• capitulo 69 •

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Marcola

Fui pra goma da mãe de Rânia. Ela tinha ficado mo cota em recuperação num canto lá pra negada usuária.

Maior trampo deu, ela fugia sempre. Rânia depois que pegou uma idade, ela já entendi que aquele bangue todo era errado. Virou a cara pra mim e tudo mais. E eu não tiro razão. Quem quer ter um coroa na vida do tráfico? É um puta peso. Ela jogou na cara que ela queria ter uns coroas normal.

Rânia tava mocinha já, tava com doze anos, eu tava mais presente na vida. Errei em deixar faltar carinho e atenção, achando que dinheiro tava de bom tamanho. E isso não pô.

Entrei na casa e Rânia tava sentada no sofá falando com uma mina que devia ser amiga.

— E ai minha gata? Como tu tá? - Cheguei perto de Rânia e beijei a testa.

Fiz um sinal de toque com a mina que tava com ela e ela sorriu sem graça. A mina devia ser mais velha que ela.

— To bem pai. A mãe tá namorando, tá sabendo? - Rânia disse.

Eu tava ligado. Cara era da pista. Eu tinha corrido atrás de saber.

— To ligado. Tu achou o que? - Perguntei.

— Não fede e nem cheira, não vindo morar aqui, tudo bem! - Rânia disse.

A avó dela tinha morrido fazia alguns meses, tava só ela e a coroa. A coroa trampava na pista, e eu dava o de sempre.

— Tu comeu? - Perguntei e ela negou. - Bora ir comer, tu guia com a tua colega ai! - Falei.

A amiga dela levantou e eu encarei ela.

Conheço de algum canto pô.

— Râ, to guiando pra casa, preciso ir ver meu irmão, depois de noite eu volto. Beijo amiga! - Ela disse beijando o rosto da Rânia e vindo me encarando.

Ela saiu e eu encarei Rânia que se levantou.

— Vamos pai! - Rânia disse me abraçando.

Eu abracei de volta e fomos guiando.

*****

Deixei Rânia lá em goma, fiz uns bagulho na boca e depois guiei de volta pra casa. Meu pote tava pra explodir, entrei em casa ouvindo umas vozes na cozinha. Guiei pra lá e Rânia dançava funk com Miriã.

Quando Rânia me viu, ela parou e ficou séria.

Cecília veio correndo gritando pra mim e Miriã se virou me encarando e voltando a cozinhar.

— Na raba toma tapão! - Miriã cantou.

E Rânia riu.

— Posso dormir aqui? - Rânia perguntou.

— Manda radinho pra tua coroa! - Falei saindo da cozinha.

Fui tomar aquele banho e sai de goma voltando pra boca. Trombei com aquela mesma mina que tava com Rânia.

Pegar ela eu não peguei não.

Ela encarava e eu passei reto. Fui pra boca e trombei com Orelha.

— Fala Elefante. - Falei fazendo um toque com Orelha.

— A contabilidade tá nos bangue da gaveta lá! - Orelha disse e eu assenti. - Vi que tu saiu com tua menor hoje! - Orelha disse.

— Sai pô, almoçamo junto. Deixei maior cota ela, não vai preencher aquele tempo mais eu to querendo ser o melhor! - Falei acendendo um baseado.

Orelha concordou com uma cara e eu soltei a fumaça.

— Tu ta sabendo do que em? Tá passando muito tempo com Curió, tá passando de zé Povinho em! - Falei negando e ele negou.

— Tu tava sabendo com quem Rânia tá dando uns pegas? - Orelha disse e eu engasguei.

— Qual foi porra? Rânia é criança! - Falei.

— Criança que faz outra. Qual é Marco, tu abre teu olho, a Rânia tá saindo com um cara ai, to pegando as fita, esse mano ai é vapor ou aviãozinho caralho. - Orelha disse.

12 anos? Época que eu tava já entrando na vida do crime. Tava eu e Papagaio como olheiro.

• aperta na estrelinha •

Amor atrás das gradesOnde histórias criam vida. Descubra agora