Surpresas da vida

Capitulo 20

Minha cabeça esta sendo turbinada de informações, eu me lembro do pedido de casamento perfeito, eu me lembro das declarações, me lembro do assaltante que surgiu do nada como uma cobra venenosa, me lembro de Bruno se atracando com o tal cara e me pedindo para correr, me lembro do medo que senti ao ver o meu amor ali a beira da morte, me lembro de correr ate uma moça que estava paralisada na calçada, me lembro de ouvir um disparo e sentir uma dor insuportável, mas logo depois de ouvir o segundo disparo a escuridão cobriu meus olhos e só agora consegui abri-los outra vez.

Estou em um quarto todo branco que presumo ser um hospital, porem não sinto dor alguma, olho para os lados e vejo meu corpo todo perfurado por agulhas e soros, mas não sinto nada, isso é estranho... Então me dou conta que Bruno não esta comigo e começo a gritar desesperadamente por seu nome, ate que uma enfermeira chega.

-Calam queria, calma, vai ficar tudo bem.

-Onde esta meu noivo? Cadê ele?

-Eu vou chamar o doutor pra te examinar.

-Bruno, cadê o Bruno?!!!

Mas ela não respondeu, apenas saiu do quarto, eu tentei me levantar para ir atrás dele, só que não conseguia, era como se estivesse sob efeito da anestesia, meu corpo não obedecia meu cérebro e eu só conseguia mexer meus braços, então o medico apareceu.

-Senhorita Caroline, meu nome é Doutor Marcos, você foi trazida pra cá por uma moça, se lembra do que aconteceu?

-Sim, fomos assaltados e eu levei um tiro, cadê meu noivo?

-Muito bem, a senhorita se lembra, bom...Para esclarecer, você foi atingida por uma bala na coluna, não perfurou nenhum órgão vital, mas infelizmente acertou suas vertebras e...

-E eu estou paralitica... É isso não é? Eu não posso mais andar, é por isso que não sinto minhas pernas não é verdade? Fala logo!

-Sim, eu sinto muito, nós retiramos a bala, mas já era tarde de mais, a senhorita perdeu os movimentos das pernas.

O que senti naquele momento foi uma dor que fugia as minhas explicações, minha vida passou como um filme na minha mente, todas as vezes que eu cantarolava e dançava enquanto fazia faxina em casa, todas as vezes que levava Lucas e Camilla para o parque, todas as vezes que corria atrás da minha irmã quando ela quebrava algo, os momentos mais marcantes da minha vida e agora, todos eles são passado, eu nunca mais vou poder correr, nunca mais vou poder brincar, nem dançar, ou pular, nem sequer terei direitos sobre minha própria vida...Mas ainda tenho Bruno, tenho certeza que ele ira me apoiar no que eu precisar.

-Doutor, e quanto ao meu noivo? Como ele esta?

Vi a expressão do rosto do medico mudar

-Carol, o paciente Bruno levou um tiro no peito, ele chegou ate o hospital junto com a senhorita, mas infelizmente não suportou, veio a falecer duas horas depois de chegar, eu sinto muito

Não, não, não pode ser não, não, é mentira, é um pesadelo, só pode ser

Aquela foi de longe a pior dor que já senti em minha vida, pior do que qualquer outra, pior que as agulhas na época do câncer, pior que a falta de ar, pior que a dor das brigas, da saudade, da separação, pior que tudo, foi como se meu coração parasse de bater, lagrimas encharcavam meu rosto, mas eu estava ali parada, ainda esperando acordar desse terrível pesadelo, depois de alguns minutos em completo choque percebi que não era fictício, era real, aquilo realmente estava acontecendo e foi quando doeu ainda mais, eu comecei a me contorcer na cama, mesmo sem mexer da cintura para baixo, eu não queria viver, não queria aquilo, um mundo sem Bruno não era mundo pra m9im, desejei que deus me levasse também.