"O orgulho é o complemento da ignorância."
- Bernard FontenelleLondres, abril de 2012.
David Ghandour.
O magnata indo-britânico que era conhecido por estampar os tablóides de fofoca, onde sempre estava envolvido em polêmicas de gastos ostensivos e luxos desproporcionais. Farras, modelos, iates, bebidas caras e tantas outras superficialidades eram as coisas que podiam ser associadas ao multimilionário. História e arqueológica eram interesses surpreendentes e inesperados.
As mulheres reunidas em volta do computador não hesitaram em pesquisar imediatamente sobre o homem, a fim de conseguir mais informações, que não tivessem como fonte revistas de fofocas. Desviaram de alguns artigos da Forbes, a última coisa que pretendiam é ler o culto ao empresariado, até chegarem em uma página que transparecia confiança.
Ghandour não era conhecido apenas por seu comportamento de playboy, mas também pelo modo peculiar que tinha conquistado sua extensa fortuna. Filho de mãe britânica e pai indiano, desfrutou uma infância na classe média e estudou em escolas particulares. Aos dezoito, foi para Oxford cursar economia. Aos vinte oito, perdeu os pais e investiu o dinheiro da herança em ações na bolsa, cresceu exponencialmente até a crise de 2008 que o fez declarar falência.
Seis meses depois, David Ghandour reapareceu sob holofotes, dessa vez com notícias matrimoniais. Estava de casamento marcado com Teresa Hughes, herdeira de um monopólio industrial da área farmacêutica, que recentemente tinha ficado viúva. O casamento foi destaque em todos os sites e canais de entretenimento, o casal fechou o museu Louvre para realização da cerimônia. A decoração foi composta por flores Kadupul, centenas da espécie mais cara do mundo ocupavam estrategicamente o museu mais famoso do mundo.
Os noivos pareciam apaixonados, o amor entre os dois eram quase palpável. Contudo, um acidente de carro acabou com o conto de fadas, Teresa Hughes morreu vítima de um motorista bêbado. Ela estava voltando de sua aula semanal de yoga, um ano após seu casamento quando foi atingida. O único herdeiro era seu marido, que ficou um ano imerso no luto, todos os portais noticiavam o rosto choroso de Ghandour. As visitas intermináveis ao túmulo da esposa, as incansáveis doações a centros de reabilitação para alcoólicos e vítimas de acidentes automobilísticos.
Até que seis meses atrás, David tinha sido flagrado saindo de um hotel de luxo em Macau, na China. Acompanhado de duas modelos de uma famosa marca de lingerie. Depois disso, os eventos polêmicos se tornaram rotina, mas ninguém se importou. Afinal, o pobre homem tinha sofrido tanto, merecia ter seus momentos de diversão.
- O que esse playboy quer com uma pesquisa histórica? - Malu indagou, cruzando os braços depois que as mulheres tinha concluído o dossiê do patrocinador.
- Eu não sei, provavelmente deve estar procurando um novo hobbie para preencher uma existência vazia. - Emily falou com um ar sartriano que era quase cômico.
- O que está acontecendo? - Edward perguntou, ao entrar na sala.
Ele parecia muito mais afável e tranquilo, a jaqueta estava alinhada e os movimentos mais relaxados.
- Recebi uma arquivo sobre o patrocinador da expedição. - Antonia falou acolhedora.
- Sério? - ele se aproximou da mesa - E quem é o patrono misterioso? - ele parecia decidido a ignorar os eventos passados.
- David Ghandour. - Emily disse.
- O magnata que tem uma coleção de Cadillacs? - ele deu de ombros, arqueando as sobrancelhas.
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LINHAGEM [CONCLUÍDA]
Historical FictionEm 2526 a.C., a Quarta Dinastia Faraônica reinava próspera e plena no Antigo Egito. Sob a proteção dos deuses, a realeza desfrutava de uma realidade luxuosa, enquanto servos se sacrificavam para atender os caprichos dos nobres. Até que uma mulher, t...