Capitulo 7

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Depois que o amigo do Bruno morreu ele ficou meio colado comigo, não sei se por dó, por medo, ou por desespero, mas ele ficou, todos os dias ele anda comigo, seja na escola, na rua ou em qualquer lugar, me leva pra ver filmes, pra passear de carro, pra correr, ele esta sempre por perto.

Estamos em dezembro, e é verão, o tempo é maravilhoso, hoje é sexta feira e, depois da aula, Bruno e eu vamos ate a praia de carro, ele vai dirigindo, mesmo tendo somente 17 anos, e não possuindo habilitação. Logico que nossos pais não deixaram a principio, mas depois de muita insistência acabaram cedendo... Se a policia nos parasse estaríamos bem encrencados.

Confesso que estou um pouco ansiosa e nervosa por passar o fim de semana na praia só eu e ele, depois daquele nosso beijo nós apenas trocamos olhares e caricias, mas nunca mais rolou...aquilo de novo, não sei se porque ele considerou um erro, ou por medo que nossos pais vejam.

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- Já pegou as malas?

-Claro Bruno, tudo pronto.

-Então já podemos ir... Tchau pai, tchau Ana, tchau Camilla!

(Ana é minha mãe)

- Tchau meninos, juízo e se cuidem!

- Pode deixar!

Assim nos despedimos da chata cidade de Caieiras e seguimos rumo a baixada santista.

Eu não me lembro de já ter viajado assim antes, tipo “sozinha”. Meus pais já tinham rodado o mundo, mas nunca me levavam, o máximo que eu cheguei a ir, foi com eles no carnaval em Salvador com 2 anos.

E agora aqui estou, viajando com meu meio irmão, burlando as leis, quanta emoção!

A emoção da viajem de carro não dura muito, eu tenho a mania de dormir sempre que entro em um veiculo, e não foi diferente...Quando acordei já tínhamos percorrido 80, dos 100 km, ou seja, já estávamos quase chegando.

- Caramba, quanto tempo eu dormi?

- Umas duas horas dorminhoca, você não babou no meu banco não, ne?

- Besta, claro que não!

Pegamos transito, acabamos chegando ao apartamento já eram quase 17:00 horas, mas Bruno parecia uma criança e teimou que deveríamos ir á praia curtir o máximo de tempo possível.

Então la vou eu vestir meu maiô e meu shorts jeans, um chinelo, e fomos andando, afinal era só atravessar a rua, eu fiquei sentada na areia enquanto ele corria para o mar, fiquei pensando em quão jovial ele parecia agora, um menino de apenas 17 anos, com uma dura historia de tristezas nas costas, com sombras em sua alma, com dores em seu espirito, mas ali, pulando e mergulhando com um sorriso completamente bobo no rosto, ele não parecia mais o menino que eu odiava quando pequena, e nem um velho ranzinza cheio de magoas da vida, ele parecia um garoto, apenas um garoto.

Eu quis partilhar da alegria dele, então tirei o shorts e corri pra água, ficamos como duas crianças brincando de molhar um ao outro, e foi realmente divertido, de um jeito difícil de imaginar, quando estava com ele eu simplesmente esquecia de tudo a minha volta, dos meus problemas psicológicos, da suspeita do câncer, tudo...Parecia que minha memoria se apagava instantaneamente.

Após anoitecer, voltamos ao apartamente, e como tinham dois banheiros pudemos tomar banho e nos vestir rápido, estávamos com fome, mas não tínhamos ido ao super mercado ainda, então decidimos ir a uma daquelas feirinhas de artesanato que sempre tem nas praias, lá vendem umas guloseimas maravilhosas. Coloquei um vestido branco de renda e uma sapatilha, amarrei uma trança no meu cabelo rebelde, ele estava de bermuda jeans clara e uma camiseta cor de creme.

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