XXVI

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Um grande sacrifício é fácil, os pequenos sacrifícios contínuos é que custam. ” – Goethe.

El Qars, maio de 2012.

   Antonia iniciara o beijo de forma inconsciente, e Giordano não recuaram ao gesto nem por um minuto. A mulher estava assustada em meio ao caos, sua mente não conseguia focalizar em qualquer outra coisa que não fosse o fim do mundo.

   — O que está fazendo, falena? – ele questiona, quando o beijo acaba.

   — Não sei. E o que importa, acabei de visitar o panteão egípcio e você viu uma serpente falar. – ela o puxa para perto. – Um homem morreu em cima de mim.

   — Antonia, eu sinto muito por isso. Eu também não consigo acreditar no que acabei de ver, foge completamente da realidade. Ainda estou tentando me convencer de que não é um pesadelo. – ele se afasta. – Como vamos sair dessa? O que mais está acontecendo?

     — Eu não faço ideia! – berrou, levantando-se do sofá.

    Nesse momento, não havia nenhum vestígio de ambição na consciência da mulher. Ela ainda podia sentir o sangue do guerreiro assassinado molhar sua face, junto ao medo que abalara sua mente desde o instante em que a morte do homem inundara o seu olfato.

   — Eu não sei o que porra está acontecendo! – exclamou. – Vi seres mitológicos e guerreiros lendários essa manhã, vi uma pessoa morrer em cima de mim e minha família ser ameaçada. Então não me pergunte o que iremos fazer, pois eu estou cansada de ficar sempre no controle de tudo.

      Dessa vez quem aproxima os lábios é Giordano que sela um beijo apaixonado, encurralando a mulher em seus braços. Antonia sabia que aquilo era completamente inapropriado, imprudente e principalmente ridículo diante da situação que estavam vivenciando. Contudo, aquele beijo era única coisa a qual conseguia controlar.

    — Escute! – sussurrou Giordano em seu ouvido, enquanto escondia a face nos cabelos volumosos da mulher. – Vou conseguir uma forma de desabilitar a vigilância, para que no meio da noite consigamos fugir daqui. Tentarei falar com os outros. – falou rapidamente, garantindo que seus lábios não fossem filmados.

   Antonia balançou a cabeça em uma afirmação discreta. E saiu em seguida, caminhando na direção de seu quarto.

   Diante da demora da irmã mais velha, Malu foi até a sala depois de deixar Naim em um dos quartos do alojamento, sem muita cerimônia. No instante em que passou pela porta do banheiro comum, sentiu um par de mãos puxá-la para dentro do lavabo. Assustada, colocou-se em um posição defensiva quase imediatamente.

   — Calada! – Maeng disse de maneira rígida, antes que outra pudesse falar. – No banheiro não há câmeras, temos pouco tempo até que eles desconfiem. 

    Laura Payton também estava lá, mexendo as mãos de maneira aflita.

   — O que está acontecendo, Malu? – Laura questionou com olhos de cachorro abandonado.

    — Resuma. – Sora disse ácida, enquanto retirava a tapa de um frasco de remédio calmante.

   — O negócio é seguinte... – Malu tomou fôlego e deu um resumo acelerado do que estava acontecendo.

   Sora Maeng pegou mais duas unidades do comprimido e tomou incrédula. Já, Laura Payton permaneceu calada com as mãos trêmulas.

   — Foda, hein... Mas como vamos sair dessa? – Maeng questionou mal humorada.

    — Como poderemos sair disso sem colocar a nossa família em risco ou um terço da humanidade? – Payton parecia desolada.

    — Pelo que eu entendi fazendo qualquer coisa, nós estamos na merda. Se nos recusarmos a ajudar Ghandour na busca pelo amuleto nossa família morre. Se aceitarmos, ainda há a probabilidade de um terço de morrermos. Ou seja, estamos em um lago de merda. – Sora falou antes de sair abruptamente do banheiro, as outras duas saíram depois de uma intervalo.
 
   Na central de vigilância, os seguranças viram a movimentação como inofensiva já que todos estavam cercados e impossibilitados de sair.

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