XXVIII

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" O mundo não foi feito no tempo, mas sim com o tempo. " – Santo Agostinho.

Próximo ao Lago Nasser, maio de 2012.

   Levou poucos instantes para que o helicóptero alcançasse o grupo, a chegada surpreendente impossibilitou uma resposta hábil da equipe de Ghandour que sofreu com a rajada de vento das hélices.

   Os barcos chegaram em seguida, dentro deles Medjai dividiam espaços com outras pessoas trajadas com fardas escuras e equipadas. Um dos barcos que havia surgido tombou no que carregava Ghandour, as irmãs, Edward e Sora Maeng. Antonia caiu na água junto com Sora, e no ímpeto do pegar o cilindro mergulhou o máximo que pude. O objeto dourado chegou a sua mão como um ímã.

    Quando voltou a superfície, uma batalha estava sendo travada. Sora Maeng já estava no barco com os Medjai, enquanto Malu subiu por intermédio de uma corda no helicóptero. Disparos ecoavam a cada segundo, Naim pulou para o barco de seus companheiros junto com Ernesto.

   Um mulher com traços asiáticos parecia liderar a ação com segurança e vigor de uma das embarcações. Antonia segurou o cilindro contra o peito com a mão esquerda.

   O barulho do helicóptero unido ao das balas ensurdecia todos, mas o grupo de resgate se mantinha constante e obstinado. Antonia foi puxada pelas axilas para dentro do mesmo barco onde estava Naim, agora só restavam Giordano e Edward a serem resgatados. Assim que Malu alcançou a plataforma do helicóptero, a corda foi lançada mais uma vez para Edward, um flanco aberto deixou espaço e o homem foi atingido por um tiro depois de agarrar a corda. 

    O barco onde Antonia estava acelerou em fuga, a dupla que atirava do helicóptero puxou Edward rapidamente. O grupo de resgate recuou, deixando apenas Giordano nas mãos da equipe de Ghandour.

    Os barcos se moveram até a margem leste do lago Nasser, o helicóptero seguiu a mesma trajetória. Desse ponto continuaram em três carros blindados, onde Antonia suspirou aliviada por ver Malu e seu ex-namorado. Os mercenários não conseguiram acompanhá-los.

   Edward sangrava por um orifício em seu abdômen, respirava profundamente na tentativa de controlar os ânimos. Ele dividia o banco traseiro com Antonia e Malu.

   — Você é a Malu, certo? – a mulher que coordenara o resgate revelou um sotaque canadense.

   — Sim.

   — Vou precisar que coloque esse curativo no ferimento dele. – prosseguiu, entregando uma pequena embalagem para a jovem.

    A comandante da missão instruiu Malu a fazer o procedimento corretamente.

   — Vamos chegar logo em uma base, lá cuidaremos melhor dos ferimentos. – explicou. – Meu nome é Emma Aariak.

   — Mas todos a chamamos de Comandante Gélida. – o motorista disse zombateiro, destoando da situação de perigo que havia acabado de enfrentar.

   — Porque sou indígena Inuit, não porque sou fria. – ela sorriu para o grupo acanhado.

  Malu ficou surpresa com as palavras da mulher, pensou que ela era asiática, mas na verdade era indígena da região norte canadense. Uma confusão comum diante das semelhanças entre os fenótipos. Emma tinha um rosto bem desenhado, olhos confiantes e postura altiva. Aparentava ter trinta e cinco anos, ainda que sua pele não tivessem vincos, os movimentos sofisticados denunciavam maturidade.

   Antonia queria perguntar quem ela era e  porquê realizou o resgate, mas julgou mais prudente esperar a chegada na base. Foi uma viagem silenciosa, quando finalmente chegaram uma comitiva recebeu os resgatados e socorreu os feridos.

LINHAGEM [CONCLUÍDA]Onde histórias criam vida. Descubra agora