Capítulo 23 (Angel)

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Com toda a coragem que pude arrecadar dentro de mim, virei-me e empurrei-o. Ele se assustou e acabou descontrolando o carro na pista. Detetive Carter me olhou incrédulo, assim que conseguiu domar o carro, segurando firme o volante.

— O que é isso? Você está ficando maluca, menina?

— Você é o Sombra da Noite! — Cuspi as palavras, enquanto meu corpo se arrepiou de pavor.

Soquei o braço dele com o máximo de força que consegui, e joguei um livro na cara dele. Uma coragem que nem imaginei de onde vinha tomou conta de mim, e agradeci por isso. Esse ser odioso não me pegaria.

O carro do detetive Carter, ou melhor, do Sombra da Noite, acabou derrapando na pista, numa poça de água e rodopiou girando de lado na via. Nesse momento, o carro subiu no meio fio, batendo em um barranco, e fazendo-me bater a cabeça no painel do carro. Fumaça saiu do capô e a chuva caía intensa lá fora, assim como a raiva que se alastrava em mim. Os carros que passavam frearam e buzinaram.

Minha cabeça latejou e vi um pingo de sangue cair na minha perna, me sentindo muito zonza levantei a mão e a coloquei na minha testa para ver quão grande tinha sido meu ferimento. Quando olhei minha mão, meus dedos estavam ensanguentados. Senti o sangue escorrer pela minha face, até chegar a minha boca. O cheiro de sangue invadiu minhas narinas e senti o gosto metálico na minha língua.

Estava desesperada para sair de perto desse cretino, esse louco que tinha matado tanta gente, machucado Jason e ainda por cima matado meu pai. Meu sangue bombeava rapidamente por minhas veias e senti a adrenalina tomar conta de mim, me dando a coragem que precisava. Em questão de segundos, abri a porta do carro e tentei sair correndo pelo asfalto, mas ele me segurou pelo braço me impedindo de fugir.

— Você não entendeu! — Ele gritou, seus olhos analisando meu rosto. — Eu não...

Ele começou a falar, mas o medo em mim me mandava fugir dali o mais rápido possível. Eu chacoalhei meu braço fortemente até sua pegada afrouxar, e me livrei do seu aperto. Sua expressão era confusa ao me encarar, e talvez ele não achasse que eu descobriria seu segredo, assim tão facilmente.

"Cretino, filho de uma puta!".

Corri sem olhar para trás, e acabei derrubando meus livros na estrada, não parei para pegá-los. Só corri o mais rápido que consegui. O mais rápido que minhas pernas aguentavam. Atravessei a avenida. As luzes dos carros atrapalhavam minha visão, o sangue escorria pela minha blusa, agora já sendo lavado do meu rosto pela chuva torrencial. Um carro passou por mim, quase me atropelando e jogando a água do asfalto em mim, a buzina aos estrondos. Avistei um posto de gasolina em meio aos relâmpagos. As luzes do lugar me chamaram a atenção. Apesar de ser de manhã, por causa da tremenda tempestade, os carros e estabelecimentos tinham as luzes ligadas, pois o céu estava cinza.

Cheguei ao posto de gasolina, ofegante e minhas roupas estavam ensopadas. Entrei na área de conveniência, caminhando rápido. A mulher do caixa me encarou incrédula, assim que atravessei a porta de entrada. Ela deveria ser apenas um pouco mais velha do que eu. Seu chiclete que mascava na tentativa de fazer uma bola, parou na metade quando ela viu meu rosto e roupas. Seu cabelo loiro preso em um rabo de cavalo alto, seu alargador na orelha e seus diversos piercings espalhados por seu rosto, me chamaram a atenção.

— O que aconteceu com você, garota? — Ela pediu, parecendo realmente preocupada.

— Nada. — Olhei pela porta, tentando avistar se estava sendo seguida, pelo que pude notar, não. — Só preciso de um banheiro. — Disse, voltando a encará-la.

— Vá pelo corredor. — ela apontou para o seu lado direito. — Segunda porta à esquerda. Vá logo antes que meu chefe te veja assim, molhando todo o estabelecimento.

A Protegida (Segundo livro da trilogia Salva-me)Onde histórias criam vida. Descubra agora