Miriã
Dois meses depois...
Fazia dois dias que minha rotina tinha voltado ao normal. Maya tinha voltado e estava bem quieta, respondia só com a cabeça.
Eu tinha deixado ela na escola e voltei na casa dela pra arrumar lá, já que a mãe dela combinou de eu limpar lá também.
Estava uma verdadeira zona.
Como conseguem deixar chegar nesse estado?
Comecei pela cozinha que era o mais demorado. Lavei toda louça, esfreguei o chão, dei aquela geralzona na cozinha. Depois arrumei os quartos, passei pano e por fim o banheiro que tava precário também.
Eu teria vergonha de ter uma casa nesse estado.
Passei cloro em tudo. E quando terminei me joguei no sofá vendo que era quase onze horas.
Essa casa tava podre em. Meu Deus.
Fiz um ovo pra ela com salada de tomate, e esquentei o arroz e feijão.
*****
Busquei Maya e ela não veio com empolgação e nem me disse nada. Eu peguei na mão dela e fomos guiando pra casa dela.
— Como foi teu dia Maya? - Perguntei e ela abaixou a cabeça.
— Bom. - Maya respondeu baixo.
Eu olhei pra ela e ela continuava com a cabeça baixa.
Fomos pra casa dela, ela foi tomar banho e eu coloquei a comida pra gente. Ela veio toda caidinha.
— Maya. Lembra o que eu já te disse? Somos amigas, e você pode me contar tudo! - Falei e ela concordou com a cabeça.
— Eu to bem tia! - Maya disse pegando o prato e indo pra sala.
Peguei o meu prato e me sentei perto dela, comemos e ela foi escovar os dentes e fazer as lições dela.
Lavei os pratos e me sentei no sofá fechando os olhos.
Essa menina tá com algum problema!
*****
Diana
Fui até a boca aonde Juninho ficava, queria fazer uma surpresinha pra ele. Fui caminhando com aquele teste segurando na mão.
Que sensação.
Cheguei na boca e de cara já vi Papagaio e Curió.
— O que tu quer? - Papagaio perguntou.
— Cadê o Juninho? Preciso falar com ele! - Falei.
Curió olhou pra Papagaio e Papagaio continuou me encarando.
— To com cara de segurança. - Papagaio disse.
Ridículo!
— Aonde ele tá Curió? - Perguntei.
Deu pra ver que coçou a garganta do Curió pra ele falar.
Ele só apontou pra porta. Eu fui caminhando com o teste na mão e ouvindo Papagaio e Curió buxixando. Eu fui abrir a porta e estava trancada, eu bati uma, duas, três...
E quando Juninho abriu ele tava só de bermuda.
— Preciso falar contigo! - Falei sorrindo.
Ele olhou pra dentro da salinha e abriu pra passar num vão que nem dava pra ele passar.
Tem alguém ali.
Eu empurrei ele com tudo pra dentro da sala, eu encarei a menina que tava toda aberta na mesa.
— Eita! - A menina disse se cobrindo com a camiseta do Juninho.
Eu soltei o teste no chão e encarei ele.
— Volta pra goma... - Juninho disse.
Eu fiquei ali parada sentindo meu peito se rasgar e sai dali correndo até a casa de Miriã.
Eu bati tanto na porta e ninguém saiu.
Ela não quer me atender.
Eu fui descendo e vi Ellen, eu fui até ela, e ela me encarou dos pés a cabeça.
— Aonde Miriã tá? - Perguntei.
— Trabalhando! - Ellen disse e subiu.
Eu sentei num beco e fiquei ali sentindo as lágrimas cair.
• aperta na estrelinha •
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Amor atrás das grades
Ficção AdolescenteEra apenas uma visita que Miriã iria fazer para seu irmão, já que ele tinha acabado de ser transferido para o penitenciária no Rio de Janeiro. Mas não foi oque o destino quis que acontecesse...