Capítulo 6 (Angel)

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— Tem certeza que você vai assim? — Mia perguntou, analisando meu visual. Sua expressão horrorizada.

Estávamos no meu quarto na quinta á noite. Como eu havia prometido iríamos a um barzinho que tinha caraoquê. Eu realmente precisava me distrair um pouco, talvez Mia conseguisse me animar. Além do mais, sempre quis cantar em um caraoquê. É um desejo interno que sempre tive, e que acho que todos deveriam fazer pelo menos uma vez na vida, como pular de Bungee Jump ou se aventurar em uma tirolesa.

— Tenho. Por quê? Meu vestido de oncinha é perua demais pra ir num barzinho? — Perguntei, me olhando no espelho.

— Não, até que o vestido é bonito, mas você combinou com sapatilhas vermelhas! — Ela arregalou os olhos, olhando diretamente para meus pés. Sua expressão apavorada, me fez rir.

— Eu sei, eu sei... Eu amei! — Falei olhando para minhas sapatilhas vermelhas.

Mia sempre foi totalmente diferente de mim, no quesito gosto por roupas, e gosto por qualquer outra coisa. Enquanto eu amava combinações inusitadas e roupas de marca, Mia preferia calça jeans e camisas de flanela. Enquanto eu queria cursar Designer de moda, ela queria cursar Engenharia química. Enquanto eu só faltava me enrolar em luzinhas de pisca-pisca, Mia não gostava de chamar atenção. Uma o oposto da outra, mas nenhuma vivia sem a outra. Ela é a tampa da minha panela, por assim dizer.

A buzina soou lá fora. Jeremy iria nos dar uma carona, e praticamente havia se convidado para ir com a gente. Apesar de eu já estar me ligando que ele estava afim de mim, nada nem ninguém, iria convencer meu coração a se interessar por outra pessoa. Meu coração, ainda dançava ao ritmo Jason. E eu simplesmente odiava meu coração por isso.

Chegamos ao barzinho que ficava a meia hora da minha casa, num subúrbio retirado, porém, frequentado por gente da grana. O bar era bem chique, e apesar do nome tosco: Bar do LU, era muito limpo e bem apresentável. As garçonetes usavam roupas branquíssimas, e o ambiente era todo decorado com quadros de cantores que já faleceram, e tinha aquele toque vintage em todo o lugar. Jeremy estava usando camiseta branca justa e calça jeans, que se ajustava nos quadris, ele estava bonito e o tempo todo foi cavalheiro comigo, desde que saímos de casa. Ele até abriu a porta do carro para mim e quando chegamos à mesa puxou a cadeira pra eu me sentar. Como Mia costuma dizer: "Um verdadeiro gentleman".

Mia, no entanto, estava com suas roupas casuais, e mesmo eu ter implorado para ela usar algo meu emprestado, ela disse que estava confortável com sua calça jeans e camisa de flanela. E eu acho que é exatamente esse fato dela ser tão diferente e desligada no que os outros pensam, que me faz admirá-la tanto.

Sentamos numa mesa ao meio do bar. O lugar era pequeno e por isso dava a impressão de estar cheio, apesar de eu acreditar que não tinha mais do que trinta pessoas no local. Demorei a acostumar meus olhos às luzes que piscavam e vinham da direção do palco, onde já estavam acontecendo apresentações no caraoquê.

Uma garçonete loira nos trouxe cardápios.

— Boa noite! Bem vindos ao Bar do Lu. O que vão tomar esta noite?

Juro que a voz dela me lembrou do GPS do carro, pude imaginá-la repetindo a pergunta para todos os clientes no bar. O que foi cômico, pois ela parecia realmente meio robótica. Ela nos entregou um cardápio cada um, e respondemos em uníssono "Boa noite" para ela. Analisei meu cardápio, enquanto Mia e Jeremy faziam o mesmo.

— Vou querer um suco de abacaxi com hortelã! — Mia falou, entregando seu cardápio para a garçonete.

— Eu vou querer uma coca cola! — Jeremy disse, imitando o gesto de Mia.

A Protegida (Segundo livro da trilogia Salva-me)Onde histórias criam vida. Descubra agora