Diana
Me deitei naquela cama gelada e ouvia de longe o som do baile que estava tendo.
Eu tinha vindo pra Rocinha, não avisei ninguém, só o Juninho mesmo. Ele mandou um cara aqui ajeitar a casa e tudo mais.
Vocês não imaginam o meu medo de estar aqui sozinha. Juninho disse que tava bolando pra sair, mas que demoraria mais ou menos um mês.
Porra, ficar um mês sozinha aqui é difícil.
****
Acordei com um pagodão na minha orelha. Abri os olhos e minha cabeça estralava de dor.
Me levantei indo direto pro banheiro, fui pra de baixo do banheiro e foi coisa de dois minutos e logo a água parou. Eu toda ensaboada ainda, tive que me enxugar com toalha.
Coloquei qualquer roupa e sai na porta vendo o movimento da favela.
— Precisa de alguma coisa? - Tomei um susto ouvindo o mesmo cara que me trouxe nessa casa.
Ele era vapor do Marcola, chamava Curió.
— Aonde tem uma farmácia aqui nesse lugar? - Perguntei.
— Tem uma boca de fumo serve? - Ele perguntou e eu Fechei a cara. - Tem uma logo ali, tu desce umas três vielas, logo já vai tá lá. - Curió disse e eu assenti.
Eu entrei de volta, peguei dinheiro e fui saindo. Ele tava lá parado falando no celular. Eu fui descendo até chegar a farmácia. Comprei o remédio e quando sai logo tocou meu celular.
Eu atendi e suspirei já sabendo quem era.
— Não tem como você fugir daí logo? - Perguntei sentindo aquele sol do Rio.
— Que saudade dessa tua voz aê gata! - Juninho disse do outro lado da linha.
Eu sorri ouvindo ele e logo fechei a cara quando vi umas meninas vindo com a maior cara de deboche me olhando.
— Quando vem? Eu não quero ficar aqui sozinha não! - Falei.
— Logo menos. Fica sussa e de olho aberto, não confia em ninguém daí tá entendendo? Curió é confiança minha, mas fica de olho aberto! - Juninho disse e desligou.
É cedo pra falar que é com ele que eu quero casar?
****
Miriã
Passei o dia todo trabalhando e pensando neles lá. Eu liguei pra minha mãe e contei pra ela o que tinha acontecido, ela disse que ia dar um jeito.
Eu estava morta de cansada, fui embora pra casa e tava o maior tédio. Minha mãe não parava de me mandar mensagens, e quando abri pra ver as mensagens, eu quis meter a porrada em Juninho.
WhatsApp 📞
Mãe: Miriã. Oi. - ( 18:42)
Mãe: Já chegou em casa? - ( 18:42)
Mãe: Cade você????????? -( 18:44)
Mãe: Junior me ligou falando para mim não ir lá e que ele bloqueou minha visita, e agora Miriã?????? Ele é ingrato demais! 😡😤 - ( 18:45)Eu: Volta embora mãe, deixa ele, ele vai sair de lá e ir pra Rocinha com a Diana. Vem logo pra cá. Bj 😘
WhatsApp off 📞
Cheguei em casa exausta e fui direto pro banho. Fiquei lá o maior tempo e quando sai eu me troquei de roupa e fui indo em direção a sala. Eu ouvi umas palmas na frente de casa e eu fui olhar na janela. Era uma menina, nunca vi na vida, tinha um carro na frente parado.
— Oi, tem como me ajudar? - A menina disse.
Suspeito isso.
— O que seria? - Perguntei ainda na janela.
Ela me olhou e pegou no celular.
Eu suspirei e abri a porta indo até o portão. Abri o portão e encarei ela.
Saiu na hora um cara do carro e veio ver a roda do carro.
Sabe aquela hora que você sente que não era pra ter saído de casa?
— Eu preciso ir pra esse lugar aqui. - A menina disse.
Eu cheguei mais perto dela e encarei o celular.
Foi tudo muito rápido, a menina tirou um pano do bolso e colocou no meu nariz. Apaguei na hora.
• aperta na estrelinha •
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Amor atrás das grades
Novela JuvenilEra apenas uma visita que Miriã iria fazer para seu irmão, já que ele tinha acabado de ser transferido para o penitenciária no Rio de Janeiro. Mas não foi oque o destino quis que acontecesse...