XXIX

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“Não poder destruir o tempo, nem a avidez transbordante do tempo, é a angústia mais solitária da vontade.” – Nietzsche.

Alexandria, 2 dias para o alinhamento.

     Soberano como o sacrifício.

    A última frase do poema da relíquia ecoava na mente de Antonia. Sacrifício. Uma palavra que estava se tornando exaustivamente comum na sua consciência. O que mais poderia sacrificar? Sua vida inteira já tinha descido pelo ralo como uma ilusão.

    Estava dentro de um jato militar, sentada ao seu lado Malu balançava os pés nervosamente. Sora Maeng resolveu não embarcar na viagem, decidindo se juntar a própria família. Uma escolha sábia, visto que se tudo desse errado ao menos veria seus entes querido pela última vez. Melhor que morrer em uma missão suicida, possibilidade que pareceu irrelevante  a Ernesto que seguiu na missão e agora cochilava no banco da frente. Naim por outro lado, não parecia tão tranquilo e rezava assim como os outros Medjai do voo.

    — Vamos ficar bem. – Antonia mentiu, apertando a mão da irmã.

   — Podemos conversar meninas? – Emma Aariak surgiu.

    Ambas se levantaram e seguiram a Comandante até uma cabine separada, assim que todas entraram a porta foi fechada. Era uma sala pequena com uma mesa baixa, na qual uma caixa retangular descansava. Sentado junto à mesa, um homem indiano observou as mulheres.

    — Esse é Aarav, especialista em belicismo metafísico. – a comandante apresentou.

   Depois de acomodadas nas cadeiras e das formalidades, Emma distribui óculos escuros para todos. Confusas com a situação, as irmãs Andrade se limitaram a pôr o equipamento no rosto.

   — Acredito que seja do conhecimento de vocês a necessidade de eliminar Apófis. – homem começou, mexendo na caixa retangular com cuidado. 

     Aos poucos ele foi retirando uma película da superfície que deu espaço para uma luz ofuscante que provavelmente cegaria aos olhos desprotegidos, após retirada a película foi possível vislumbrar uma lança. Não uma lança qualquer, mas um artefato de luz intensa que parecia ser feito de uma mistura de magma e ouro em movimento constante.

     — Essa é a lança de Rá, assim que soubemos do inimigo que enfrentávamos trouxemos ela imediatamente. Não é uma aquisição recente da Lucem, temos estudado essa arma por quase uma década, quando foi encontrada. – explicou o homem.

      As mulheres queriam perguntar onde e como haviam encontrado um objeto místico e lendário, mas o cansaço tinha matado seu ímpeto de curiosidade de vez. Agora, elas mal lembravam que eram historiadoras.

      — Com ela vamos ter ao menos uma chance de sair dessa situação. É a nossa esperança.  – Emma completou.

      — E como poderemos usá-la? – Malu questionou intrigada, olhando para lança que possuía em sua extremidade múltiplas lâminas.

     — Esse é o nosso maior problema, mesmo com tantos anos de estudos ainda não sabemos como manejar esse artefato. O que podemos dizer é que isso não pode ser feito tradicionalmente, uma vez que o material está sempre em alta temperatura. Um toque é capaz de desfazer tecidos e até ossos, foi muito difícil encontrar o material que conseguisse comportá-la. – a reposta foi decepcionante. 

     — Talvez o próprio Rá possa empunhá-la. – Antonia sugeriu.

    — Impossível. Os deuses já não possuem a capacidade interferir diretamente no curso dos acontecimentos, Ísis não pode nem sequer revelar a localização exata do amuleto, em razão disso. Por isso, que ordenou aos servos no passado para espalharem os enigmas. Contudo, nós temos uma equipe que já está trabalhando nisso. Todos os pesquisadores da organização estão juntos nesse projeto, também temos medidas paliativas no caso não cheguemos a uma conclusão a tempo. – Emma tentou tranquilizá-las. – A função de vocês duas é encontrar o amuleto, o resto nós nos responsabilizamos.

LINHAGEM [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora