Capitulo 30

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-Podem tomar seus acentos, a sessão terá inicio.

Vejamos, caso numero 112, o senhor Felipe Almeida reclama a guarda de seu neto Bruno Lopes, da mãe e atual responsável Caroline Lopes. Confere?

- Sim meritíssima.

(o meu advogado respondeu)

- O senhor Felipe tem direito a palavra, porque deseja tomar a guarda de seu neto?

-Meritíssima, acho que fica bem claro para todos aqui presentes que a mãe não tem condições de criar essa criança, ela  possui uma deficiência física, é jovem, imatura e esta se relacionando com um garoto, com quem pretende se casar, que não possui nem mesmo um emprego fixo, assim como ela. A casa é sustentada pela mãe dela, minha ex mulher, com um trabalho de vendedora. Comigo e com minha atual companheira, nosso neto teria melhores condições de vida, de estudo e um lar melhor estruturado para viver.

Qualquer coisa é melhor que uma mãe retardada que não pode andar.

-Protesto! Meritíssima, o senhor Felipe esta difamando minha cliente.

(meu advogado)

-Protesto aceito... Senhor Felipe por favor não se refira a senhorita Caroline com argumentos tão chulos, sua opinião pessoal a respeito dela não será levada em conta nesse tribunal.

-Sim meritíssima, perdoe meu cliente, ele se excedeu um pouco, mas o que ele quer dizer, é que o melhor destino para o menino seria justamente a companhia dele e de sua companheira, por questões obvias. Uma criança tem necessidades básicas, e um menino, em breve ele estará jogando bola, brincando, desenvolvendo suas habilidades, e a senhorita Lopes não o poderá acompanha-lo, isso seria uma tortura emocional para ambas as partes. Além dela não trabalhar, ser sustentada pela mãe.

- Já ouvi o bastante, senhorita Lopes, sua vez de se pronunciar.

Meu coração batia tão rápido, parecia que ia sair pela boca a qualquer momento, mas eu comecei a falar e as palavras foram saindo sem que eu tivesse controle sobre elas:

-Meritíssima, jurados, autoridades aqui presentes...Acho que ficou claro para todos aqui que a objeção do senhor Felipe a respeito de eu permanecer com meu filho, se refere ao fato de eu ser deficiente física.

Bom, eu andei pesquisando no google e descobri milhões de casos de mães que perderam os movimentos das pernas e ainda assim conseguiram criar seus filhos.

Claro que existem dificuldades, e não são poucas... Desde a metade da minha gestação, que foi quando um assaltante matou meu noivo e aturou em minha coluna, eu enfrento as dificuldades de ser mãe, meu filho é uma criança muito forte, sobreviveu a toda aquela situação, e é saudável também, eu cuido dele desde seu nascimento, aprendi a trocar fraldas, a dar banho, amamentar, brincar com ele... enfim eu aprendi, assim como todas as mães de primeira viagem devem aprender.

Foi muito difícil pra mim, mas cada dia eu vencia um obstáculo diferente por amor ao meu filho, por querer ser motivo de orgulho para ele.

Eu sei das minhas limitações, sei que não vou poder correr com ele, passear, brincar de aviãozinho... Mas eu posso cuidar do meu filho gente, eu não sou uma incapaz.

Minha situação financeira não é muito boa, eu sei, mas meu pai é um homem rico e influente, e eu em breve ingressarei na faculdade de medicina, não demorará muito para que eu consiga um emprego, meu noivo Nickolas, ele é estagiário em uma clinica de psicologia, mas o atual chefe dele esta para se aposentar e deixará a clinica sob os comandos dele.

Ou seja, a situação de desemprego é temporária, e isso nunca nos impediu de atender a todas as necessidades do Bruno, meu pai sempre nos ajudou, minha mãe deu duro, a mãe do Nickolas... Enfim, sempre tivemos toda ajuda necessária.

Eu entendo os argumentos do senhor Felipe, sei que ele quer o melhor para o neto, mas eu acho que acima de escolas caras, brinquedos caros, casas luxuosas...Uma criança precisa de amor, e isso eu tenho de sobra aqui, meu filho precisa da mãe dele, e eu preciso do meu filho comigo.

A senhora é mulher meritíssima, como se sentiria se lhe arrancassem um filho simplesmente por julgarem que não será capaz de cuidar dele?

-Protesto! A senhorita Caroline esta apelando para lados emocionais e não fatos concretos.

-Protesto aceito, de fato a forma como eu me sentiria estando no seu lugar não é algo que possa ser levado em consideração, mas saiba que eu me sentiria muito mal.

Senhor Felipe, o senhor acredita, agora que a situação financeira foi explicada, que a única razão para a senhorita Lopes não poder ficar com o filho, é o fato dela ser deficiente física?

-Claro meritíssima, além do fato desse noivo dela ser um homem sem qualquer raiz, vem de uma família rica, mas vive brigando com o pai, que não fala com ele, e fica tirando dinheiro da mãe para de bancar!

-Espera ai, meu filho nunca me arrancou nenhum dinheiro, eu depositava uma quantia na conta da Caroline todo mês, mas era para acriança, e nenhum deles nunca me pediu nada, eu fazia isso porque queria!

(a mãe do Nickolas começou a falar)

-Silencio no tribunal, a senhora não ter permissão para falar, contenha-se ou será retirada do tribunal.

-Tudo bem, desculpe.

-Prosseguindo... A corte vai estabelecer uma pausa enquanto eu junto os fatos e tomo minha decisão.

Voltem em 30 minutos

Sessão em pausa.

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