• capitulo 42 •

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Miriã

Era duas da manhã, o postão tava vazio, só estava eu e Marcola. Rio de Janeiro resolveu fazer frio e chover justo naquela madrugada.

— Faz quantas horas que ele entrou lá? - Marcola perguntou.

Papagaio tinha entrado pra fazer os exames.

— Tu acabou de me perguntar isso, não faz nem dez minutos! - Falei negando com a cabeça.

Ele ficou calado, aquele lugar estava um silêncio, eu olhava em volta e me dava sono.

Marcola se levantou e saiu do postão. Eu fiquei ali, até acabar pegando no sono sentada mesmo. Acordei com Marcola me cutucando com um lanche na mão.

— Come! - Papagaio disse sério me entregando.

Ele sentou do meu lado e começou a mexer no celular, eu tentava olhar, mas não conseguia ver o que era.

— E sua filha? - Perguntei e na mesma hora ele me olhou.

— Ela mora com a avó e a coroa! - Marcola disse bloqueando o celular.

— Você sai ainda com a mãe dela? - Perguntei.

— Não, ela virou drogada, se enfiou no fundo do poço. Tem coisa que a gente não tem muito o que fazer! - Marcola disse.

Ficamos calados e eu encarei ele.

— Teu nome é Marcola mesmo? - Perguntei.

Ele riu pelo nariz e me encarou.

— Achei que tu não queria bater papo comigo! - Marcola disse.

Eu tava nervosa, eu precisava distrair a cabeça.

— Vai se ferrar! - Falei mordendo um grande pedaço do lanche.

Ele suspirou fundo.

— Meu nome é Marco. O cola é por que de menor eu gostava de cheirar cola, fiz maior lucro com as molecadas, a melhor cola da Rocinha. - Marcola dizia sorrindo. - Papagaio começou a me chamar de Marcola, ai ficou. - Ele disse.

Eu assenti e ele puxou o lanche da minha mão e logo seu uma mordida.

Eu comecei a dar murros nele e ele me devolveu.

— Nunca roube comida de uma grávida! - Falei pegando e dando uma enorme mordida.

Ele riu pelo nariz e começou a bolar um baseado ali do meu lado. Eu nem liguei, terminei de comer o lanche e fui jogar no lixo o papel.

*****

Eu apaguei ali no postinho mesmo, acordei com uma enfermeira me cutucando.

— Ah, oi, desculpa! - Falei me levantando e calçando meu chinelo.

— Você é mulher do seu Patrick né? - Ela perguntou e eu assenti. - Bom, o médico precisa falar com você. Me acompanhe! - A enfermeira disse.

Eu olhei pro lado e vi Marcola entrar. Eu fui seguindo a enfermeira, e entrei em uma sala, não demorou segundos e Marcola entra atrás.

— Bom, o Patrick realizou uma bateria de exames, e o resultado não foi bom... Patrick teve morte cerebral, o coração continua batendo. Iremos convocar dois médicos distintos pra avaliar os estado dele, se ambos tiverem o mesmo resultado da avaliação negativa não terá jeito! - O doutor disse.

Morte cerebral...

Eu paralisei.

— Eu posso ver ele? - Perguntei.

— No momento melhor não. Daqui seis horas os médicos iram vir, ligaremos a você qualquer coisa! - O doutor disse e eu me levantei.

Fui guiando pra fora, e logo vi o céu que estava nublado. Senti alguém me abraçar por trás e eu me afastei vendo Marcola me encarar.

— Morte cerebral! - Falei sentindo o choro na guela.

— Bora pô, te levo pra tua goma. - Marcola disse.

Eu fui andando rápido em casa enquanto ouvia Marcola falar no áudio com alguém. Eu cheguei em casa e Marcola entrou junto.

— Já me acompanhou pode ir! - Falei suspirando.

— To com uma dúvida! - Marcola disse. - Esse filho teu é meu? - Marcola perguntou.

Eu arregalei os olhos...

• aperta na estrelinha •

Se orgulhe de você! 🥰

Amor atrás das gradesOnde histórias criam vida. Descubra agora