• capitulo 68 •

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Miriã

Alguns meses depois...

Eu encarei aquele lugar e sorri vendo que eu tinha conseguido. Era um espaço na favela pra crianças carentes. Muitos responsáveis das crianças não tinha com quem deixar. Depois de eu ver que havia uma grande quantidade de crianças nas ruas da Rocinha, ou até mesmo ficando sozinha em casa, eu decidi.

Eu planejei por alguns meses. Foi tudo planejado. A gente dava comida, brincava e acima de tudo a gente cuidava muito bem.

Não era fácil, mas não era impossível. Criança é amor.

****

Estava no portão como todos os dias. Aquelas crianças entravam me abraçando e me beijando, depois de se despedir de responsáveis, ou até mesmo vinha sozinha. Era umas cem crianças. Eu entendia, muitas delas viviam com a mãe, e a mãe tinha que trabalhar. Não tinha com quem deixar, eu sempre dava um jeito de que caberia sempre mais uma criança. Aonde come um, come dois, três...

Eu encarei uma mulher longe encarando aquelas crianças entrar, ela estava acompanhada de um pequeno menino, logo ela me olhou e eu firmei meus olhos nela.

Devia ter por volta de seus quarenta e poucos anos, cara de quem estava cansada. Mulher simples. E seu filho, por volta de uns quatro.

Ela veio caminhando devagar com ele, e eu logo senti o cheiro que ela tinha, era um perfume doce, mas que era bom.

— Como faz pra mim falar com a senhora? Eu preciso trabalhar, não consigo vaga na creche, e não tem como eu deixar meu filho com ninguém. - Ela disse.

— Como a senhora chama? - Perguntei e ela logo respondeu com o olhar cabisbaixo. “ Denise”. - Só me deixa o número do teu telefone se tiver. O teu gurizinho fica aqui sim. E pode ficar tranquila, a gente da almoço, café da tarde e antes de eles irem comida. - Falei.

— Vocês ficam até que horas aqui? - Denise perguntou.

— Até as seis da tarde. Mas não tem problema se for o caso da gente ficar até mais tarde viu? - Falei e ela sorriu.

Ela se abaixou e beijou ele falando algumas coisas.

— Vou ser grata a você sempre... - Ela disse e saiu dali.

Eu peguei na mão dele e abaixei na altura dele.

— Como você se chama? - Perguntei.

— Juninho... - Ele disse.

Eu senti um gelo. Eu sorri pra ele e Fechei o portão. Peguei na mão dele e fomos caminhando até aonde as crianças comiam.

*****

Ellen

Terminei de me arrumar e coloquei Benjamin no carrinho.

— Vamos Dagmão. - Falei acariciando Dagmar.

Dagmar tinha ficado com a gente, Orelha trouxe ele no mesmo dia que Marcola executou Tati. Foi maior perrengue pra ele aceitar a gente.

E eu não tiro a razão.

Ele calçou os chinelos e veio vindo.

A gente saiu de casa e foi descendo pra creche. Ia matricular ele. Esse menino tava louco pra ir.

Eu conto ou vocês contam que depois a escola fica chata?

MAS É ESSENCIAL PRA UM FUTURO BOM!

Tu quer ser o que em? Que profissão? - Perguntei dando a sombrinha aberta pra ele.

— Ai tia Len, eu queria ser um policial. Pá pá pá. - Ele disse fazendo arminha com a mão.

Eu arregalei os olhos e logo mudei de assunto.

Guiamos pra creche, maior perrengue pra achar uma vaga, e por fim consegui.

Depois de meses. Amém.

Comprei o uniforme e fui levar ele pra comer alguma coisa, já que vive com fome.

****

• aperta na estrelinha •

Amor atrás das gradesOnde histórias criam vida. Descubra agora