" A morte parece menos terrível, quando se está cansado.” — Simone de Beauvoir.
Antigo Império Egípcio, 2526 a.C
— Nós o encontramos, senhor. – Chavi respondeu contido.
E agora? – pensou Djedefré.
— O que quer façamos com ele? – perguntou o general.
— Onde ele está? – replicou tentando esconder o nervosismo.
— Nas prisões, colocamos ele separado dos outros. – falou com cadência.
— Leve-me até ele. – pediu inexpressivo.
Os dois homens seguiram em silêncio pelos corredores, um deles estava aliviado e contente por ter cumprido seu papel. Encontrar o hebreu não foi difícil, ele era uma figura carismática na região, muitos comerciantes tinha ele como fornecedor. No entanto, o ponto crucial para achá-lo havia sido uma vendedora de ervas, uma típica bisbilhoteira que por algumas moedas vendeu a identidade do homem que vez outra tinha sido flagrado com uma cortesã entre as vielas.
— Não achamos a mulher, ela sumiu completamente. – o militar disse baixo, com uma vergonha palpável na afirmação.
— Está tudo bem, ela deve ter morrido junto com a praga. – as palavras soaram tão verdadeiras que o príncipe se surpreendeu com a sua habilidade recente de mentir.
Depois de dois lances de escada, chegaram a um local que era completamente iluminado por tochas, estavam nas masmorras do palácio. Os guardas saudaram a entrada do futuro faraó, enquanto muitos acorrentados pediram por clemência. Ao desbravarem duas câmaras, chegaram ao local onde estava o hebreu. O homem de pele clara, apresentava um hematoma em um dos olhos. A barba castanha estava manchada com sangue e as vestes empoeiradas, ao seu lado um pão bolorento competia a sujeira com o chão.
— Ora, se não é próximo faraó do grande Egito! – desdenhou o hebreu, sorrindo o que revelou dentes ensaguentados.
Djedefré se limitou a observar a figura masculina, buscando entender o que de especial o homem possuía. Desejava descobrir o que tinha feito Kytzia se apaixonar de forma tão avassaladora por alguém que parecia tão insignificante.
— Não vai falar nada imperador, não vai perguntar onde está Kytzia?! – bradou se movendo contra o egípcio, o que fez as correntes tilintarem.
— Deixe-me sozinho com ele, por favor. –Djedefré pediu.
Os guardas recuaram, deixando os dois sozinhos.
— Onde está ela, onde está Kytzia? – Rephael tentou avançar contra o outro, mas foi contido pelas correntes. – Seu bastardo desgraçado!
Uma faísca surgiu em Djedefré. Um comichão que lhe provocava a dizer a verdade para o hebreu, ele queria contar onde estava Kytzia e com quem ela ficaria até o fim da vida.
— Por que se envolveu com uma cortesã? – perguntou fugindo da sua tentação. – Pensei que seu povo só acreditasse que moças castas fossem dignas.
— Kytzia não era só uma cortesã. – retrucou com ferocidade.
— Tem razão, ela era minha cortesã. – incitou, sentindo sua confiança crescer.
— Seu filho do pecado e podridão! – revoltou-se, tentando atacar outra vez. – Kytzia nunca amou você, ela vinha até aqui somente para realizar os objetivos do velho. Ela me amava!Diga-me onde ela está!
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LINHAGEM [CONCLUÍDA]
Historical FictionEm 2526 a.C., a Quarta Dinastia Faraônica reinava próspera e plena no Antigo Egito. Sob a proteção dos deuses, a realeza desfrutava de uma realidade luxuosa, enquanto servos se sacrificavam para atender os caprichos dos nobres. Até que uma mulher, t...