XXV

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“O homem é mortal por seus temores e imortal por seus desejos” — Pitágoras.

El Qars, maio de 2012.

   — Venha, venha... – o velho acenou para que as brasileiras se aproximassem. – A chegada de vocês, foi bem esperada. São muito melhores do eu esperava. – o sotaque era carregado.

   — Não tenham medo, podem ir. – Naim falou, apontando para a mesa onde o velho estava sentado.

   Acanhadas elas se dirigiram até o senhor, que aparentava um semblante paternal e receptivo.

   — Sentem-se aí, podem ficar a vontade. – sorriu, indicando as cadeiras. – Vocês devem está confusas, ah? Eu estaria se fosse vocês. Já foram ao Aaru?

   — Sim. – afirmou Antonia.

   — Muito bonito, não é mesmo? – indagou, se papai Noel fosse árabe, aquele homem seria sua representação perfeita.

   — Sim, era sim. Mas também era bem assustador. Aliás, tudo isso é bem assustador. – disparou Malu.

    — Compreendo, sim eu compreendo... – passou as mãos na mesa.

   Um Medjai alto e de pele escura surgiu atrás do velho, ele carregava dois sacos de papel pardo.

   — Veja só, Samir chegou com umas coisas para vocês. Um lanche, sei que devem está com fome e mais do que nunca precisam está fortes. Taeam. – o líder dos guerreiros retira combos de fast-food do sacos, e empurra para as mulheres. – Pode comer, não está envenenado. – deu uma risada amigável.

   Malu abriu a caixa do sanduíche sem cerimônias, deu uma dentada e sua irmã acompanhou o movimento. Não haviam comido nada o dia inteiro, mas suas energias tinha sido expostas ao limite.

   — Eu nem sei por onde começar, vocês já devem ter ouvido e visto tanta coisa. – ele parecia melancólico.

   — Pode começar explicando essa história de fim do mundo. – Malu pede com a boca cheia de batata frita.

   — Ah, é claro. Bem, eu vou resumir. Uma ancestral de vocês duas, fez um trato com um demônio, mas não cumpriu o acordo até o fim. O demônio não ficou feliz é claro, – ele parecia está contando uma história de ninar. – e prometeu perseguir a descendência da mulher, que no caso são vocês.

   — Puta que pariu. – Malu exclamou em português.

  — Mas não foi só isso, não. – prosseguiu. – Essa mulher fez um acordo com Ísis, que prometeu protegê-la. Um amuleto foi dado, e no artefato floresceu uma bela ligação cravada com o nascimento de sangue inocente. Contudo, o amuleto só poderia oferecer proteção direta. E indiretamente, por intermédio de um bruxo o demônio atacou. A protegida de Ísis fugiu para não deixar o grande poder em mãos erradas chegar, e até hoje seu corpo permanece em lugar desconhecido.

   — E o que nós duas temos a ver com isso? O que podemos fazer? Isso tudo é completamente ridículo. – Malu estava agitada.

   — Eu entendo sua revolta, o sangue que vocês carregam incumbiu grande responsabilidade. Se o amuleto cair em mãos erradas todos nós estaremos presos à escravidão. – o homem continuou.

   — E qual o nosso papel nisso tudo? – Antonia se esgueirou na mesa.

   — Acredito que vocês já estejam sendo conduzidas por sonhos e visões.  – ele fez um sinal para um de seus homens, que trouxe uma xícara com um líquido fumegante. – E por intermédio desses sonhos que a localização do amuleto será revelada. Depois que encontrarmos o amuleto ele deverá ser jogado em Ammut, o demônio devorador de almas. Assim, o elo será rompido e o grande poder se perderá. O equilíbrio retornará.

LINHAGEM [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora