Capitulo 21

4.9K 340 12
                                        

Hoje completam dois meses dede aquela noite em que perdi meu grande amor, estou sobrevivendo por enquanto, consigo ate me distrair enquanto estou acompanhada, mas na hora de dormir lagrimas banham meus olhos, pois as lembranças vêm me torturar.

Estou com sete meses de gestação e minha barriga esta enorme, embora eu não possa sentir meu bebe se mexer lá dentro, sei que esta bem, cada dia tem sido uma nova aventura, aprender a fazer tudo que antes para mim era fácil e agora é quase impossível.

Meu pai se aproximou de mim e vem me visitar varias vezes, trazendo meu pequeno Lucas que eu tanto amo, meu padrasto foi embora, ele e minha mãe estão esperando sair os papeis do divorcio, minha casa esta sendo adaptada aos poucos, meu pai contratou um engenheiro para projetar tudo e em breve eu poderei ir pra lá, ainda estou no hospital.

Descobri que antes de morrer as ultimas palavras de Bruno eram chamando pelo meu nome, e pedindo, por favor, para salvarem a mim e ao bebe, ele sofreu dores horríveis, mas que duraram pouco, pois a morte foi rápida, quando penso no tanto que ele sofreu para me salvar me dá um nó na garganta. No dia do assalto ele quis me defender, quando eu corri e o bandido atirou em mim ele  pensou que eu estivesse morta e desistiu de lutar, se jogou no chão e o bandido atirou no peito dele e fugiu, a testemunha não conseguiu identifica-lo e ate hoje ele permanece impune.

A tal moça que me ajudou, me trouxe para o hospital, chamou a policia, o nome dela é Ana, ela tem 22 anos e faz faculdade de jornalismo, é uma pessoa muito boa, veio varias vezes me visitar, promoveu campanhas e passeatas, houve protestos contra a impunidade e a fraca justiça brasileira, todos organizados por ela, eu já a agradeci muito, e sinceramente adoraria ser amiga dela.

Minha mãe e minha irmã estão tentando aprender a lidar comigo, sei que não é fácil, pois estou sempre chorando ou berrando, triste ou com raiva, dificilmente elas me veem de bom humor, confesso que sinto falta de brincar com minha Camilla, mas estou tão fria ultimamente, não sinto mais vontade de expor sentimentos, nem mesmo a gravidez me deixa sensível, ela só me deixa com os hormônios aflorados e ainda pior.

Aquela Carol meiga e doce de alguns meses atrás já não existe mais, sinto muito, mas as pessoas terão que aprender a lidar com minha nova eu e em troca eu tento ser menos ranzinza.

Dizem que o tempo é o melhor remédio, mas comigo ele não funciona, quanto mais os dias passam, mais eu sinto falta de Bruno, eu peguei todas as nossas fotos e montei um mural, pedi pra minha mãe colocar no quarto do meu bebe, para que ele sinta o quanto os pais se amaram.

Hoje eu recebi alta do hospital, conviver com aquelas enfermeiras estava me dando nos nervos já, finalmente poderei ir pra minha casa, me trancar no meu quarto e procurar ficar o máximo de tempo possível deitada, assim não darei trabalho para ninguém, assim eles não terão que me carregar pra lá e pra cá e nem participar da minha desgraça.

Foram quase três meses naquele lugar horrível, cheio de médicos que diziam sentir muito e saber o que eu estava sentindo, mas na verdade não faziam ideia do que diziam, e isso me irritava.

Irritava-me ter que receber meus parentes em horários de visita determinados e sentir a dó no olhar deles, eu não preciso de dó, nem de pena, apenas de compreensão.

Obviamente não voltei para a escola, eu teria de mudar para um colégio adaptado e refazer o terceiro colegial, afinal já está quase em agosto, eu perdi o ano letivo inteiro, e mês que vem completo 17 anos, e é o mesmo mês que meu bebe vai nascer, olha só que presentão ne?

Surpresas da vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora