Miriã
Eu sai do presídio e de longe avistei Diana, ela me encarou e ficou parada. Eu fui caminhando até ela e...
— O que você tá fazendo aqui? - Diana me perguntou encarando meu chupão no pescoço.
— Marcola! - Falei séria e ela não disse nada. - Meu irmão tá bem? - Perguntei.
— Tá sim, ele vaza por essa semana se tudo der certo. - Diana disse.
Eu só assenti com a cabeça e fui indo até o carro que eu sabia bem que era do Papagaio.
Eu montei no carro e ele me encarou.
— Parece até que tá andando de perna arreganhada. Foi bagulho doido em! - Papagaio disse com os olhos quase saltando.
Eu ri negando e encarei a Diana que vinha devagar.
— Ela vai vir junto? - perguntei.
— Juninho pediu! - Papagaio disse revirando os olhos. - Papo reto mesmo? Sou tranquilão, mas dela eu não curti. - Ele disse aumentando o som.
Minha caixinha de segredos. Confio de olhos fechados.
Ela entrou no carro e me cutucou, eu me virei olhando pra ela.
— Você vai ficar na Rocinha? - Diana perguntou.
— Não, eu volto pra São Paulo! - Falei e ela assentiu.
Eu me virei pra frente e seguimos pra Rocinha. Eu dormi o caminho todo, e quando chegamos, eu desci e vi que não era aquele mesmo lugar que eu vim, a Diana desceu e eu desci atrás.
— Logo menos eu venho pra te levar! - Papagaio disse e eu assenti.
Fui caminhando até dentro de uma casa com Diana. Era simples de tudo. Me sentei no pequeno sofá e Diana sentou já perto de mim me olhando.
— Tá saindo com o Marcola? - Diana perguntou.
Eu enrolei e suspirei.
— Sim. E você? Gostou daqui? - Perguntei.
Sabe quando parece que não tem assunto?
— Gostei, mas é horrível ficar sozinha aqui. - Diana disse.
Eu murmurei um “hum” e fiquei encarando o chão. Ficamos um tempinho lá sem falar nada e logo Diana se levantou.
— Seu irmão mandou não te contar, mas a cabeça dele tá pra rodar, ele matou o cara do Alemão, mas como aqui na Rocinha tudo tá reforçado, não tem nem como mais entrarem aqui, mas fica meio esperta Miriã, ele disse pra você não bobear! - Diana disse.
Não to acreditando.
*****
Eu voltei pra São Paulo, Papagaio me trouxe, eu entrei em casa e não tinha ninguém, minha mãe devia estar lá ainda. Entrei e o portão e a porta estava só encostados. Fui direto pro meu celular.
43 ligações perdidas e 116 mensagens de WhatsApp da minha mãe.
Eu liguei na hora pra ela.
Tocou uma, duas e...
— Miriã, aonde você tava? Meu Deus eu fiquei preocupada! - Minha mãe disse do outro lado da ligação.
— Eu tinha esquecido o celular no serviço e tava corrido demais, só deu tempo de pegar agora. - Falei suspirando.
— Eu resolvi com um advogado já, eu volto amanhã já! - Minha mãe disse.
— Ainda bem. Mãe, eu vou precisar sair, preciso comer, tomar banho, eu estou exausta, depois a gente se fala. Beijo, se cuida! - Falei.
— Nunca se esqueça do quanto eu amo vocês Miriã. Tenho orgulho da mulher que você está virando, e jamais esqueça que aonde eu estiver eu estarei sempre torcendo pela suas conquistas. - Minha mãe disse e eu senti um arrepio.
Ela desligou e eu fiquei encarando meu celular por uns segundos e deixei ele e fui direto pro banho, tomei aquele banho quentinho, coloquei qualquer camisetão com uma calcinha e sai direto pra cozinha atrás de algo pra comer.
Eu tava varada de fome, peguei um pão com leite com Nescau e sentei no sofá colocando pra assistir minha série favorita.
Devia ser a quinta vez que eu tava assistindo Elite.
Eu assistia, mas minha mente estava em o que Diana disse, eu rezei bastante, mas a minha cabeça não parava de pensar.
• aperta na estrelinha •
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Amor atrás das grades
Ficção AdolescenteEra apenas uma visita que Miriã iria fazer para seu irmão, já que ele tinha acabado de ser transferido para o penitenciária no Rio de Janeiro. Mas não foi oque o destino quis que acontecesse...