Park Jimin
23:40 PMDuas horas.
Foi esse o tempo exato para eu me arrepender de ter deixado o bendito celular cair, e se despedaçar no chão.
Mas bem, ainda não mudei de ideia sobre ganhar um novo, não quero Jeon gastando dinheiro comigo, pretendo devolver cada centavo, mesmo que demore uma eternidade.
Porém, sem celular, fiquei no tédio o dia inteirinho! — Tirando as partes que tomava banho, e comia algo pra tentar me distrair. Não tinha James para conversar, nem uma música para ouvir. Até poderia colocar na televisão, mas por que ela tem que ser tão difícil de ligar? E onde Jeon coloca os controles remotos? Apesar de que não o julgo, são tantas televisões, que se fosse eu, perderia não só os controles como também elas.
Mexo os dedos na água morna da banheira, respirando fundo sentindo todos os meus músculos relaxarem. Só hoje deve ser o décimo banho que estou tomando, pessoa mais cheirosa que eu, não deve existir, se existe, não existe mais depois deste dia.
— honja jujeo anj-a, saeng-gagman keojyeoga, eonjebuteo neoneun naleul apeuge haessdeonga...
Inicio uma música que escrevi no meu primeiro ano na boate, quando tive minha primeira crise, e então James me aconselhou a jogar esse sentimento pra fora de alguma forma, seja meu grito de socorro, ou meu grito de esperança. E bem, eu nunca fui tão desmotivador, então criei uma música chamada “promise”, e sempre que eu estou triste, tento lembrar da frase de James junto com a canção, para que nunca esqueça de ser minha própria luz e não me faça sofrer ainda mais.
“Quando você começou a me machucar?” — É o que uma parte da letra diz. Fiz como se tivesse me referindo a um outro alguém, porém, este outro alguém continua sendo eu mesmo. Pois sem perceber, acabei me metendo em um caminho sem saída, um caminho cheio de espinhos, dores... Um caminho ruim, que apertava minha garganta em cada passo que dava. Ainda aperta, pois não me sinto totalmente livre como Jeon me fez pensar que era pra ser. Porém, apesar da letra carregar uma certa tristeza de coisas que preciso melhorar, ainda assim carrega minha motivação.
“Eu quero que você seja sua luz, baby. Você deveria ser sua luz. Então você não vai mais se machucar. Então você pode sorrir mais.” — Eu preciso ser minha própria luz, antes que me perca nessa escuridão que Kwan depositou sobre mim, preciso me encontrar em meio a tantas versões que fui obrigado a criar nesses últimos anos. Preciso ser o garoto sonhador de anos atrás.
Eu necessito.
— Ijen naege yagsoghae, oh oh, halue myeoch beonssig oh oh, honjala neukkyeodo oh oh, neol beolijineun ma oh oh…
Mesmo com os olhos fechados e marejados, continuo a cantar, sentindo uma única lágrima escorrer do meu olho esquerdo, me preparando para finalizar a canção. Todavia, um barulho me faz paralisar em um súbito. Abro os olhos, de repente, os arregalando no mesmo instante. Será que alguém está invadindo a casa de Jungkook? Ela é mesmo tão segura como aparenta ser?
Me levanto da banheira já procurando o roupão vermelho que estava no armário, vestindo-o em poucos segundos. O eco veio da sala e se fez alto devido aos cômodos tão cheios, porém incrivelmente vazios. Só não foi tão alto, por ter sido no primeiro andar. E como eu sei disso? Bem, apesar do barulho ter sido estrondoso, ainda assim veio parcialmente abafado até meus ouvidos, e nessa casa tão silenciosa, até um mísero garfo caindo afeta minha audição aguda.
— Desço ou me escondo?
Pergunto a mim mesmo, prendendo o lábio inferior nos dentes ao mesmo tempo que aperto a seda de contra meu corpo. Decido esperar por alguns minutos, tudo que escuto é um belo de um nada. Nem sequer um passo, nem mesmo o barulho de uma porta se fechando, tudo está silencioso novamente, a não ser pela minha respiração entrecortada. Criando coragem, saio do quarto, olhos atentos a cada passo que dou em direção as escadas. Quando chego na ponta da mesma, já colocando o pé no primeiro degrau, prestes a descer, vejo um Jeon caído no meio da entrada principal. Meus olhos se arregalam ainda mais e então minhas pernas criam vida própria, em segundos me levando até o homem estirado no chão, me colocando de joelhos na mesma rapidez em que desci.
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In Your Hands × jikook
Fiksi Penggemar[EM BREVE, livro físico pela Editora Violeta] Park Jimin é um garoto de vinte e um anos, que fugiu de casa aos dezoito, logo se vendo metido em um mundo de prostituição, e completamente perdido quando, da noite para o dia, fora entregue para um dos...