria em 4 meses?
Apenas contar a Ohana, a única que não sabia, pois era muito apegada a mãe, e isso lhe destruiria. As viagens constantes da família eram pra visitar Ivana em um dos mais caros hospitais de Los Angeles. Ela sumia constantemente sem dar notícias a Ohana, sempre com uma desculpa de viagem a trabalho, mas era somente os dias exaustivos do hospital que tinha de enfrentar.
Após a longa tarde em que Ivana conversou com Larissa em relação a pequena, em relação a como Larissa tinha que ajudar Ohana a cuidar das empresas e de seu enorme legado. A morena retornou pra casa, onde pode relaxar por algumas horas em uma jacuzzi quentinha. Seus músculos relaxaram, os nervos acalmaram-se, e ela pode reorganizar a mente...
A loirinha logo apareceu e sentou-se atrás de Larissa na jacuzzi, ambas nuas, enquanto a loira apenas ouvia a respiração pesada da maior sentada entre suas pernas. Ohana beijou carinhosamente a têmpora da morena e massageou seus ombros ainda pouco tensos...
Não havia maldade, apenas amor, apenas paixão, apenas carinho...